QUE 2012 VENHA COBERTO DE BÊNÇÃOS!:
sábado, 31 de dezembro de 2011
QUE 2012 VENHA COBERTO DE BÊNÇÃOS!
QUE 2012 VENHA COBERTO DE BÊNÇÃOS!:
Viviane Senna: “A gente trouxe a larga escala para o 3º setor"
Viviane Senna: “A gente trouxe a larga escala para o 3º setor":
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
Há 17 anos à frente do instituto que leva o nome do irmão, terapeuta diz que melhora na educação é pequena perto da necessidadeA voz pausada e tranquila, típica da terapeuta que é, contrasta com as palavras duras e urgentes que Viviane Senna usa para falar da área em que atua há 17 anos. A educação no Brasil é para ela o principal motivo de indignação desde março de 1994, quando o irmão, o piloto Ayrton Senna, a procurou dois meses antes do acidente fatal e pediu que pensasse em uma forma de ajudar o País.
Ela não conhecia a rotina escolar, mas partiu de um levantamento do que era mais necessário e concluiu que devia concentrar esforços na educação de jovens e crianças. “Infelizmente não deu tempo de eu responder ao Ayrton, mas a família resolveu levar a ideia adiante.” Em novembro do mesmo ano nasceu o Instituto Ayrton Senna.
Veja também: Retrospectiva 2011 - O ano do poder das mulheres
Há 17 anos na presidência da organização, Viviane não é modesta ao enumerar as conquistas. “A gente trouxe para o terceiro setor a visão de larga escala, que não existia até então”, diz, ao mesmo tempo em que mantém a aflição de quem tem um grande problema a superar. “Ainda é um quadro muito grave.”
Leia a seguir depoimento ao iG sobre os principais pontos de sua carreira e da visão que tem sobre a preponderância de mulheres a frente das instituições em prol da educação:
História pessoal
Na verdade eu sou terapeuta, sou psicóloga. Trabalhei durante quase 20 anos na área. Quando o Ayrton veio conversar comigo sobre fazer alguma coisa para ajudar foi por causa disso, da minha experiência no campo de ajuda. Ele me disse para pensar e planejar alguma coisa para ser feito. Infelizmente não deu tempo, ele sofreu o acidente dois meses depois. Então, a gente como família decidiu levar adiante essa ideia e eu fui estudar o que seria mais importante e estratégico para o País. Continuei com consultório durante mais dois anos, pretendia conciliar, mas depois abri mão porque eram dois níveis de exigência muito altos. Os pacientes eu podia encaminhar, o instituto, não.
Criação do Instituto
A primeira coisa foi a definição do público: criança e jovem. Por mais que todos importem e tenha muito o que fazer em qualquer faixa de idade, esta é a mais importante porque o investimento rende para toda a vida. Vai trazer frutos para o Brasil ao longo de 50, 70 anos. A segunda foi o que fazer para esta faixa etária e foi escolhido educação, de novo porque é a escolha mais estratégica frente a todas as outras. O retorno é superior ao de saúde, infraestrutura, habitação ou qualquer outra área. Por isso, mesmo tendo origem na área da saúde, o que me guiou foi o que era melhor para o País. Hoje atendemos 2 milhões de crianças por ano em parceria com o sistema público, estamos em todos os Estados e em um quinto dos municípios brasileiros.
Maior contribuição
Vir de outra área é bastante benéfico porque você traz uma experiência e uma visão não viciada. A gente trouxe para o terceiro setor uma visão de larga escala que não existia. Você ia lá criava uma ONG, atendia 300, 500 crianças, coisas que são bastante pontuais e que têm muito mérito, porém do ponto de vista do desafio que o País tem, não dão conta. O problema em relação à infância e à juventude é genérico. Quem não está incluído não é meia dúzia, são os 99,9%. Não adianta vir com estratégia de varejo para enfrentar problema de atacado, não fecha a conta. Logo que começamos, a gente apoiava uma ONG aqui, outra lá e comecei a ficar muito aflita. As pessoas achavam que era um problema do governo ou de Deus e que fazer uma parte já estava bom. Era como criar um monte de ilhas no meio do mar.
Precisava de um alcance maior. Descobri que a melhor maneira de trabalhar em larga escala sem ser governo era usando um modelo que eu vi na psicologia. Freud e Young eram terapeutas famosos que atenderam durante suas vidas, 10, 20, 30 dúzias de pacientes, mas eles criaram um modelo, uma escola de pensamento que, esta sim, é capaz de atender milhões, no mundo inteiro. Para pegar ainda outro exemplo na área da saúde, você tem um vírus que está atacando a população, pode tratar uma pessoa ou criar uma vacina que pode distribuir em qualquer lugar do mundo. Esse tipo de estratégia era a saída. Foi assim que transformei o instituto em um laboratório ou centro gerador de conhecimento capaz de desenvolver metodologias e fórmulas que são capazes de ter altíssima eficiência em larga escala.
Educação atualmente
Existe uma melhora na questão da desigualdade por conta dos quase 40 milhões de pessoas saindo da classe D e E e indo para a Classe C, mas ainda é um quadro muito grave. Porque como ele era muito, muito sério, a despeito de ter melhorado, nós ainda somos o mais desigual dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A Educação nunca foi priorizada durante os 500 anos de história, fomos um dos últimos países a abolir a escravidão e também a instalar um sistemas de educação massivos, que veio só há 20 anos. A gente começou a compreender agora que há muito a fazer pela formação das crianças. De cada 10 que saem do ensino médio, só 2 sabem português direito e 1, matemática. Falta muito.
Mulheres e instituições ligadas à educação
Historicamente educação é um campo que tem uma presença feminina muito grande, então certamente a educação acaba tendo a ver com a mulher porque a gente tem uma preponderância maior. Mas não acho que seja algo exclusivo ou deva ser. Acho que a mulher tem um perfil natural, pelo lado materno, de propensão a desenvolver um ser. É natural que isso acabe levando ela às profissões que envolvam este tipo de vínculo, em prol do desenvolvimento do outro, mas pode ser em educação, saúde ou outra área. Tenho três filhos, de 32, 28 e 25 anos. Eles acompanham e ajudam a fundação, mas acho que meu lado profissional foi a base que direcionou minha carreira para educação e não o fato de ser mulher.
Priscila Cruz: “Temos que dar a devida urgência à Educação”
Muito legal!!
Priscila Cruz: “Temos que dar a devida urgência à Educação”:
Marina Morena Costa, iG São Paulo
À frente do Todos pela Educação, administradora articula para que melhorias no sistema de ensino aconteçam mais rápidoAos 25 anos, Priscila Cruz tinha a vida profissional praticamente traçada. Formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), trabalhava em uma das maiores empresas de consultoria estratégica do mundo. Com uma boa remuneração, seu próximo passo seria assumir um cargo de direção no escritório de Nova York. Mas algo a incomodava.
Ao receber o convite para trabalhar no Comitê do Ano Internacional do Voluntário no Brasil, em 2011, pediu uma licença de seis meses do emprego para viver uma experiência no terceiro setor. O trabalho ao lado de Milú Villela – presidenta do Museu de Arte Moderna (MAM), acionista do banco Itaú e mãe de um colega de faculdade – recebeu destaque na Organização das Nações Unidas (ONU). E a vontade de trabalhar em algo que acreditasse falou mais alto.
Veja também: Retrospectiva 2011, o ano do poder das mulheres
No ano seguinte, foi uma das criadoras do Instituto Faça Parte, ONG que incentiva projetos de voluntariado desenvolvidos por estudantes e conectados com proposta pedagógica. Mas ainda havia um ponto que a incomodava: o buraco era bem mais embaixo. Projetos de alunos de 14 anos chegavam ininteligíveis. “O que adianta ter um superdesenvolvimento social e emocional, se você não sabe se expressar na sua língua?”
