Opinião: Educação é o grande desafio para os próximos governantes eleitos
Ensino no país é algo que deixa muito a desejar.
Escola, pública ou privada, deve ser estimada pela família.
Ana Cássia Maturano
Especial para o G1, em São Paulo
Estamos vivendo um momento de mudança com as eleições. Ou assim deveria ser. Promessas daqui, projetos dali, algo que não escapa aos diversos políticos é dizer que uma de suas prioridades é a educação, acompanhada da saúde.
Apesar de todo o falatório, com poucas exceções, a educação pública de nível fundamental e médio em nosso país é algo que deixa muito a desejar. Os alunos que saem dessas instituições costumam ter nível inferior de conhecimento em relação àqueles que fazem um ensino pago. É uma pena.
Com tantas escolas públicas, aqueles que querem oferecer educação formal com um mínimo de qualidade colocam seus filhos em escolas pagas – uma das coisas mais caras no orçamento da família. Sendo que não é uma opção, mas uma falta dela.
Esse é um grande desafio para nossos governantes. Um desafio que deve ter em mente a importância do estudo para um povo, para que ele se torne questionador, lutador e transformador. Pena que não é assim que o estudo é visto, mas sim como uma ameaça – um povo pensante é aquele que não vai engolir qualquer coisa que lhe dão e nem aceitar qualquer um que queira representá-lo. É aquele que vai escolher as coisas sabendo delas, estando consciente.
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Enquanto isso, o ensino público vai mal das pernas. A visão que as pessoas têm dele é bastante negativa. Muitos pais ameaçam de mudar seus filhos para uma escola pública caso não correspondam positivamente ao ensino da particular. Ela virou castigo.
As mensalidades altas de algumas escolas fazem disso um fardo para as famílias: para os pais que as têm que pagar e para os filhos que têm que fazer valer o investimento. Sendo que nem sempre as mais caras são as indicadas para aquela criança ou oferecem o melhor ensino. Ou muito menos é compatível com o bolso dos que pagam.
As instituições públicas têm valor, formam muitas pessoas. Entre as tantas que existem, encontram-se aquelas de melhor qualidade. Diante das reviravoltas da vida, nem sempre resta outra alternativa senão colocar o filho numa delas. Não por castigo (por isso devemos ter cuidado como nos referimos a elas), mas porque no momento é o melhor que a família pode fazer em termos de educação para aquela criança.
Valor da família
A escola, seja ela qual for, não deve nunca ser punição para qualquer coisa que a criança faça. Ela tem um valor em si: o de promover o crescimento e o desenvolvimento de uma pessoa. Só por isso ela já deve ser muito valorizada. E mesmo que não seja a melhor do mundo, paga ou pública, a instituição deve ser estimada pela família.
Às vezes, as coisas tomam um rumo diferente. A escola que o aluno está não o acompanha – ele vai além. Há muitas crianças assim, inclusive na rede pública. Caso a criança não tenha um esforço próprio, dificilmente aprender será algo atrativo. Hora de mudança e de talvez procurar um meio de levar o filho para uma escola de melhor qualidade, ou quem sabe até para uma escola particular.
Algumas instituições particulares chegam a oferecer bolsas para alunos de destaque ou algum desconto compatível com a realidade da família.
Esse é um fator importante: qual a realidade financeira da família? Ela não deve ser tão cara que venha a atrapalhar o aluno e seu aprendizado, pelo peso que pode vir a ser; e muito menos gratuita como modo de punir a criança. A escola para uma criança deve ser aquela que no momento é possível para todos.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
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