Os estudantes, através de suas representações estudantis como a UNE e a UBES, sempre se mostraram participativos, politizados e socialmente engajados as grandes causas e bandeiras em debate no Brasil, em especial nos anos 1960. |
As assembléias são tão antigas quanto a própria humanidade. Representam a busca do consenso, da unidade, da discussão e do debate. Foram se estabelecendo no encontro das pessoas que pensavam as várias questões pendentes dentro de suas comunidades. Tem justamente o espírito da comunhão celebrada pela humanidade nos momentos em que, apesar da diversidade e das diferenças que nos são tão peculiares e ainda que no calor do enfrentamento de ideias e opiniões, conjugamos verbos afins.
Já dizia Voltaire que podemos até mesmo não concordar quanto a certas ideias, mas não há como furtar-se do dever, da responsabilidade e do compromisso de lutar pela livre expressão das diferentes formas de pensar.
E é justamente no momento em que nos reunimos em torno dos diversos temas que mobilizam a humanidade, em assembléias, que paramos para considerar, pesar, avaliar, comparar e debater o pensamento alheio e o nosso próprio.
Felizes aqueles que podem participar de tal encontro. Celebra-se em assembléias o espírito coletivo, a maturidade do pensamento, a possibilidade do consenso, o saudável momento da partilha e a felicidade da resposta pensada por todos e aprovada pela maioria.
Assembléias são reuniões que nos permitem olhar o outro, escutar suas proposições, entender seus anseios, pensar por um olhar diverso ao nosso próprio. Simulamos a vida em seus diferentes momentos de embate, aprendemos e ensinamos.
Temos que estar preparados para as assembléias, tanto para falar, expor nossas opiniões, apresentar nossos projetos quanto, mais difícil ainda para a maioria das pessoas, escutar, ouvir de forma atenta, perceber realmente aquilo que os outros têm para apresentar.
Pensar as assembléias na escola, enquanto momento no qual os alunos debatem questões pendentes no tocante a seu próprio cotidiano educacional, articulando-se de forma presente e premente na busca de soluções que atendam aos interesses da coletividade reunida na sala de aula representa muito.
Significa tanto o exercício que deve ser prematuro mesmo da democracia quanto as mais ricas lições de convívio, cidadania, ética e respeito que a escola pode legar. As assembléias na sala de aula representam a preparação para a entrada e participação social engajada que tantos propõem e pensam como parte da escola, mas que, por conta de inúmeros compromissos já assumidos pela instituição, acabam se perdendo no meio do caminho.
Se queremos e ansiamos por uma sociedade na qual as pessoas tenham real consciência de seu compromisso coletivo, se pensamos e lutamos por uma educação que seja emancipadora e politicamente engajada, se desejamos que nossos estudantes se tornem homens e mulheres que irão ajudar o mundo a se tornar um lugar mais justo, as lições das assembléias amadurecidas já na Grécia Antiga, pelas ruas de Atenas, em seus prédios públicos ou nos dizeres de sábios como Sócrates ou Platão, têm que ser colocadas em prática já nas escolas.
Por João Luís de Almeida Machado
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