segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um aliado lúdico no combate à evasão escolar

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Um aliado lúdico no combate à evasão escolar:

RIO - “Você tem só 16 anos, um filho, e parou no 8 ano do ensino fundamental. Mas ainda está em tempo de voltar para a escola. Terminando seus estudos, poderá se estabilizar e oferecer um exemplo de vida melhor para o seu filho". Os conselhos, dados por uma jovem aluna de um colégio municipal da Zona Norte do Rio, fazem parte de uma carta escrita para uma amiga durante uma etapa do projeto "As vantagens de permanecer na escola". A parceria entre a prefeitura do Rio e as ONGs Junior Achievement e Centro Integrado de Estudo e Desenvolvimento Sustentado (Cieds) tem sido uma forte aliada na luta contra a evasão em áreas violentas da cidade.

— O grande objetivo do projeto é fazer, de forma lúdica, com que os estudantes entendam que existe uma relação direta entre educação, capacitação e desenvolvimento profissional, que, por sua vez, está ligada diretamente ao nível de renda. A ideia é mostrar que existe relação entre escola e a vida que eles estão sonhando — comenta a diretora-executiva da Junior Achievement, Laura Mariani.

O programa foi aplicado este ano em 21 unidades da rede municipal do Rio, integrantes do projeto "Escolas do amanhã", que leva uma série de iniciativas de reforço pedagógico a colégios localizados em regiões violentas. Foram atendidos 1.180 alunos do 8 e do 9 anos do ensino fundamental, e a perspectiva é dobrar a quantidade no ano que vem.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a taxa de evasão escolar fechou 2010 em 3,26% nas 151 unidades consideradas "Escolas do amanhã". Em 2008, o índice era de 5,1%.

Alunos projetam rendimentos

No "As vantagens de permanecer na escola", duplas de voluntários, capacitados pela Junior Achievement, passam cerca de quatro horas em sala de aula para cumprir as cinco etapas previstas no programa. No primeiro módulo, os orientadores contam suas experiências profissionais para falar sobre êxito. O segundo é o que mais chama a atenção dos estudantes: o jogo das Grandes Decisões. Em cada casa do tabuleiro, os participantes têm de escolher se tomam o caminho da sala de aula ou preferem deixá-lo em segundo plano. Quanto mais estudos, mais evolução.

— Passei para o 1 ano do ensino médio. Ainda falta tempo para o vestibular, mas participar dos jogos do programa me fez entender que podemos realizar nossos sonhos. O importante é nunca desistir e seguir em frente. As atividades fizeram com que eu pensasse no futuro — afirma Elaine Araújo de Lacerda, 15 anos, aluna do 9 ano do ensino fundamental do Colégio Municipal Bernardo de Vasconcelos, na Vila Cruzeiro, que nasceu na comunidade e pode ser a primeira pessoa da família a ingressar numa faculdade.

Na terceira etapa do programa, os alunos montam uma projeção de orçamento baseada na renda que teriam se deixassem a escola com o ensino fundamental incompleto. E comparam os prováveis rendimentos se continuarem estudando. O quarto módulo é voltado para um modelo de planejamento profissional da carreira que o estudante sonha seguir. Por fim, há um debate, e os participantes escrevem uma carta para um amigo que tenha deixado os estudos, pedindo para ele repensar sua decisão.

A secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin, ressalta que o projeto se encaixa numa filosofia que começou nas "Escolas do amanhã" e agora já está sendo desenvolvida amplamente em todas as unidades, do 6 ao 9 anos do ensino fundamental: a pedagogia do sonho.

— É natural que cedo as crianças e os jovens pensem em ter profissões, como jogador de futebol, cantora ou atriz. Mas mostramos que mesmo para realizar esse sonho é preciso estudar, se informar, pesquisar sobre o que está associado a ele. A partir do 6 ano, temos um exercício chamado "Sonho por degraus", em que ensinamos o aluno a pesquisar sobre a profissão e mostramos a funcionalidade da escola para isso — diz Costin, acrescentando que este ano, pela primeira vez, estudantes da rede fizeram um juramento de concluir o ensino médio e buscar a universidade durante as cerimônias de formatura do ensino fundamental.

O "As vantagens de permanecer na escola" foi realizado em parceria com o Cieds porque a instituição já vinha realizando, em unidades em áreas de risco, o projeto "Bairro educador", que leva uma série de iniciativas de integração com a comunidade para os colégios.

Os projetos que estão sendo levados para os colégios em regiões violentas têm dado resultado: nas provas bimestrais feitas pela prefeitura do Rio, o rendimento já se aproxima do resto da rede. No 9 ano, na avaliação do terceiro bimestre deste ano, por exemplo, a média geral foi de 4,6 na rede. Nas "Escolas do amanhã", foi de 4,4.

A ONG Junior Achievement ainda está aberta a voluntários que queiram participar do projeto contra a evasão. As informações sobre inscrições podem ser obtidas no site www.jarj.org.br.

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