O maior investimento do mundo...: "
Num tempo como o nosso em que se terceiriza de tudo, mesmo a educação dos filhos tem sido atribuída a outras pessoas. O trabalho e a necessidade de dinheiro, sempre mais e mais para pagar por todos os luxos e confortos que pensamos querer, tem obrigado pais e mães a deixar suas crianças sob a guarda de avós, tios ou mesmo de babás e empregadas domésticas. Ter filhos é fácil, criar é difícil e, ainda que as obrigações profissionais sirvam de justificativa para esta distância maior que prevalece na relação familiar, é imprescindível a presença e orientação dos pais.
Uma das formas de terceirizar passa, também, pela escola, da qual se espera que além de conteúdos e saberes específicos, se ensine ética, valores, comportamentos e se forje o caráter das crianças e adolescentes. Não que a escola esteja fora deste trabalho, pelo contrário, ela também auxilia e está comprometida com esta responsabilidade, mas como dizem especialistas de renome internacional, como o espanhol César Coll, o foco maior da educação escolar é o acesso ao conhecimento científico, ao saber elaborado, as artes e demais manifestações desenvolvidas pela humanidade, entre as quais, certamente, também, aquelas de caráter social.
O que não pode deixar de ser entendido socialmente é que, no entanto, compete a família as orientações maiores relacionadas ao convívio, ao intercâmbio, a troca, aos relacionamentos, aos valores...
O exemplo e a presença dos pais é decisiva para definir comportamentos e orientar as ações futuras dos filhos. Aprende-se de tudo a partir deste convívio ou mesmo da ausência ou distância percebida em tantos casos. O próprio vácuo criado quando os pais têm pouco ou nenhum tempo para seus filhos, atribuindo esta realização a outrem é significativo para entender ou explicar comportamentos e ações dos filhos...
Mesmo quando aqueles que acompanham e educam os filhos no espaço doméstico são os avós, por exemplo, com todo o carinho e experiência que possuem, a lacuna fica e os rápidos encontros com os pais são marcantes para as crianças e adolescentes.
Como disse, neste relacionamento, aprende-se de tudo, desde a postura pessoal até a forma de se comunicar com os outros (por palavras, gestos, com o corpo), da forma como vemos o outro e nos disponibilizamos para o mundo até o humor que temos no dia a dia, se somos altruístas ou egoístas, se valorizamos atividades ao ar livre ou aquelas que ocorrem em ambientes fechados, se comemos de tudo ou se nossa alimentação é restrita, se lemos e curtimos cultura ou não...
É certo que não é possível abdicar dos compromissos profissionais, da agenda louca dos dias de hoje, da correria desenfreada que nos faz passar mais tempo na rua com colegas de trabalho que com a família, porém as horas tem que ser melhor trabalhadas e uma reavaliação periódica é sempre muito necessária para sabermos se estamos vivendo o que precisamos viver. A formação dos filhos, por exemplo, faz parte de nossa pauta, das prioridades que temos?
E não adianta dizer que toda esta trabalheira é para dar a estes filhos o melhor que o mundo oferece. As benesses materiais podem iludir as crianças e também aos pais, mas não substituem a presença, o carinho, a proteção e a educação que devem compor o relacionamento entre pais e filhos.
Além do que, certamente que as responsabilidades da criação de um filho são muitas e exigem tanto de cada um dos pais, porém não podemos deixar de lembrar que no final do arco-íris há o pote de ouro, ou seja, que tudo isso é valiosíssimo, que nossos filhos são nosso maior tesouro, que nas derrotas ou vitórias, estar ao lado deles significa muito, que não há segunda chance para se viver tais momentos ao lado deles... Um dia eles crescem, vão embora, tocam suas vidas e de vez em quando (ou não!) passam por sua casa para uma visitinha...
Invista na bolsa de valores, na sua empresa, faça o melhor em seu trabalho, prospere pois isto não é pecado, mas os maiores esforços e investimentos que tem a fazer nesta sua vida são aqueles relacionados as suas maiores riquezas: seus filhos.
Por João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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