Da vontade de impactar diretamente na melhoria da qualidade da educação, nasceu em 2005 o Todos pela Educação, movimento da sociedade civil que Priscila dirige desde então. Ela define o Todos como um “óleo nas engrenagens”, um articulador, que procura diminuir as tensões entre os agentes da educação – sindicatos, pesquisadores, acadêmicos e os poderes executivo, judiciário e legislativo – para que as peças girem de forma mais suave e mais rápida.
E é de rapidez e prioridade que carece a educação, na avaliação de Priscila. “Precisamos dar urgência à Educação. As crianças que estão hoje na escola não vão ficar lá para sempre. Cada ano de espera é um ano perdido.”
Aos 37 anos, mãe de duas meninas, uma com 1 ano e 9 meses e outra de 3 anos, ela gostaria de colocá-las em uma escola pública de qualidade. Mas acredita que o foco do País deve ser dar mais para quem tem menos. Sobre o trabalho que desenvolve e as angústias em relação à educação no Brasil, Priscilla conversou com o iG na sede da organização. Leia trechos do depoimento:
Mudança de planos
Em 2001, o terceiro setor não era organizado como é hoje. Era uma loucura uma menina que fez FGV e São Francisco ir trabalhar com isso. Reduzi meu salário, mudei a perspectiva da minha carreira, porque decidi trabalhar com o que eu gosto, numa época que ninguém fazia isso.
Terceiro setor
Costumo dizer que trabalhamos mais do que em empresa. A equipe tem que ser muito enxuta, porque todo o financiamento que recebemos tem que ser colocado o máximo no projeto final e o mínimo na estrutura fixa. Somos em nove pessoas e acabamos trabalhando mais, porém muito mais feliz. A gente sabe que algumas crianças vão aprender mais, por causa do que estamos fazendo aqui.
Todos pela Educação
O Todos tem cinco metas e cinco bandeiras*. Para que elas sejam atingidas e melhor implementadas, dependemos dos Estados, municípios e da União. Sinto que as pessoas concordam com a importância desses objetivos, mas que ninguém mergulha e vai até as últimas consequências para implantá-los de forma obcecada. Então o Todos atua como um óleo nas engrenagens. A gente faz com que as entidades nos usem para estreitar relações umas com as outras e fazer com que a engrenagem gire de forma mais suave e mais rápida. Somos neutros, porque defendemos o aluno e só ele. Para nós o que importa é que ele aprenda, passe de ano, conclua o ensino médio e entre na faculdade.
Currículo nacional
Temos a necessidade urgente de ter um currículo nacional. É muito injusto ter o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e estabelecer metas para todas as redes e escolas sem dizer o que elas têm que fazer para melhorar. Metade do Ideb é a Prova Brasil e essa avaliação é uma caixa preta. Se eu não souber que aprendizagem é essa, fica tudo no discurso e não cai no concreto. E a educação acontece no concreto, na sala de aula, na relação do professor com o aluno.
Formação e valorização do professor
As faculdades de formação de professores ficam muito nas teorias. O professor sai da faculdade sem ter ideia do que é uma sala de aula e sem ter técnica. Nos países que estão no topo do Pisa (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), a prática, a didática, o como dar aula é tão valorizado quanto a teoria, a sociologia da educação. Há uma resistência muito grande da academia em mudar os currículos.
A tarefa de ensinar é muito complexa. Por isso a profissão do professor deveria ser das mais valorizadas e a preparação para ela deveria ser muito mais rigorosa e técnica. Não é uma questão de amor. Fazer 30 alunos com perfis diferentes e com históricos familiares diversos aprenderem é difícil. Nenhum médico sai da faculdade e já vai fazer uma cirurgia no coração. Já o professor cai de paraquedas na sala de aula.
Trabalho x filhos
Tenho duas filhas, a Mariana, de 1 ano e 9 meses, e Maria Fernanda, de 3 anos. O bom é que a maternidade disciplina. Quando você não tem filhos, parece que o céu é o limite. Já sai daqui várias vezes às 22h, 23h. Mas agora eu me disciplino para às 19h me ‘pirulitar’ e chegar em casa a tempo de encontrá-las acordadas. Gosto de colocá-las na cama, contar historinha e elas dormem por volta das 21h. Nós mulheres somos super agilizadas, queremos dar conta de tudo, achamos que somos supermulheres e na verdade não somos.
A urgência da Educação
Quando a gente vê uma criança ferida, não ficamos pensando “ai, coitadinha”. A gente pega e leva direto ao hospital. Com a educação não damos essa urgência. A gente fica no debate, discute-se muito, passam-se os anos e nada. A gente está com o PNE um ano inteiro no Congresso, sem o direcionamento para as políticas públicas dos próximos 10, não sabemos quando vai ser aprovado e ninguém está desesperado. Temos que assumir compromissos. Por isso defendemos a criação de uma lei de responsabilidade educacional. Se os resultados não são alcançados, ninguém é punido. O único punido no Brasil é o aluno.
* Metas e bandeiras do Todos pela Educação
Meta 1: Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2: Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos
Meta 3: Todo aluno com aprendizado adequado à sua série
Meta 4: Todo jovem com Ensino Médio concluído até os 19 anos
Meta 5: Investimento em Educação ampliado e bem gerido
Bandeira 1: Formação e carreira do professor
Bandeira 2: Definição das expectativas de aprendizagem
Bandeira 3: Uso relevante das avaliações externas na gestão educacional
Bandeira 4: Aperfeiçoamento da gestão e da governança da Educação
Bandeira 5: Ampliação da exposição dos alunos à aprendizagem
Para Wanda Engel, o diferencial feminino é o “poder de síntese”
Para Wanda Engel, o diferencial feminino é o “poder de síntese”:
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
Superintendente do Instituto Unibanco diz que papéis múltiplos da mulher ajudam a lidar com situações complexasA lista de cargos e conquistas de Wanda Engel é muito mais longa do que deixa transparecer a postura de educadora que mantém. Foi secretária, ministra, representante do Brasil em reuniões da Organização das Nações Unidas, funcionária do Banco Interamericano de Desenvolvimento e implementou políticas públicas que lhe renderam uma dezena de títulos em diferentes Estados e cidades do País.
Atualmente é superintendente-executiva do Instituto Unibanco e se prepara para assumir um papel no Conselho Internacional de Liderança Feminina, a convite da secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Fez isso tudo nos últimas 20 anos, junto com o doutorado na França e a criação de três filhos. Antes, acumulou duas décadas de experiência em sala de aula, do ensino fundamental ao superior e fundou uma ONG experimental.
Veja também: Retrospectiva 2011 - O ano do poder das mulheres
A receita? “Poder de síntese”, diz ela. “A mulher quando chega a um ponto, vem com uma experiência de vida que dá capacidade de lidar com a complexidade, de equacionar e de chegar ao simples e realizar.”
Em depoimento ao iG, ela diz que sua carreira foi decidida aos 11 anos, conta como houve tempos muito difíceis e atribui seu sucesso à educação. Veja os principais pontos:
Da sala de aula para o gabinete
Fui professora de primário, ensino médio e universidade sempre na rede pública do Rio de Janeiro. Chegou um momento da minha vida em que fui quase instada a desenvolver alguma coisa fora do governo e aí criei uma ONG no Rio, chamava Roda Viva e era voltada para a questão do jovem em situação de vulnerabilidade: o menino de rua. Essa experiência acabou me levando para o grupo que formulou o Estatuto da Criança e do Adolescente e fiz parte do primeiro Conanda (Conselho Nacional em Defesa da Criança e do Adolescente). Foi quando houve a Chacina da Candelária (1993) e os governos estadual e municipal do Rio foram condenados a ter políticas públicas para essa população. Então o prefeito (Cesar Maia), no qual eu não tinha sequer votado, me convidou para ser a secretária de desenvolvimento social da cidade.
