O ritmo estressante da vida contemporânea tem contribuído para o surgimento e/ou agravamento de muitas doenças, desencadeadas ou determinadas pela sobrecarga emocional. E a pele também sofre com toda essa pressão mental. “Cada vez mais constata-se a prevalência de órgãos e sistemas participando das influências das emoções”, diz o dermatologista Fernando Passos de Freitas.
As mensagens entre o sistema nervoso e a pele se dão por meio de substâncias químicas, os neuropeptídios, que levam os códigos das variações psicológicas para a pele. Essa comunicação é constante e imediata, provocando alterações muito sutis como alterações na produção do suor. No entanto, algumas reações não são tão discretas e algumas doenças podem se agravar devido a esse turbilhão de pensamentos.
Psoríase
Ela se apresenta desde sob a forma de mínimas lesões até uma forma mais severa, em que a pele de todo o corpo pode estar comprometida. A forma mais frequente é a Psoríase em placas, caracterizada pelo surgimento de lesões de cor avermelhada e descamativa bem delimitadas e de evolução crônica. Também é comum ocorrerem fases de melhora e de piora, possivelmente devido às oscilações emocionais. Em casos mais leves, o tratamento é feito por meio de medicações tópicas. A resposta ao tratamento varia de um paciente para outro e o componente emocional nunca deve ser menosprezado.
Dermatite Seborréica
Conhecida popularmente como caspa, a Dermatite Seborréica tem caráter crônico, com tendência a períodos de melhora e de piora. A doença costuma se agravar no inverno e em situações de fadiga ou estresse emocional. Suas manifestações mais frequentes ocorrem no couro cabeludo e são caracterizadas por intensa produção de oleosidade (seborreia), descamação (caspa) e prurido (coceira). A caspa pode variar desde fina descamação até a formação de grandes crostas aderidas ao couro cabeludo. O tratamento geralmente é feito com medicações de uso local na forma de xampus e loções capilares. Há casos em que a medicação via oral é indicada. Evitar o estresse ou tratar problemas emocionais que possam estar mantendo o quadro podem colaborar para a melhora.
Vitiligo
É uma patologia de despigmentação, em que manchas brancas leitosas surgem na pele, especialmente nos pés, mãos, órgãos genitais e face. Normalmente são bilaterais, mas também se apresentam únicas, isoladas ou disseminadas. Embora o elemento emocional não esteja relacionado ao surgimento dessas manchas, alguns pacientes referem problemas emocionais consideráveis depois do aparecimento das lesões, acompanhado de substancial piora do quadro clínico. Apesar de o Vitiligo não causar nenhum prejuízo à saúde física, as alterações estéticas costumam causar distúrbios psicológicos, por isso, o tratamento emocional pode ser fundamental para um bom resultado do tratamento da doença.
Dermatite atópica
É um transtorno crônico e recorrente que se caracteriza por lesões com vermelhidão, prurido intenso e ressecamento em diferentes partes do corpo, que se apresenta em episódios agudos, por tempos e intensidade variáveis. Vale destacar que o estresse pode elevar ou contribuir para uma crise de Dermatite Atópica. No entanto, ele não é a causa do transtorno em si. Algumas vezes os episódios desaparecem espontaneamente e dispensam medicamentos ou cremes especiais que podem ser prescritos em crises mais acentuadas.
Acne
As lesões surgem mais na face, ombros, peito e costas e variam de intensidade conforme o tipo de pele. Dor, coceira e irritação nas áreas afetadas são sintomas da doença. Além desses, por causa da aparência que as lesões conferem aos portadores, podem surgir problemas emocionais e comprometimento da autoestima. Hereditariedade, predisposição genética, alterações na produção dos hormônios sexuais, infecção por bactérias e até o estresse são considerados fatores de risco para a sua manifestação ou o seu agravamento. O tratamento tem como referência o tipo e a gravidade das lesões. Em casos mais leves, pode ser suficiente a aplicação local de medicamentos para desobstruir os folículos pilosos. Já os antibióticos por via oral ou tópica representam uma opção terapêutica para os casos mais graves.
Fonte: Fernando Passos de Freitas, Dermatologista
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