Diversidade marca Ciclo de Conferências com arquitetos e professores de escolas francesas:
O Ciclo de Conferências com arquitetos e professores das Écoles Nationales Supérieures d’Architecture (ENSA) de Marselha e Versalhes, entre os dias 16 e 19 de abril, fez do auditório do IAB um espaço de discussões e debates das mais diversas temáticas da arquitetura, a partir de exemplos dos projetos e pesquisas que desenvolvem. O grupo de professores veio ao Brasil acompanhado de estudantes que participam de um intercâmbio com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, organizado pelos professores Fabiana Izaga e Guilherme Lassance.
As discussões foram abertas com Jean-Marc Chancel e Julien Monfort, ambos da escola marselhesa, que realizaram palestra conjunta no dia 16, segunda-feira. Chancel apresentou o projeto de uma escola pública em Marselha, narrando todo o processo de concepção dos espaços e o desenvolvimento de esmerados aspectos construtivos. Em um dos momentos de maior destaque do encontro, Monfort – que já colaborou no trabalho de Rem Koolhaas, destacou que seu escritório faz uma série de pequenos projetos, e “mesmo em trabalhos pequenos é possível fazer coisas originais”. Em um edifício tombado no Centro de Marselha, por exemplo, foi necessário desenhar todo o mobiliário chegando-se até mesmo às tomadas elétricas.
Na terça-feira, 17, a palestra foi de Djamel Klouche, professor da ENSA Versalhes e um dos selecionados para desenvolver os trabalhos da Grande Paris – um tipo de concurso organizado pelo Governo Francês em 2009, com 10 equipes de arquitetos, que busca refletir sobre a condição atual da metrópole francesa e definir projetos que enfrentem seus principais problemas. Klouche apresentou seus mais recentes trabalhos, entre eles o da Grande Bruxelas, destinado a pensar a grande (sede do parlamento europeu) e pequena (1,8milhões de habitantes) metrópole belga. Trouxe também ao IAB-RJ novas abordagens para a questão da habitação, como o caso de Bordeaux, na França, onde as autoridades locais pretendem dotar a cidade de um milhão de novas moradias, todas localizadas sobre eixos existentes de transporte público.
Jean Castex, arquiteto e historiador, professor que atuou no Laboratório de Pesquisa de Historia da Arquitetura e do Urbanismo, na ENSA Versalhes, realizou a terceira conferência da série, na quarta-feira, 18 de abril. Castex é autor de um importante livro sobre a cidade de Chicago entre os anos 1910 a 1930, período no qual atravessou um vertiginoso desenvolvimento, com grande crescimento populacional e investimentos em importantes edifícios e infraestrutura urbana, que lhe dão suas principais feições atuais. O professor, que usa a história como forma de melhor entender o presente, comparou a cidade norte-americana com o Rio, e afirmou que os cariocas devem ter papel ativo no avanço do urbanismo de sua cidade, assim como aconteceu com os moradores de Chicago nas primeiras décadas do Século XX.
O ciclo de palestras foi fechado na quinta, dia 19 de abril. Cédric Libert, que já atuou com Zaha Hadid, entre outros grandes nomes, pontuou questões fundamentais – e até mesmo intrigantes – na relação dialógica entre arquitetura e arte. Destacando a importância de trabalhos de artistas como Rachel Whiteread, Libert mostrou projetos onde o limite entre os dois campos é quase praticamente imperceptível. A partir desta abordagem fundamentou sua palestra que teve como título “Grau Zero”, em alusão à predominância da questão do espaço em seus projetos, em detrimento às narrativas tipológicas ou funcionais.
Ao final do ciclo de palestras, a também Vice-Presidente de Relações Institucionais do IAB-RJ, Fabiana Izaga, disse que o instituto ficou muito satisfeito com o resultado das conferências. “Recebemos muitas pessoas que não estavam diretamente envolvidas com as atividades pedagógicas dos professores e dos alunos brasileiros e estrangeiros, e isso é muito importante para ampliar os horizontes dos debates”. Completou ainda dizendo que o resultado final do Workshop de Projetos sobre “Clusters Híbridos – Cidade Aeroportuária, Cidade Universitária e Cidade Portuária” será objeto de futura publicação.
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