Tive que pensar em uma política que não fosse só uma colcha de retalhos de programas como na ONG, mas que tivesse metas, proposta de cobertura e de integração. Foi marcante. Fiquei cinco anos neste cargo e tinha uma ação muito conjunta com a dona Ruth (Cardoso, então primeira dama). Possivelmente por influência dela, o presidente (Fernando Henrique Cardoso) me convidou para ser ministra de Assistência Social. Na prefeitura me sentia responsável por toda a população de rua. Eu olhava um menino e falava: ah, este é minha responsabilidade. Mas o governo federal me deu a possibilidade de pensar uma política pública nacional. Foi a época em que estava começando a ser implantada a lei orgânica social, um desafio muito maior.
Conjugação dos papéis
Quando veio a ideia de lançar a ONG foi preciso só poder de convencimento. Inicialmente, eu não pagava salário para ninguém. Eu tinha 40 anos e conjugava isso com as aulas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Tudo funcionava lá, muitos alunos eram voluntários. Tudo isso com três filhos pequenos. O menor tinha 10 anos, quando comecei. O mestrado também fiz pouco antes, quando o caçula tinha 7 anos. Então, administrar trabalho, progressão acadêmica e família faz parte.
A mulher, quando chega a um ponto na sua carreira, ela vem com experiência da vida. Muita gente me pergunta, como é que você consegue fazer tudo isso? Eu, de brincadeira, respondo: poder de síntese. São coisas que este perfil multifacetado da mulher te dá. A mulher tem que ser a melhor mãe, melhor mulher, melhor amante, melhor profissional, melhor cidadã, melhor tudo ou pelo menos atuar em todas estas linhas. Isso vai dando uma capacidade de lidar com a complexidade, de tentar equacionar, de chegar ao simples e realizar.
Mulheres na educação
Definiu-se a minha carreira como professora quando eu tinha 11 anos. À época a possibilidade de uma família pobre colocar uma filha em uma boa escola se chamava Instituto de Educação, que era um curso de formação de professores que você entrava com essa idade. De lá a maioria ia para ciências humanas porque toda a formação acabava desenvolvendo esta área. Não saíam dali grandes matemáticas, mas grandes humanistas. E assim era em outros Estados também. A minha geração vem dessa formação em que a carreira do Magistério era a mais desejada: ganhava-se bem, você acabava o curso já empregada e era para as melhores, porque para entrar você fazia uma prova que tinha 6 mil candidatos para 90 vagas. Também possibilitava um pouco mais a conjugação de mãe e profissional porque tinha férias duas vezes por ano. Hoje, nas fundações você tem pessoas de outras origens, principalmente entre os mais jovens.
O foco no ensino médio
Antigamente, o trabalho social era na base da filantropia. Até as empresas que trabalhavam não queriam nem divulgar. Depois, na década de 80, a ideia era a do direito civil, social, etc. e da cidadania com direitos e responsabilidades. A evolução disso é a ideia do investimento social como um dos tripés da sustentabilidade. Você tem que produzir porque o País precisa se desenvolver economicamente, esta produção não pode acabar com o meio ambiente para garantir recursos futuros e você tem que pensar nas questões sociais para ter uma sociedade neste futuro. Se não aumentar a coesão social, não tem sociedade para ninguém.
Uma vez decidido investir no social você tem que pensar no investimento com retorno. Não o de curto prazo, de quem forma o profissional para ele trabalhar na empresa, mas a formação para haver sociedade. Para isso, tenho que buscar os pontos mais nevrálgicos, por isso que a gente escolheu o ensino médio. É ali que mora o problema. Este é o ponto básico para inserção das novas gerações e, se não inserirmos, estamos todos ferrados. Depois, a gente escolheu o desafio de conceber algo, experimentar e transferir para o Estado fazer. A gente testa por três anos e diz para o governo: isso funciona. É experimentar algo e passar para quem é o responsável pelo problema, o Estado.
Vida pessoal
Eu perdi um filho, o menor morreu aos 30 anos de um ataque do coração. A mais velha hoje tem 41 anos e a do meio, 40. Ele estaria com 37 anos. Tenho cinco netos. Minha família teve ascensão social devido à educação. Nem meu pai, nem minha mãe estudaram, foram só até a 4ª série, o que era normal na época. Meu pai, como era alemão, fazia assistência técnica para empresas que usavam máquinas importadas e tínhamos um padrão de classe média baixa: a gente morava de aluguel, mas as coisas iam razoavelmente bem. Aí ele teve diabetes e tuberculose e parou de trabalhar. Ficou com pensão de um salário mínimo, para o sustento de uma família de quatro: eu, minha mãe, minha irmã e ele, o que dava em pobreza absoluta.
Minha mãe foi procurar emprego. Devido à escolaridade, foi atendente de escola. Fez supletivo de todos os graus, chegou a terminar o ensino médio e teve uma progressão na vida, foi chefe de serviço. Quando eu e minha irmã nos formamos, a coisa melhorou. Meu marido também era filho de imigrantes libaneses e a gente começou sem nenhuma herança, para não dizer dívidas. Ou seja, minha alavanca de ascensão social foi a educação. Hoje estamos bem. A educação serviu pra mim e eu quero que sirva para um número maior de pessoas.
Cultura passada de pai para filho é responsável por analfabetismo
Cultura passada de pai para filho é responsável por analfabetismo:
Priscilla Borges, iG Brasília
Estudo da USP dá vida a estatísticas oficiais: maioria dos analfabetos é idosa e cresceu no campo. Os filhos, porém, estudamHildo Moreira conhece as letras, mas tem muita dificuldade em compreender quando elas se tornam palavras. Apesar dos 46 anos de vida, até hoje a escola não foi um lugar em que se sentisse à vontade e conseguisse mantê-lo firme no propósito de aprender. Hildo lembra-se de ter completado apenas a 1 ª série do ensino fundamental, justamente a que as crianças começam a ler e a escrever.
Aos 46 anos, Hildo reconhece a placa do ônibus que o leva para casa, mas não consegue ler o jornal
Foto: Fellipe Brayan Sampaio
Desde então, as tentativas de continuar os estudos fracassaram. Por diferentes motivos. A falta de estímulo para estudar se misturaram ao desinteresse, à prioridade dada ao trabalho, à ausência de informações sobre os colégios. Hildo faz parte de uma triste estatística: a do analfabetismo. Os dados do Censo de 2010 (os mais recentes disponíveis) mostram que 9,6% da população brasileira – um total de 13,9 milhões de brasileiros com mais de 15 anos – não sabem ler ou escrever.Um estudo realizado recentemente na Universidade de São Paulo (USP) dá vida aos números apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como o perfil da maioria dos analfabetos do País. Ele mostra que a história de exclusão educacional dessas pessoas ainda na infância está ligada ao lugar onde a maioria morava: o campo. Não só o acesso às escolas dificultou a alfabetização, como também a cultura passada de pai para filho.
Vanessa Pupo, que realizou a pesquisa com 483 adultos matriculados em turmas de alfabetização de adultos na cidade de Piracicaba, conta que 70% deles cresceram em áreas rurais. Os pais deles também deixaram de ser alfabetizados. De acordo com os entrevistados pela pesquisadora, o trabalho na roça era visto como mais importante que o estudo. Por isso, o abandono escolar fazia parte da rotina das pessoas.
