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27/02/2013 - 23h51
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Ministério da Saúde desenvolverá, entre os dias 18 e
22 de março, campanha para detecção precoce de hanseníase em mais de
9,2 milhões de estudantes de escolas públicas, em cerca de 800
municípios do país. As ações serão executadas por equipes de agentes
comunitários e profissionais do Programa Saúde da Família (PSF).
A medida foi anunciada hoje (27) pelo ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, durante o Encontro Nacional do Movimento de Reintegração das
Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Participaram da abertura do
encontro a ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República, Maria do Rosário, o governador do Rio, Sérgio
Cabral, e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que
foi um dos homenageados, por ter promovido, quando presidente, ações de
combate à doença e reparação aos antigos pacientes que viviam isolados
em colônias.
Serão priorizados estudantes de 5 a 14 anos, em municípios com alto
índice da doença, que antigamente era conhecida como lepra. Também
haverá exames para identificar verminoses. Os profissionais de saúde vão
verificar se os jovens que já foram diagnosticados com hanseníase estão
recebendo tratamento médico adequado.
Durante o encontro do Mohan, Padilha assinou portaria destinando R$ 1,6
milhão para equipar dez centros de Prevenção de Incapacidade e
Reabilitação. Também haverá repasse de verbas, na ordem de R$ 4,4
milhões, para construção de academias da Saúde em municípios que abrigam
ex-colônias de hanseníase, com objetivo de proporcionar espaços
dedicados ao aprimoramento físico, em 30 municípios que têm prioridade
nos pedidos de construção de novos polos do programa.
Apesar da diminuição do número de casos da doença no país, em 2011
foram identificados 33.955 doentes, representando uma queda de 25,9% em
uma década, comparado a 45.874 casos em 2001. Atualmente, a hanseníase
está mais presente em sete estados (Mato Grosso, Tocantins, Maranhão,
Pará, Rondônia, Goiás e Mato Grosso do Sul), que têm coeficiente de
prevalência [pacientes em tratamento] acima de três casos para 10 mil
habitantes, o dobro na média nacional, de 1,54 caso por 10 mil
habitantes.
A hanseníase é transmitida quando se tem um contato muito próximo com o
doente. Dificilmente é transmitida em um ônibus ou local público, por
exemplo. A doença tem cura e o Sistema Público de Saúde (SUS)
disponibiliza medicamentos gratuitos para o tratamento. O uso de
remédios interrompe a transmissão da doença em 48 horas.
Até a década de 1980, a legislação recomendava o isolamento compulsório
dos pacientes em colônias, chamadas de leprosários, e obrigava a
entrega dos bebês de pais com hanseníase para adoção, o que levou à
separação de milhares de famílias. Em 1986, as colônias foram
transformadas em hospitais gerais, com a abertura dos portões e a
derrubada dos muros.
Em 2007, a Lei 11.520, aprovada durante o governo Lula, garantiu pensão
vitalícia de R$ 750, fornecimento de próteses e cirurgias pelo SUS aos
pacientes. Lula disse que acredita na erradicação da doença no país. “Eu
acho que a presidenta Dilma [Rousseff] tem todo interesse em fazer com
que, até 2015, a gente não tenha mais hanseníase no Brasil. Eu estou
convencido que, quando um governo tem vontade, como tem a presidenta
Dilma, a gente pode chegar em 2015 e anunciar que finalmente acabou a
hanseníase no país”, disse. Lula recebeu o Prêmio Bacurau, pelas suas
contribuições para garantir os direitos humanos aos atingidos pela
doença.
Edição: Aécio Amado
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