quarta-feira, 11 de agosto de 2010

8/07/2010 , às 17h47 Saúde amplia faixa etária para vacinação gratuita contra hepatite B a partir de 2011

Compra de vacinas aumenta em 163%, já que imunização passará a englobar jovens adultos de 20 a 24 anos no próximo ano e de 25 a 29 anos até 2012

Foto: Luis Oliveira/MS
Uma série de medidas para reduzir as hepatites virais no país foi apresentada nesta quarta-feira (28), o Dia Mundial do Combate a Hepatites Virais, em Brasília. Em 2011, o Ministério da Saúde vai ampliar em 163% o quantitativo de vacinas compradas para a hepatite B. Se hoje a faixa etária que recebe a vacina vai de zero a 19 anos, com a mudança, jovens e adultos de 20 a 24 anos também poderão se imunizar a partir do próximo ano. E na faixa dos 25 a 29 anos, a partir de 2012.

Para aumentar a oferta de vacinas, nesta primeira etapa serão adquiridas 54 milhões de doses a mais para hepatite B, do que no ano anterior. O quantitativo perfaz um total de 87 milhões de doses a serem utilizadas em 2011.

Para redução da transmissão vertical do vírus da hepatite B, até 2011 também será intensificada a oferta de triagem sorológica a todas as gestantes que fazem o pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS) e todos os recém-nascidos de mães portadoras da doença receberão profilaxia – vacina e imunoglobulinas.

“Esta data é um momento de mobilização, reflexão, disseminação de informação entre a sociedade, pesquisadores, profissionais de saúde que lidam com esta questão, e do Estado, evidentemente. Os números de casos confirmados de hepatites no Brasil apontam a necessidade de que intensifiquemos ações”, ressaltou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, presente no evento. “E o governo federal vem investindo. No ano passado, o Sistema Único de Saúde realizou mais de 9 milhões de testes para hepatites virais”.

Com o intuito de fortalecer a sociedade civil organizada em relação às hepatites virais, o Ministério, em parceria com a Unesco, também lançou um edital para a realização de ações de enfrentamento das hepatites. A medida visa melhorar a articulação do setor com os serviços do SUS, estimular o diagnóstico precoce e promover mobilizações comunitárias.

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais apresentou, pela primeira vez, um documento com os principais números das hepatites virais no país. As medidas anunciadas marcaram o dia de luta contra as hepatites, conforme resolução apresentada pelo Brasil na Assembleia da Organização Mundial de Saúde (OMS), em maio de 2010.

NÚMEROS ATUALIZADOS – No país, dados do Ministério da Saúde revelam que de 1999 a 2009 o total de casos confirmados de hepatite B é 96.044. Mais de 50% dos casos se concentram entre indivíduos de 20 e 39 anos e cerca de 90% são agudos.

“Neste terceiro trimestre de 2010, 8 mil pacientes estarão em tratamento pelo SUS para hepatite B e 10 mil para hepatite C”, afirmou o ministro. “Já neste ano, o Ministério da Saúde estará investindo apenas em medicamentos para o tratamento das hepatites B e C um total R$ 234 milhões”.
Foto: Luis Oliveira/MS
A vacina para hepatite B passou a ser oferecida pelo SUS, a partir da década de 1990. A vacinação começou no Norte do país e o quantitativo oferecido foi aumentando gradativamente, conforme levantamento de áreas endêmicas e populações mais vulneráveis. Ela é oferecida em três doses, tanto para criança, quanto para adolescentes. Uma vez imunizado contra hepatite B, o paciente também está protegido de ser infectado pelo vírus D.

A transmissão da hepatite B se dá principalmente por meio de relações sexuais, acidentes com instrumentos contaminados por sangue ou pela gravidez, quando a mãe está infectada.

Em relação à hepatite C, o total de casos confirmados de 1999 a 2009 é de 60.908. Muitas vezes o paciente descobre quando vai doar sangue. Em geral, são pessoas que fizeram transfusão até a década de 80 ou indivíduos que compartilharam seringas.

A hepatite C pode ser uma doença silenciosa porque os sintomas surgem depois de muito tempo que o vírus se instalou no organismo. Em geral, a maioria dos casos da hepatite C é descoberta acima dos 30 anos. Os dados alertam para a importância do diagnóstico precoce, pois, quanto mais tarde, maiores são as consequências. Cerca de 70% das hepatites C cronificam.

PERFIL REGIONAL – As maiores taxas de detecção da hepatite B, no período de 1999 a 2009, são observadas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. E, no caso da hepatite C, as maiores taxas de detecção estão na região Sudeste e Sul.

Dados do Ministério da Saúde demonstram que a quantidade de exames oferecidos quase triplicaram nos últimos cinco anos. Em 2009, foram feitos 9,22 milhões de unidades para diagnósticos de todas as hepatites. Em 2004, haviam sido 3,59 milhões de testes. O Brasil oferece diversos tipos de exames para o indivíduo que suspeita ter a doença. Para isso, basta ir a uma Unidade de Saúde ou um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).

HEPATITE A – A hepatite A atingiu cerca de 124.687 indivíduos, entre 1999 e 2009, sendo a maioria homens. Mais de 50% dos casos confirmados estão na região Norte e Nordeste. Com o perfil diferente, ela é mais frequente entre crianças abaixo de 5 anos e sua transmissão está ligada à água, alimentos e mãos contaminadas.

Na maioria dos casos de hepatite A, o indivíduo recupera-se totalmente, eliminando o vírus do organismo. A insuficiência hepática aguda grave ocorre em menos de 1% dos casos.

MEDICAMENTOS

- Desde 2005, quando se iniciou o processo de centralização de compras, já foram investidos quase R$ 800 milhões.

- O gasto médio com medicamento da hepatite C pode variar de R$ 1.562,00 a R$ 18.441,00 por tratamento/paciente e o da hepatite B varia entre R$ 1.890,00 a R$ 5.859,00 por tratamento/paciente.

- Em 2009, um novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o tratamento da hepatite crônica B e coinfecções incluiu novos medicamentos, o tenofovir, o entecavir e o adefovir, que junto com o interferon e a ribavirina passaram a ser disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

- Em 2010, foram comprados, mais de 890 mil frascos de medicamentos para as hepatites B e C, perfazendo um total de cerca de R$ 234 milhões.
- No momento, o protocolo clínico da hepatite C está em revisão.

Obs.: Como no tipo A a doença remete naturalmente, não houve gastos com medicamentos específicos.

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