A vida posterior na cidade, no entanto, os impediu de reproduzir o pensamento dos pais: os filhos dos entrevistados não fazem parte das estatísticas do analfabetismo. “O estudo mostrou que as exigências do mundo do trabalho nas cidades fizeram com que eles passassem a valorizar a educação e a vissem como ferramenta de mobilidade social. Por isso, eles colocaram os filhos na escola e muitos ainda tentam estudar”, afirma Vanessa.
Os relatos dos estudantes adultos entrevistados por Vanessa podem ser a explicação para outro fenômeno registrado pelas estatísticas oficiais: a redução do analfabetismo entre jovens. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2010 mostram que, nos últimos 10 anos, a taxa de analfabetismo entre jovens com 15 a 24 anos recuou de 10,1% para 4,6%. A grande maioria (92,6%) dos analfabetos brasileiros tem mais de 25 anos.
Entre os idosos (com 60 anos ou mais), o movimento foi inverso. A quantidade de analfabetos cresceu. Em 1999, 34,4% da população desse grupo não sabiam ler nem escrever e, dez anos depois, chegou a 42,6%. Os dados também revelam que 40,7% da população rural é analfabeta funcional – não consegue compreender o que lê. Na área urbana, a porcentagem é de 16,7%.
Difícil recomeço
Os adultos entrevistados por Vanessa tentavam voltar à escola, tarefa que não é fácil. Quem faz essa opção aponta o desejo de um emprego melhor, de poder ajudar os filhos na escola ou de “deixar de ser cego” na sociedade como motivadores. Dentro das salas de aulas, eles precisam enfrentar métodos ainda distantes da própria realidade e infantilizados, como destaca Vanessa.
“O processo de alfabetização de adultos precisa ser diferente. Eles têm conhecimentos que não adquiriram por meio da escola e, por isso, não são valorizados. Mas essas experiências de vida precisam ser consideradas e servir como motivadores”, opina a pedagoga.
Hildo conhece bem todas essas dificuldades. Ele não morou em fazendas como os pais, mas foi criado por pais analfabetos, que não se importaram quando ele deixou a escola. Há 25 anos, ele vigia carros em um mesmo estacionamento no centro da capital federal. Algumas vezes, Hildo conta que tentou se livrar do cansaço e tentar estudar. Mas acabou desistindo novamente.
“Eu quero voltar para a escola. Se eu tivesse filho, não ia deixar ele parar não. A escola fez falta para eu conseguir um emprego melhor, mas eu também tenho vontade de pegar um jornal para ler”, conta. Hildo mora longe de onde trabalha. Depois de perguntar uma vez, conseguiu “aprender” a ler a placa do ônibus que o leva de volta para casa, na cidade-satélite de Taguatinga, no Distrito Federal.
Para Vanessa, traçar o perfil dos analfabetos é fundamental para a definição de políticas públicas. Mas faltam dados nesse sentido. “Não encontrei nada sobre o perfil desses estudantes na Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba, por exemplo. Para sanarmos essa dívida histórica com as pessoas excluídas da educação, precisamos conhecê-las”, afirma.
FELIZ 2012
FELIZ 2012:
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Lapso Temporal
Lapso Temporal:
USP inscreve professores do ensino básico para cursos de atualização
USP inscreve professores do ensino básico para cursos de atualização:
jan ’12 | jan |
9 | 13 |
A USP promove, pelo terceiro ano consecutivo, cursos de atualização nas áreas de ciências, física, química, inglês e matemática para professores do ensino básico. O terceiro Encontro USP-Escola acontecerá entre 9 e 13 de janeiro de 2012, das 8 às 17 horas. As inscrições estão abertas.
O Encontro nasceu no Instituto de Física (IF) da USP com o nome de Ifusp-Escola, e teve oitos edições consecutivas, semestralmente, até que foi ampliado em janeiro de 2011 e passou a abranger acadêmicos de outras unidades da USP, a exemplo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Matemática e Estatística (IME).
Na semana seguinte ao Encontro USP-Escola, de 16 a 20 de janeiro, será ministrado um curso satélite para professores de matemática pelo Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de Matemática, no Instituto de Matemática e Estatística da USP.
Inscrições para o terceiro Encontro USP Escola, que acontece entre 9 e 13 de janeiro de 2012, devem ser feitas neste link . Informações sobre curso do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de Matemática estão disponíveis neste site.
O IF fica na Rua do Matão, Travessa R, 187, Cidade Universitária, São Paulo. Mais informações: sitehttp://web.if.usp.br/extensao/node/125
Vacinação em dia: observe o calendário e a imunização da sua família
Vacinação em dia: observe o calendário e a imunização da sua família:
Há poucos dias atrás, munida dos documentos necessários para a rematrícula escolar, notei que em breve o filhote terá novas vacinas a fazer já que entre 4 e 6 anos são recomendadas doses complementares de algumas vacinas disponibilizadas pelo SUS – Sistema Único de Saúde e/ou pela rede particular de saúde, como a tríplice bacteriana e tríplice viral. Atenciosa como aliás devem ser todas as famílias, estou sempre com a carteira de vacinação em mãos e revendo os prazos, por isso, assim que li matéria sobre a questão, achei interessante compartilhar.
“Antigamente, falava-se muito na idade em que a vacina deveria ser tomada e muitas pessoas achavam que, se não fizessem a imunização naquele período, não poderiam mais fazê-la, o que não é verdade. Mesmo em casos em que a vacinação está atrasada, independentemente de quando a primeira dose foi aplicada, a pessoa vai dar continuidade ao tratamento e nunca reiniciá-lo”.
Todas as vacinas recomendadas pelo Ministério da Saúde estão disponíveis gratuitamente na rede pública, mas também há a opção de fazer a prevenção em clínicas particulares, onde alguns medicamentos apresentam diferenças. No caso de adultos com lacunas no calendário de vacinação, com a orientação correta é possível acelerar algumas doses e alcançar uma imunidade equilibrada, sem receio e sem retaliação, afinal muitos adultos de hoje não receberam corretamente as vacinas na infância mais por falta de acesso e informação do que por negligência dos responsáveis, então, não há porque se envergonhar. Saúde é prioridade e uma vacinação em dia pode e deve ser essencial entre as famílias brasileiras.
Acesse abaixo o calendário de vacinas do Ministério da Saúde, em referência às idades (bebês, crianças, adultos e idosos) e grupos sociais:
- Calendário Básico de Vacinação da Criança
- Calendário de Vacinação do Adolescente
- Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso
- Calendário de Vacinação da População Indígena
E saiba, neste segundo semestre de 2011, o Senado aprovou um Projeto de Lei que amplia o calendário básico de vacinação infantil. Três novas vacinas estarão disponíveis à população através SUS, são elas: catapora, hepatite a e um tipo de bactéria causadora da pneumonia. Outras duas vacinas já haviam sido incluídas, neste ano de 2011, por decisão do Ministério da Saúde: meningocócica conjugada c e a pneumocócica conjugada valente. Segundo o ministério, as três novas vacinas já são aplicadas na rede pública para os chamados “casos especiais” e em pouco tempo se estenderão a todas as crianças.
As doenças pneumocócicas estão entre as que mais matam crianças no mundo, por isso elas devem ser prevenidas com e jamais negligenciadas.
No vídeo abaixo, um médico convidado pelo programa Mais Você, da Rede Globo, esclarece dúvidas sobre os tipos de vacina.
(vídeo de 06/10/2011)
E as viagens? Imunização para viajar
Algumas vacinas são recomendadas especialmente para pessoas que estão com viagens marcadas, como a que protege da febre amarela, doença endêmica em certas regiões do Brasil e do mundo.
Para viagens ao exterior, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária informa as restrições sanitárias do país de destino e também faz recomendações de imunização, como é o caso da vacina contra o sarampo, que teve um surto na Europa neste ano, mas que não é exigência para os Estados Unidos, por exemplo. Acesse o link e confira as relações indicadas oficialmente.
