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Alexandre Padilha: Cuidar dos dentes é cuidar da saúde integral do cidadão:
No passado, o serviço público de saúde bucal no Brasil se caracterizou como uma das áreas da saúde de maior exclusão social, pois se tratavam de ações reativas, apenas no sentido do atendimento de demanda. Estudo concluído em 2003 pelo Ministério da Saúde apontou, por exemplo, que 13% dos adolescentes nunca haviam ido ao dentista, 20% da população brasileira havia perdido todos os dentes e que 45% dos brasileiros sequer possuíam acesso regular à escova de dente. Mas isso está mudando.
Com a implementação da Política Nacional de Saúde Bucal, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil Sorridente é hoje o maior programa odontológico público e gratuito do mundo. São mais de 21 mil equipes de dentistas e técnicos em saúde bucal em consultórios odontológicos nos centros de saúde e nas mais de 180 Unidades Odontológicas Móveis (UOM), cobrindo quase 90% das cidades brasileiras, atendendo a população nas localidades mais pobres e distantes do País. Para se ter uma ideia, em 2011, o Brasil Sorridente fez mais de 150 milhões de atendimentos, dos mais simples aos mais complexos. E esse número crescerá, porque o Ministério da Saúde tem adquirido, gradualmente, mais consultórios para oferecer mais serviços. Estou convencido de que temos mudado a história de muitas pessoas que não iam ao dentista porque não tinham dinheiro para pagar o tratamento.
Mas precisamos aprimorar e ampliar os investimentos para que a população tenha um tratamento dentário continuado, que vá desde a infância até a idade adulta, seja prevenindo cáries, fazendo obturações ou atendimentos especializados, como canal, tratamento de gengiva. Em parceria com estados e municípios o Ministério da Saúde tem antecipado o repasse dos recursos a estes entes federados para organizarem mutirões e atendimento nas áreas rurais e nos assentamentos. Ou seja, onde a população mais pobre não tem acesso aos serviços. Serão R$ 3,6 bilhões de investimentos no Brasil Sorridente até 2014.
O Programa Brasil Sorridente tem também uma ação fundamental que ingressa o plano Brasil Sem Miséria para incluir socialmente a população de extrema pobreza, que é a confecção de próteses dentárias, as chamadas dentaduras. Estima-se que hoje, no Brasil, são 4,3 milhões de adultos precisando dessas dentaduras. Ao ofertar essas próteses, o Ministério da Saúde age nas saúdes física e psíquica do cidadão. Nesta, dando mais qualidade de vida às pessoas, que muitas vezes têm dificuldade de se socializarem, com vergonha de conversar, sorrir ou até mesmo de conseguir um emprego. Naquela, porque ao cuidar dos dentes, prevenimos problemas de digestão, no coração e até nos rins. Por isso, também estamos investindo na instalação de novos laboratórios de prótese para que eles possam produzi-las nas diferentes regiões do País. Atualmente, destinamos mais de R$ 8 milhões para confecção de dentaduras e há laboratórios habilitados em mais de 1.300 municípios brasileiros. E foram esses laboratórios que entregaram 340 mil próteses só no ano passado.
O Ministério da Saúde tem trabalhado muito no Brasil Sorridente, programa que já é um dos principais do SUS. Ofertar à população atendimento odontológico de qualidade é cuidar da saúde integral da pessoa, logo, um dos nossos principais objetivos.
Alexandre Padilha é médico, ministro da Saúde e presidente do Conselho Nacional de Saúde.
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