Copa do Mundo e Olimpíadas podem ajudar a desenvolver o esporte nas escolas brasileiras:
Pesquisa revela que 30% das escolas públicas brasileira não tem nem um espaço adequado para as aulas de Educação Física.
Em ano de eleições municipais, organizações sem fins lucrativos têm se mobilizado para que essa questão seja colocada no centro do debate eleitoral. Nesse sentido, a ONG Atletas pela Cidadania, o Instituto Ethos, a Rede Nossa São Paulo e a Rede Brasileira de Cidades Sustentáveis, em parceria com a Fundação Avina e apoio da Cidade Escola Aprendiz têm organizado encontros com os candidatos à prefeitura em cada uma das 12 cidades-sede da Copa.
A ideia é aproveitar a discussão em torno do tema e propor metas que democratizem e qualifiquem o esporte no país. “Devemos seguir a inspiração de Londres, que investiu na questão sustentável das construções, mas também promoveu programas federais para aumentar a atividade física dos britânicos e melhorar a prática esportiva nas escolas”, afirma a diretora executiva da Atletas Pela Cidadania, Daniela Castro.
A instituição propõe que os candidatos assinem o Termo de Compromisso Cidades do Esporte, que visa o desenvolvimento de uma cultura esportiva e a garantia do acesso ao esporte de qualidade. Para isso, deve-se dobrar a prática esportiva dos moradores das cidades-sedes, até 2016, e da população em geral, até 2022; ter 80% das escolas públicas das cidades-sede com aulas qualificadas de educação física, e em 100% do país, até 2022; além da criação de um Sistema Nacional do Esporte.
Daniela explica que será feito monitoramento e um relatório anual da evolução dos indicadores dessas metas. O termo foi assinado por candidatos do Rio de Janeiro, Manaus (AM) e Cuiabá (MT), onde o encontro já foi realizado. O próximo debate será promovido em São Paulo, em 1º de agosto, no Teatro do Sesc Consolação.
Esporte educacional nas escolas
Quando o assunto é esporte nas escolas brasileiras, existem problemas não só de infraestrutura, mas também de qualidade do ensino. Uma pesquisa realizada pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística), em novembro de 2011, em escolas públicas do Ensino Fundamental e Médio do Brasil revela que 30% desses estabelecimentos não oferecem um espaço qualquer para a prática de Educação Física – não necessariamente uma quadra. Além disso, 13% não têm bola de futebol e 56% não têm um vestiário adequado.
Apesar da maioria dos professores entenderem a importância da prática esportiva no desenvolvimento dos alunos, 21% afirmam que a Educação Física não é tratada com a mesma importância de outras disciplinas. Daniela acredita que isso é bastante prejudicial para a qualidade da educação. “Se o esporte fosse inserido dentro de um projeto pedagógico, ele poderia contribuir para o aprendizado de outras matérias e aumentar o interesse do aluno pela escola, diminuindo a evasão escolar”, enfatiza.
Esporte Educacional
Conceito criado pela Unesco para a prática esportiva que transcende a busca por performance e resultado e se fundamenta em valores de co-educação, emancipação, participação e cooperação.
A organização trabalha o conceito de esporte educacional elaborado pela Unesco, o mesmo defendido pela Atletas pela Cidadania. “Nada mais é do que o esporte de qualidade voltado a todos, contribuindo para a formação integral dos indivíduos e não simplesmente para o alto rendimento, que são as competições e a conquista de medalhas, dando menos ênfase ao ganhar e mais ao participar”, explica.
Segundo ela, esse tipo de trabalho pode estimular o aprendizado de valores como disciplina, cooperação, emancipação, totalidade e ainda desenvolver noções de pertencimento, o que ajuda na transformação e inclusão social. Patrícia explica que 75% dos professores ainda são adeptos da prática livre, o que na maioria das vezes gera uma segregação entre os alunos mais hábeis e os menos hábeis.
Em contrapartida, a ideia do esporte educacional é que o esporte de qualidade seja levado a todos da mesma forma, sem diferença de gênero ou habilidades motoras. “Preparamos os atletas para ganhar medalhas nesses grandes eventos, mas depois disso, não vai ficar nada. Precisamos criar uma estrutura sólida, pensar no esporte lá da base para que haja uma real transformação no país”, finaliza.
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