“É preciso esquecer esse tabu que não se pode fazer mais de uma vacina no mesmo dia. Se apessoa vai viajar, vai estar exposta ao risco e deve fazer a vacina. O ideal é organizar o esquema vacinal com pelo menos 45 dias de antecedência”, explica Heloisa Giamberardino, coordenadora do Centro de Vacinas do Hospital Pequeno Príncipe, ouvida pela reportagem da Gazeta do Povo. O corpo humano demora até 20 dias para produzir os anticorpos e efetivamente proteger contra a doença, por isso é importante planejar o esquema de imunização para não adoecer.
Cabral: situação da educação no Rio é vexatória e me envergonha
Cabral: situação da educação no Rio é vexatória e me envergonha:
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que a situação da educação no Estado é vexatória e que ele se envergonha dos indicadores que colocam o Rio na 26ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Na educação eu errei no primeiro mandato: mantive a politização na ponta, nas coordenadorias”, disse.
Apesar das críticas, ele elogiou o trabalho do secretário Wilson Risolia e prometeu melhorias. “Risolia está fazendo um trabalho emocionante. É vexatória a situação. Vigésimo sexto no Ideb me envergonhou profundamente. Meu compromisso é estar entre os cinco do Ideb em 2014″, completou. O governador ainda fez uma avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff, que classificou com “nota 10″, e defendeu as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. “Qualquer discurso caricato antiprivatização eu rejeito preliminarmente”, completou.
(Terra)
Saneamento básico pode influenciar rendimento escolar
Saneamento básico pode influenciar rendimento escolar:
No Brasil, 12 mil escolas não têm esgoto sanitário, segundo o Censo Escolar de 2009. Isso corresponde a quase 8% das unidades e a cerca de 20 milhões de crianças. Além disso, em quase 20 mil escolas a água consumida pelos alunos não é filtrada e 800 não têm abastecimento de água. A maior parte do déficit de esgoto está na rede municipal, onde há mais de 10 mil unidades nessa situação – 6 mil delas no Nordeste.
O Maranhão concentra, sozinho, metade das escolas nordestinas sem esgoto: do total de 10.569 escolas de ensino fundamental naquele Estado, somente 70% têm acesso a rede de esgoto. Embora não possamos estabelecer relações diretas entre esses dados, o Estado também apresenta desempenho abaixo da média nacional no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): nota 3,9 nos primeiros anos do ensino fundamental e 3,6 nos anos finais – número ainda superior à média nordestina, 3,8 e 3,4, respectivamente, mas inferior ao restante do país, que é 4,6 e 4,0. O resultado da falta de saneamento, porém, pode ser ainda pior. Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, além do menor rendimento escolar, estudantes de regiões sem saneamento matriculam-se menos nas escolas, ou seja, não chegam a participar dessas avaliações de desempenho.
As escolas do Acre e do Amazonas também têm índices muito ruins, mas sua população é bem menor que a do Maranhão. Os melhores índices estão nos Estados do Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde quase todos os estabelecimentos de ensino fundamental possuem rede de esgoto. A falta de acesso a água filtrada é uma característica principalmente de Estados da região Sul. Pelos dados do Censo Escolar, a pior situação é a do Rio Grande do Sul: apenas 28% das escolas de ensino fundamental têm água filtrada, em um universo de 6.782 unidades.
Faltam investimentos em prevenção, apesar de ser conhecida a proporção entre os custos de saneamento e o dinheiro gasto em hospitais e tratamentos: para cada dólar investido em saneamento básico, outros cinco são economizados em despesas hospitalares, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A professora Anne Jardim Botelho, da Universidade Federal do Sergipe, pesquisou o impacto das parasitoses na atividade cognitiva e explica que, nas áreas endêmicas, não adianta dar remédio, porque há constante reinfecção.
O diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP, Anthony Wong, lembra que o saneamento básico é fundamental para que substâncias químicas contaminantes não tenham acesso ao meio ambiente. Ou seja: a coleta de esgoto adequada não só melhora a saúde da população, mas pode nos poupar de um problema ecológico de proporções imensas. “Com informação adequada, a própria população poderia diminuir muito o problema.”
A professora Maria Cecília Pelicioni, da Faculdade de Saúde Pública da USP, lembra ainda o caso das crianças que não puderam chegar à escola: a mortalidade infantil é um indicador diretamente ligado ao saneamento, decisivo para medir a saúde pública de determinado local. “Para revertê-la, mais do que ter médico e hospital, é importante que se faça em primeiro lugar o saneamento. Os outros fatores diminuem a mortalidade infantil de maneira muito menos eficaz.”
Pesquisa
A pesquisa da Fundação Getulio Vargas, coordenada por Marcelo Neri, traz algumas conclusões sobre a conexão entre educação e saneamento básico. Entre elas a de que o acesso a esgoto melhora o rendimento escolar; a qualidade do uso caseiro da água tem relação positiva com o desempenho; e o acesso à infraestrutura sanitária reduz o índice de reprovação. O estudo não abordou uma conexão de causalidade direta, mas indicou uma correlação importante entre os problemas de saúde causados por falta de saneamento e o desempenho na escola.
Foram analisados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), relacionando o acesso à coleta de esgoto às três dimensões do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): saúde, educação e renda. “Os dados indicam que os efeitos no desempenho escolar podem ser imensos”, afirma Marcelo Neri.
Um dos avanços foi relacionar a morbidade (quantidade de portadores de doença em relação a uma população total) ao saneamento, e não só à mortalidade. “Se os efeitos de mortalidade são tão grandes nessa faixa e passavam despercebidos, podemos imaginar que os efeitos da morbidade, muito maiores, passam igualmente despercebidos”, raciocina.
Ele conta que o problema atinge mais os meninos – provavelmente porque eles brincam mais fora de casa. Mas a consequência da falta de acesso a esgoto não é o absenteísmo. As crianças sem saneamento apresentaram taxas mais baixas de matrícula e pior desempenho, mas muitas continuam indo às aulas. “Provavelmente porque estão entre as famílias mais pobres e a escola tem atrativos como a merenda e os incentivos de bolsas do governo”, diz Neri. Mas elas têm o desempenho abaixo da média, porque possivelmente têm o quadro clínico típico das doenças associadas à falta de saneamento.
Público e privado
A pesquisa da FGV foi encomendada pelo Instituto Trata Brasil. É uma organização ligada ao setor privado, a algumas das principais empresas de saneamento do país, diretamente interessada (por motivos empresariais, portanto) na universalização das redes de água e esgoto no Brasil.
O fato de a Trata Brasil estar disponível para entrevistas, ao lado da universidade, é sintomático do que acontece no país em relação ao saneamento. Nem o Ministério da Educação (MEC) nem o Ministério das Cidades responderam à solicitação de entrevista daEscola Pública. Em texto enviado sobre o tema, o MEC diz que suas ações são trabalhadas “de forma articulada e sistêmica, em parceria com secretarias estaduais e municipais de Educação, universidades públicas, sociedade civil organizada e a comunidade local”. O MEC admite que não houve até o momento um direcionamento “específico” das políticas de Educação Ambiental para a questão do saneamento na escola, mas é um tema “que pode ser abordado” nas conferências que realiza e na Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (Com-Vida), que visa implementar a Agenda 21 nas escolas de ensino médio e do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.
Para o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, falta uma política nacional articulada para a educação ambiental. Ele diz que não há relações entre os ministérios da Educação, do Meio Ambiente e das Cidades – sem falar na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pelo saneamento nos municípios de menor porte.
