Febre Q:
Há algumas semanas, o Jornal do Brasil publicou uma matéria sobre a confirmação do primeiro caso de Febre Q no estado do Rio de Janeiro. A confirmação se deu por análise molecular realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). O trabalho confirmou o diagnóstico e comprovou a circulação da bactéria em uma pequena propriedade rural localizada na região metropolitana da capital. Anteriormente, existiam apenas evidências sorológicas de circulação da doença no estado. Para os interessados, a matéria na íntegra pode ser encontrada nos Posts do Clipping CIEVS RIO nesse mesmo Blog.
A primeira descrição da febre Q no Brasil data de 1953, em São Paulo, e embora existam estudos soroepidemiológicos que evidenciem a circulação da bactéria no país, apenas recentemente os casos têm sido identificados. A pesquisadora Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC, conta que em um estudo recente também desenvolvido pelo IOC, foram realizadas análises sorológicas em indivíduos HIV reativos, e destes, quatro pacientes do sexo feminino apresentaram anticorpos anti-C.burnetti.
A Febre Q é uma zoonose de distribuição mundial causada pela Coxiella burnetii, encontrada no muco vaginal, leite, fezes, urina e placenta de diversos mamíferos: como bois, vacas, ovelhas, cabras, cães e gatos. A bactéria, com o tempo, se transforma em partículas dispersas no ar, e com o vento e o tempo seco podem viajar por até 2km. O contágio, embora menos frequente, também pode ocorrer pela ingestão de alimentos contaminados, como o leite in natura. Em humanos, Febre Q pode se manifestar clinicamente como doença aguda ou crônica. Caracteriza-se por um amplo espectro de manifestações clínicas, que podem ir desde uma síndrome febril auto limitada até à endocardite e ainda a outros quadros com compromisso orgânico grave, potencialmente fatais. A endocardite é a forma crônica mais frequente da febre Q e de maior morbimortalidade.
No mundo, a doença é conhecida desde a década de 1930 na Austrália. Motivo de preocupação em países europeus como França e Holanda, onde vários surtos da zoonose foram registrados nos últimos anos, a doença ainda é pouco conhecida no continente americano. São raros os registros da doença no Brasil, entretanto, estudos soroepidemiológicos mostraram uma frequência relativamente elevada de anticorpos contra Coxiella burnetii em populações com exposição ocupacional.
Para conhecer melhor a Febre Q, a publicação de Portugal intitulada Febre Q: revisão de conceitos, disponível na Biblioteca CIEVS RIO na Plataforma Otics, pode ajudar. Outra publicação interessante é o artigo “Endocardite por Coxiella burnetii (febre Q). Doença rara ou pouco diagnosticada? Relato de caso” também disponível na nossa biblioteca.
Até sexta-feira que vem,
Equipe CIEVS RIO
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