Durma ao relento. Busque comida em latas de lixo. Seja ofendido pelas pessoas que passam pelas ruas. Leve algumas cassetadas de policiais. Tenha medo. Descubra na prática o significado da palavra indiferença. Sinta frio. Cheire cola. Use crack. Seja explorado sexualmente. Trabalhe como um escravo. Estas são apenas algumas das experiências as quais são submetidas diariamente inúmeras crianças de rua. A lista é, certamente, maior que esta. O que percebemos é apenas o que aparece mais, o que é mais visível aos olhos de todos, o que a sociedade, por vezes, se permite ver...
É inaceitável que tenhamos sequer uma criança perdida nas ruas de nossas cidades. E este drama cotidiano não atinge poucas crianças e adolescentes, são ainda inúmeros, na casa dos milhares, os pequenos que perambulam pelos cantos de metrópoles, médias e até pequenas cidades. Escondem-se, agem na surdina, são como animais e não seres humanos.
A indiferença é o pior dos sentimentos. Fechar os olhos para o drama cotidiano dos meninos de rua é um dos maiores crimes lesa humanidade que conheço. Não podemos ficar de braços cruzados, temos que articular ações para que esta horrenda situação seja superada. Para isso é preciso sensibilizar, tocar as pessoas, fazê-las perceber que é possível e necessário agir. Temos que fazer a nossa parte!
Por João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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