Mesmo em um estado com índices melhores de saneamento, como São Paulo, a falta de políticas públicas é evidente. A coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente mencionou as articulações com a Secretaria de Educação, a Secretaria de Planejamento, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) e o Departamento de Águas e Energia elétrica (DAEE). Mas admite: “Especificamente em saneamento não temos projeto com começo, meio e fim. Estamos em um período de reformulação”.
Édison Carlos lembra que somente 43% da população é atendida por rede de esgoto no país. E somente 1% desse volume é tratado. Em áreas rurais, segundo Marcelo Néri, só 2,9% das pessoas têm acesso a tratamento de esgoto. “O brasileiro convive com esgoto a céu aberto de forma tranquila”, afirma Carlos. “Nas eleições cobra mais postos de saúde em vez de cobrar a solução. Na cabeça deles não é prioridade, então não será para o prefeito.”
Desigualdades regionais |
Em Pirapemas, município de 17 mil habitantes do Maranhão, as crianças da Escola Municipal Leônidas Pessoa têm um vizinho criador de porcos. “A catinga [cheiro ruim] chega à sala de aula. Também não existe banheiro de qualidade. A caixa do vaso é amarrada no barbante”, conta o professor Gilmar Mendes Ribeiro. Além disso, o terreno da escola não tem limpeza: “é um matagal imenso”. Não à toa, a escola chegou a ser interditada pela Vigilância Sanitária, por conta da proliferação de mosquitos da dengue. Na zona rural, na Escola Municipal Carmina Moura havia até algum tempo fezes de morcego no banheiro masculino. O poço dágua está há dois anos sem funcionar. Procurada pela reportagem sobre a situação das escolas do município, a secretária Beatriz Pereira dos Santos não deu esclarecimentos. Apenas repetiu que as informações estavam sendo divulgadas por uma questão “política”. Sem acesso a esgoto, Pirapemas não é o único município nessa situação e os gestores enfrentam dificuldades por conta da falta de recursos voltados para a questão. Outra pesquisa do Instituto Trata Brasil, feita com dados dos 81 municípios brasileiros com mais de 300 mil habitantes, mostra uma disparidade do acesso a rede de saneamento. Maria Cecília Pelicioni, da USP, diz que não pode estabelecer uma relação causal entre os fatores, mas observa que, no caso de Jundiaí, em primeiro lugar no ranking, uma pesquisa da FSP mostrou que a educação ambiental está bastante avançada no município. Ela lembra que mesmo no Estado de São Paulo, com melhores índices, há municípios com indicadores ruins, como Campos do Jordão e Guarujá. “E mesmo na capital há diferença entre bairros, como Cerqueira César, com índices de mortalidade infantil comparáveis com os do Primeiro Mundo, e Engenheiro Marsilac, no extremo sul da cidade, com alta mortalidade”, diz a pesquisadora. |
Melhores e Piores | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
É difícil estabelecer uma relação direta entre saneamento e qualidade da educação, mas nas 10 cidades com melhores colocações no ranking de saneamento, que considerou as 81 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes, a média do Ideb do 5º ano do ensino fundamental é 5,7. Entre as 10 cidades com pior colocação, a média é de 4,0.
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NÚCLEO DE ARTES GRANDE OTELO
(título desconhecido):
Respire fundo... Sinta o perfume das flores! Ouça o canto dos pássaros!Veja os tucanos sobre os galhos! A densidade da mata, a variedade de vegetação, observe o brilho do sol sobre as folhagens da copa! As borboletas! Os macaquinhos agarrados no cipó emaranhado nas imensas árvores! E a natureza promovendo seu grandioso espetáculo! Seja Bem-Vindo “A Floresta Encantada”!
Nós, do Núcleo de Arte Grande Otelo, ao darmos início ao planejamento pedagógico nesse ano de 2011, propusemos o tema Conexão Brasil, como fio condutor, pois sabemos o quanto a eleição do tema é importante no processo do conhecimento.
Na oficina de Pintura Contemporânea, oferecemos a opção de vários temas sugeridos pela Gerência de Extensividade / SME para 2011.
Devido à necessidade de conscientizar a sociedade para a preservação do meio ambiente, especialmente das florestas e continuar delineando os temas ecológicos, propusemos falar sobre “O Ano Internacional das Florestas”. São elas responsáveis em manter o equilíbrio da natureza e garantir a vida no planeta, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2011, como “Ano Internacional das Florestas”, que tem como objetivo, a conservação e o desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas do planeta.
Sabendo da importância da Arte ser ensinada em todas as fases da aprendizagem, aceitamos o desafio de trabalhar também com os alunos da Educação Infantil, por acreditar que é a partir dessa fase que eles começam a criar conceitos e relações novas a respeito do que aprende.
É nesta fase que elas sonham acordadas, inventam e descobrem coisas, se aventuram em um mundo desconhecido, não têm medo de criar. Sabemos o quanto as atividades artísticas são importantes para aprimorar seus conhecimentos, aguçando suas curiosidades e vontade de desvendar, já que é assim, que eles ampliam seu vocabulário visual.
Saiba mais...
Para inspiração e conhecimento, apresentamos a eles as obras produzidas ao longo dos dois anos na oficina de pintura, entre elas o acervo intitulado “Arvoredo”.
São pinturas sobre papel e tecido.
Ao final de cada aula, propusemos momentos de atividades lúdicas através de cantos e movimentos ritmados. Foram músicas que ajudaram na conscientização ecológica, buscando unir a produção plástica com as expressões musicais e corporais.
Criamos pastas para guardar a produção de cada estudante!
Percebemos que o portfólio permitir uma maior aproximação com a proposta do Núcleo de Arte.
Onde são guardadas as atividades realizadas durante a oficina, comentários sobre as experiências vividas como: O que aprendi com essa atividade? Dificuldades? Quais? Promovendo uma auto-reflexão seu sobre o processo de aprendizagem. Saiba mais...
Para os alunos do Ensino Fundamental foi assim:
Eles elegeram como Sub-Tema: “A Floresta encantada” para o embasamento das criações artísticas. Pesquisaram sobre os ecossistemas e os recursos naturais, como as características da Mata Atlântica, fauna, flora, biodiversidade, recursos hídricos, unidades de conservação, além de danos ao meio ambiente, como a poluição, o desmatamento, o destino inadequado do lixo e o novo código florestal.
Apresentamos a música, de Chico Buarque e Francis Hime “Passaredo” falamos que lá em 1976 quando compuseram, eles já faziam um alerta ecológico. “Passaredo” permite uma reflexão sobre questões de desequilíbrio ambiental, aspectos sobre nomenclatura regional e terminologia científica, aspectos históricos, sociais e de legislação ambiental, causas e conseqüências. Este exercício, bem orientado, ultrapassa a simples tarefa de analisar o conteúdo da palavra, permite que o estudante estabeleça correlações, ampliando seus conhecimentos gerais e culturais, fortalecendo seu espírito crítico.
Saiba mais...
Nossas inspirações vieram também pelas obras de vários artistas plásticos, entre eles:
Henri Matisse (1869 a 1954) que foi um artista francês, conhecido por seu uso da cor e sua arte de desenhar fluida e original precursor da abstração. Explorou largamente as colagens, trabalhando-as como se fossem desenhos realizados com tesoura, utilizando grandes áreas lisas, de cores intensas, renunciando aos volumes. Saiba mais...
Mostramos reproduções das obras dele. Falamos que foi um desenhista, gravurista e escultor, mas é principalmente conhecido como um pintor. Matisse é considerado um dos artistas seminais do século XX, que está sem dúvida, entre os mais importantes nomes da arte moderna. A obra do francês é envolvente: seu trabalho demonstra um extremo equilíbrio entre a força e a sensibilidade.
