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Higiene íntima da mulher:
Tanto quanto escovar os dentes e tomar banho, a higiene íntima deve fazer parte do cuidado pessoal diário. Além de eliminar odores, o asseio previne infecções e a proliferação de fungos, sobretudo nas mulheres, que têm anatomia genital mais recolhida.
A vagina possui proteção natural, promovida por uma população de bactérias do grupo Lactobacillus casei, que formam a chamada flora vaginal. Esses lactobacilos têm a função de converter a lactose e outros açúcares simples presentes na região em ácido láctico. Assim, o pH (medida do nível de acidez) na região fica ácido, impedindo que fungos e bactérias se proliferem, já que esses micro-organismos não conseguem sobreviver à acidez. Entretanto, sozinhos, os lactobacilos não conseguem proteger totalmente a vagina, e por isso faz-se necessária uma boa higiene adicional.
Embora muitos achem que tais cuidados são hábitos disseminados entre as mulheres o Dr. Paulo César Giraldo, professor titular de ginecologia da Unicamp, afirma que muitas delas não costumam limpar adequadamente as partes íntimas, ora por vergonha de se tocar, ora por não achar necessário. “Isso é uma falha, já que a proliferação de fungos e bactérias na vulva gera coceiras, irritações e corrimento”.
Mas atenção: higiene íntima não quer dizer higiene interna. A limpeza deve concentrar-se na região da vulva, sem ser direcionada para a vagina. “Comparada aos pequenos e grandes lábios, essa região possui menor acúmulo de gordura, portanto não há necessidade de higienização mais intensa, já que a adiposidade presente é suficiente para manter a vagina umidificada e não favorece o acúmulo de sujeira. Além disso, essa região possui pH menos ácido (quanto mais ácido, maior o controle de bactérias e fungos) e o nível de acidez pode ser comprometido pelos jatos de água e por sabonetes alcalinos, eliminando a proteção natural e facilitando a proliferação de micro-organismos nocivos”, explica Dr. Paulo.
A recomendação é que a higiene deve ser feita três vezes ao dia, de preferência com água, sabonete especial e usando somente os dedos. Esponjas, cotonetes ou qualquer outro apetrecho devem ser descartados, pois podem raspar a vulva e provocar ferimentosOs dedos oferecem maior mobilidade na hora da limpeza, o que é bastante importante para lavar o clitóris e retirar todo o esmegma, um resíduo branco formado pela combinação de células epiteliais, óleo e gordura genital. Na vulva, os movimentos devem ser leves e circulares. Depois, com os dedos na horizontal, a limpeza deve ser feita da vagina para o ânus, para que não haja contato do material retal com o genital”, explica Dr. César Fernandes, presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo).
Outra observação vai para o tipo de sabonete escolhido. Dr. Giraldo ressalta que as mulheres devem optar pelas versões feitas especialmente para a higiene íntima feminina. Esses produtos possuem o pH necessário (em torno de 5 ou 6) para manter a região equilibrada e evitar a proliferação de fungos e bactérias. Também deve ser dada preferência aos sabonetes líquidos, visto que os em barra são mais alcalinos e facilitam a contaminação, pois a mesma superfície acaba sendo compartilhada por diversas pessoas.
Nos casos em que uma rotina movimentada não permite o asseio constante, aconselha-se a limpeza com lenços umedecidos, para que restos de papel e sujeiras orgânicas não fiquem acumulados na vulva. “Prefira os lenços sem perfume, pois a fragrância pode irritar a pele. Vale lembrar que mesmo os lenços perfumados são mais adequados que o papel higiênico, que pode arranhar a vulva”, explica o Dr. Giraldo.
Os seios também merecem atenção especial na hora do banho. “Deve-se passar sabonete e secar muito bem a parte de baixo, nas ‘dobrinhas’, para que não fiquem sujos e úmidos, facilitando a proliferaçãode bactérias”, explica o Dr. Fernandes.
Durante a menstruação, uma das dicas mais importantes é remover constantemente os coágulos de sangue que se instalam na vulva.Em relação ao tempo de troca dos absorventes, ambos os especialistas defendem a mesma opinião: devem ser trocados de acordo com o fluxo menstrual da mulher. Caso seja intenso, a troca deve ser constante, preferencialmente de hora em hora.
Não é recomendável que o mesmo absorvente seja utilizado por muito tempo. O uso contínuo pode causar até isquemia, que é a interrupção de circulação sanguínea na região. Os absorventes do tipo interno só devem ser utilizados em ocasiões específicas, como na praia, por exemplo.
As peças íntimas (calcinha e sutiã) podem ser importantes aliados para manter o órgão sexual feminino seco e protegido. Os tecidos ideais são os mais arejados e com menor capacidade de absorver produtos de limpeza, como o sabão em pó utilizado para lavar as roupas. Ao contrário do que dizem, nem sempre o algodão é o melhor tipo de tecido para peças íntimas. Apesar de serem mais macios e confortáveis, o que é ideal para praticar esportes, o algodão absorve mais resíduos do que outros materiais. Caso a mulher transpire bastante, resíduos do sabão utilizado na lavagem da roupa íntima podem ser liberados e acabar irritando a região.
Outra dica é usar roupas que permitam maior ventilação para a vagina, como saias e vestidos. No caso dos sutiãs, é melhor evitar os que possuam arame na parte inferior e os meias taças. Apesar de modelarem os seios, as peças desse tipo podem machucar a parte de baixo dos seios e, por serem mais vedados por conta do ferro, facilitam a proliferação das bactérias. O sutiã tem que ser firme, mas sem causar muita compressão.
Assim como a falta de higiene, o excesso de limpeza também pode trazer problemas. Os cuidados não devem levar mais de três minutos, caso contrário pode haver ressecamento e traumatismos na região vaginal. Em alguns momentos, como no período menstrual, depois de exercícios físicos e no pós-parto, o asseio deve ser feito com mais frequência , já que a região fica mais úmida, mas sempre com cautela, pois trata-se de uma região muito sensível.
Infecções consequentes
As três infecções genitais mais comuns decorrentes de falta de higiene são a tricomoníase, causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, a garnderella, consequência da superpopulação de bactérias do tipo Gardnerella vaginalis, e, a mais conhecida, a candidíase, originada pelo fungo Candida albicans.
Os sintomas das infecções são facilmente percebidos e bastante parecidos. Geralmente, há corrimento intenso, de cor amarelada ou esverdeada, odor desagradável, prurido, coceira e, muitas vezes, sujeiras e manchas brancas, semelhantes à nata de leite, nas paredes da vulva.
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