Também, Roberto Burle Marx! Um artista plástico brasileiro, renomado internacionalmente ao exercer a profissão de arquiteto-paisagista. Morou grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus principais trabalhos, embora sua obra possa ser encontrada ao redor de todo o mundo.
Nossos alunos buscaram inspirações na fase de seus desenhos paisagísticos, feitos no guache, destacado as obras mais relevantes. Saiba mais...
Para enriquecer o conhecimento sobre Burle Marx, exibimos um trabalho da produtora Pindorama Filmes, chamado Um Pé de Quê? Alusivo ao centenário do artista!
O vídeo mostra seus deslumbrantes jardins que projetou ao longo de sua carreira e em seu sítio, onde ele cultivava mais de três mil e quinhentas espécies de plantas. Fala sobre a sua vida e ofício. Explicando e exemplificando os princípios de sua arte, e sobre sua dedicação a outras atividades, o documentário traz belas imagens que mostram os principais projetos do artista, tanto como paisagista, quanto em outros campos de atuação, como pesquisa, pintura, escultura e tapeçaria. Além de depoimentos de amigos, companheiros de trabalho e especialistas de várias áreas.
Dissemos que sua participação na definição da Arquitetura Moderna Brasileira foi fundamental, tendo atuado nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres, entre eles o terraço-jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro. Com destaques para as plantas baixas de seus projetos lembram em muitas vezes telas abstratas, nas quais os espaços criados privilegiam a formação de recantos e caminhos através dos elementos de vegetação nativa.
Proporcionamos através da nossa 6ª CRE, uma visita ao Sítio Roberto Burle Marx.
Veja como foi...
Acreditamos que os passeios pedagógicos são fundamentais na medida em que desenvolvem o processo de construção de conhecimento, através de uma ação reflexiva, possibilitando uma visão integradora entre a teoria e a prática, com ênfase nas relações interpessoais, possibilitando a compreensão e interpretação da realidade. Foi Célestin Freinet, o educador francês,quem desenvolveu atividades hoje comuns, como aulas/passeio.
De volta à escola, para tornar o conhecimento mais completo, orientamos na redação de um relatório narrando tudo que viram no Sítio Burle Marx. Em sua opinião, é importante que se conserve um jardim? Por que? O que todos esses ambientes possuem em comum? Além das plantas, que outros elementos da natureza estão presentes nos jardins?
Em sua opinião, por que é importante que se conserve um jardim? O jardim está bem cuidado ou possui problemas como pragas e pestes? Por quê? No jardim há cores predominantes?
O que elas lhe transmitem? Você concorda que os jardins harmonizam-se com a arquitetura e a natureza do local onde eles estão? Por que? Orientamos nossos alunos a redigir um relatório sobre a visita ao Sítio: Como são as plantas do sítio? Como é a organização das plantas? Como são as cores, formas e texturas das plantas? O que elas nos transmitem? Como são as folhas das plantas? Descreva sobre os tipos de árvores e seus troncos vistos no sítio.
Falamos como é o trabalho dos paisagistas. Eles viram a relação entre o paisagismo e a preocupação para com o meio ambiente e sua ligação com a ecologia. Propusemos desenho de observação, ressaltando as formas das plantas, suas cores, tamanhos e texturas. O modo como refletem e absorvem a luz.
Puderam ver que o desenho é uma das linguagens utilizadas nas artes visuais, serve não só para a expressão de sentimentos e sensações, mas também para estruturar e planejar um processo de produção, que no processo de criação de Jardins o desenho do projeto é essencial. Sem ele, é provável que o jardim não tenha proporção entre as partes das plantas, suas flores e seus frutos. Levamos a reconhecerem os procedimentos e as técnicas utilizadas na obra de arte de Burle Marx. Orientamos sobre as diversas formas de expressão por meio de obras de artes visuais, tais como: pintura, fotografia, escultura, paisagismo etc. Saiba mais...
E Leda Catunda,
Nasceu em São Paulo em 1961, pintora, escultora, artista gráfica e visual e professora. É considerada um dos maiores talentos surgidos no âmbito da geração 80, explorando os limites entre a pintura e o objeto. Expôs três vezes na Biena Internacional de São Paulo, entre outras mostras de relevantes. Saiba mais...
Para conhecerem as obras de Leda Catunda, apresentamos reproduções mais representativas e uma exibição do programa O MUNDO DA ARTE, disponibilizado pela Fundação Arte na Escola. Em linguagem de documentário, o vídeo destaca o trabalho da artista plástica. Com o tema “Recortes de Leda Catunda” gravado na casa-ateliê. Ela lembra da avó que costurava e argumenta como esse fazer se tornou ferramenta indispensável ao seu trabalho que ganha visibilidade na chamada Geração 80. A artista mostra suas apropriações de imagens, seus hábitos de trabalho e projetos. Adepta da experimentação, ela fala, sobre sua pesquisa de materiais, cita a rua como tema inesgotável bem como a memória, que passam a ganhar novas dimensões em sua linguagem híbrida.
Saiba mais...
Falamos do Movimento Geração 80 do Parque Lage. Viram a transformação ocorrida no percurso de Matisse, Burle Marx, caminhando da figuração para a abstração, e Leda Catunda, que parte do campo das experimentações de materiais. Destacando suas formas, ferramentas, materiais e suportes, adotados por eles em suas produções plásticas. “Da volta à pintura do início dos anos 80 e que teve vida curta e, na década de 90, os novos movimentos da arte que se ligam ao experimental, instalações, apropriações e uso da tecnologia, porém a pintura como meio da expressão artística nunca foi inteiramente abandonada e que a década de 80, foi um marcante”
Buscamos mostrar a definição e a função de uma curadoria, citados por Leda, para que eles entendessem o papel dessa figura tão importante nos espaços expositivos. Falamos que o curador é a pessoa responsável pela organização e seleção de obras de arte em exposições, museus, galerias, etc.
Saiba mais...
Falamos do material utilizado pelos artistas e dos suportes.
Viram as definições sobre: ARTE FIGURATIVA e ARTE ABSTRATA. Que tanto a arte figurativa como a abstrata podem expressar estados emocionais e que ambas estão presentes na arte interagindo com temas atuais.
Buscamos motivá-los pelo gosto da produção artística, percebemos a necessidade de se desenvolver uma técnica de pintura muito utilizada na arte contemporânea, que é a do recorte/colagem.
A técnica consiste em recortar figuras em papel colorido, sem a ajuda do lápis, ”desenhando só com a tesoura”, podendo resultar em composições simples e muito representativas!
Ao dar início as suas criações, puderam sentir o fascínio das composições orgânicas e suas formas abstratas.
Apropriando-se dos conteúdos da arte como: A linha, suas posições e direções, as qualidades de uma superfície, as cores primárias, secundárias e terciárias, cores frias e quentes, suas misturas, as complementares e seus matizes, bem como as cores neutras. Os recursos visuais na composição da obra, a partir de figura e fundo, organização espacial, simetria e assimetria, peso visual e leveza; suas temáticas e contemplações, até mesmo as características de uma obra de arte, suas atribuições e seus conceitos.
O processo do fazer artístico foi importante para a promoção, valorização e interação dos alunos com suas próprias criações.
Falamos que o artista precisa desenvolver sua criatividade para solucionar as mais diversas situações, buscando formas de ultrapassar os obstáculos.
O que almejamos alcançar, por exemplo, ao propormos exposições dos trabalhos realizados? Que conheçam e vivenciem aspectos técnicos inventivos, representacionais e expressivos da arte.
Ao analisarem suas obras, através de discussões dos temas e conceitos plásticos / visuais, visamos possibilitá-los através das observações coletivas à formação de novos conceitos,com comentarios sobre o processo de suas obras, tendo-os como "protagonistas".
Acreditamos que, ao apreciar uma obra, buscamos ativar a curiosidade e o desejo de compreensão, para que percebam alguns questionamentos como:Em que posição se encontra? Há predominância de linhas geométricas ou orgânicas? A imagem sugere textura?Quais são as cores primarias? São cores quentes ou cores frias? Como e a interação das cores? Elas contrastam ou se misturam?Há várias tonalidades? Como são tratadas no fundo da obra? Que elementos são utilizados no fundo da obra?Há alguma relação entre a figura e o fundo da obra? Como se organizam os diversos elementos na composição geral da obra?Eles estão centralizados ou deslocados do centro? Há simetria ou assimetria em sua distribuição?De acordo com os vários elementos que compõem a obra, onde se tem a impressão de maior peso e leveza? Por que? Qual é o tema da obra observada?Quais seus sentimentos e suas idéias em relação à obra? Quais são as características principais da obra?Em sua opinião, o que faz com que a obra seja considerada arte?
Com comentários sobre o processo de suas obras, tendo-os como “protagonistas”.
Acreditamos que tendo seus conhecimentos valorizados, o aluno passa a perceber que sua bagagem cultural é relevante, que ele faz parte de todo processo.
A valorização do educando elevam sua autoconfiança e autoestima, sentindo-se mais seguros, integrantes e construidores, propiciando buscas por novas descobertas, que, afinal de contas, é o principal personagem de todo o processo educacional. Saiba mais...
Foi importante acompanhá-los nos seus vários momentos de descobertas,argumentando,aprendendo e produzindo arte.
Estimulando-o a aprender com o outro, sabiendo como cada um achou suas soluções para possíveis problemas encontrados no curso da criação, que, ao observar, analisar, construam sua concepção sobre arte, já que, olhar, analisar, comparar e refletir constituem um exercício de leitura de imagem.
Percebemos que eles estavam sempre alegres, demonstrando disponibilidade para investigar o que cada cor, forma e material podia oferecer para suas obras, procurando o êxito e a satisfação em suas experimentações, constituindo seus saberes. A filosofia metodológica, utilizada no Núcleo de Arte, em consonância com a SME/Carioca, resgata o valor da arte como um saber e um fazer passível de reflexão e de construções, acreditando que esse conhecimento pode ser aprendido e ensinado,
sintetizado na abordagem triangular, cuja proposta é tratar Arte como um conhecimento que pode ser aplicado na conjunção das ações de leitura de imagens,na contextualização e no fazer artístico. Saiba mais...
Acreditamos que a arte ensinada por nós, não deva ser dissociada da arte produzida na sociedade. Sabemos que a expressão criativa do aluno é desenvolvida juntamente com a construção do conhecimento e da formação do senso apreciativo, ao darem início as suas produções artísticas apropriando-se dos embasamentos teóricos.
A partir da apreciação e reflexão, buscamos promover o pensar sobre os conteúdos, considerando questionamentos e dúvidas levantadas por ele, sobre suas próprias criações e também dos outros.
Ao propor análise crítica do fazer e a reflexão sobre as possibilidades artísticas, encorajamos e estimulamos na busca das superações e nas resoluções de situações alicerçadas pela formação de uma bagagem cultural.
A fruição da arte não é imediata, espontânea, nem dom ou graça. É necessário ter o professor como mediador em todo percurso.
Ao provocar as observações sobre suas produções artísticas, buscamos ampliar possíveis hipóteses de soluções, orientando-os no exercício da leitura da obra, dentro dos processos de percepção em que a Arte, enquanto linguagem, pode promover, ao exercitar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas, suas percepções visuais, e, como um todo, ampliar sua leitura de mundo, incentivando a aquisição de habilidades do ver, do observar, do ouvir, do sentir, do imaginar e do fazer.
A realização persoal do aluno é o que podemos considerar como o fazer, o conhecer e o apreciar.
Apoio técnico:
Bruno Bentolila e Ruth Rejala(N.A.G.O)
Mostra de Arte Estudantil
Inaugurada no dia 17 de novembro de 2011 no Centro de Arte Calouste Gulbenkian, a Mostra Conexão das Artes SME-RJ 2011 teve como objetivo expor a produção dos alunos de Artes Visuais e professores da rede, com montagem dos trabalhos da 6ªCRE pela professora Luciana Lima
I Mostra Pedagógica de Extensão
No dia 02/12/2011, no Clube do Servidor, foi realizada a I Mostra Pedagógica de Extensão Escolar, que visou promover e compartilhar experiências entre os alunos das atividades no Espaço de Extensão, com montagem dos trabalhos da 6ª CRE pelas professoras Luciana Lima e Mônica Coropos(chefia).
Alunos assistentes:
Caroline Ferraz Normando dos Santos
David Melo Dias
Meus Consultores Artísticos:
Bruno Bentolila
Imaculada da Conceição Marins
Luciana Lima
Regina Ayala Hornung Nunes
Assessoria Artística: Regina Ayala Hornung Nunes
Web Designers: Regina Ayala Hornung Nunes
Augusto Lima
Revisão de texto: Lara Alves
O acervo fotográfico leva os créditos dos professores:
Bruno Bentolila
Imaculada da Conceição Marins
Jabim Nunes
Luciana Lima
Mônica Coropos
Simône Pereira
VISITA NO ATELIER : Durante o ano letivo, recebemos vários visitantes ilustres em nosso atelier entre eles:
Bruno Bentolila ( N.A.G.O.)
Mônica Coropos ( Chefia do N.A.G.O.)
Simône Pereira(Coordenadora Pedagógica - E.M.Alziro Zarur)
AGRADECIMENTOS:
A Deus, Regina Hornung (Minha Esposa), Equipe de Chefia e colegas Professores do Núcleo de Arte Grande Otelo, à Equipe de Diretores do Ciep Zumbi dos Palmares, à Escola Municipal Alziro Zarur, a Simône Pereira,à 6ª COODENADORIA DE EDUCAÇÃO e Pindorama Filmes/Regina Casé.
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mais quem vai acompanhado, com certeza vai mais longe!
Gostaríamos de dedicar a todos os queridos alunos do Ciep Zumbi dos Palmares, e em especial, à professora que durante décadas dedicou aos colegas professores, alunos e funcionários da escola, o seu melhor!E também somando carisma, companheirismo, dedicação e atenção a todos nós, do Núcleo de Arte Grande Otelo, firmando uma expressiva parceria, demonstrando acreditar na importância das linguagens artísticas na promoção de uma educação de qualidade. A você, Daise Freitas, oferecemos toda nossa produção de 2011! Que todo amor“oferecido” a nós seja retornado, com a certeza que sua missão foi cumprida com louvor!
Que a semente do ensino, lançada a essa gente tão especial, possa germinar em forma de amor, respeito, dignidade, carinho e sabedoria. Saiba com certeza que contribuiu verdadeiramente para um Brasil melhor! A você, Xuxú! toda essa nossa homenagem! Professor e alunos da oficina de pintura do Núcleo de Arte Grande Otelo-6ª CRE.
REFERÊNCIAS
Propostas Curriculares - SME - Prefeitura do Rio - Orientações Curriculares/Artes Visuais
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1988b.
AS ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: POSSIBILIDADE REAL DE LÚDICO E DESENVOLVIMENTO
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 169-186, 2009 – catolicaonline.com.br/revistadacatolica 186
FERRAZ, M H C. de T.; FUSARI, M.F de R. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 1993.
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GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
IAVELBERG, Rosa. O Papel do Professor. In: _. Para gostar de aprender arte: sala de aula\e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003. cap. 1, p. 09-13.
MARTINS, M.C.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T.T. Didática do Ensino de Arte: A Língua do
Mundo: Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador – Coleção
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