sábado, 10 de novembro de 2012

FLUPP começa com prosa e música

 http://www.uppsocial.org/
FLUPP uma boa idéia, saiba um pouco mais lendo o texto abaixo.
FLUPP começa com prosa e música:
Que nas rodas de amigos nascem as melhores ideias, todos podem até imaginar. Mas a FLUPP, iniciada ontem no Ginásio Experimental Olímpico,em Santa Teresa, é um exemplo real, que agora beneficia milhares de pessoas. “Naquele momento, essa ideia de festa literária em favelas pelo Rio parecia mais um dos famosos delírios do Júlio”, disse Ecio Salles, um dos idealizadores da FLUPP. Júlio Ludemir propôs a iniciativa a Ecio, em uma conversa de bar, pouco após voltar da FLIP, em 2010. O “devaneio” foi dividido com a pesquisadora de literatura Heloisa Buarque de Holanda e o autor Luis Eduardo Soares. Na noite de ontem, o quarteto, ao lado do agitador cultural Charles Siqueira, do núcleo Galera.com, subiu ao palco do Ginásio Experimental Olímpico,em Santa Teresa, na cerimônia de abertura da Festa Literária das UPPs – um projeto que ajudou a tornar a literatura mais próxima das crianças e moradores das favelas pacificadas.


Charles Siqueira, do Galera.com, e os idealizadores Luiz Eduardo Soares, Heloisa Buarque, Julio Ludemir e Ecio Salles participaram da abertura
Emocionado, Ecio Salles contou que, quando criança, não havia uma biblioteca próxima de sua escola, em Manguinhos. “Eu queria que mais gente como eu, que não tem bibliotecas, tivesse a oportunidade de se encantar com a literatura”. O diretor da FLUPP ressaltou a importância das parcerias que viabilizaram a ação, entre elas a com a UPP Social e o Instituto Pereira Passos. “A parceria com a UPP Social foi determinante para tornar a FLUPP possível. É uma grande aliada e espero que essa parceria seja duradoura, nos dando legitimidade e confiança na atuação junto ao território”, disse.  “Apreciar literatura é ter acesso a um meio barato, fácil e inesgotável de aprender, desenvolver o espírito crítico e se divertir. A FLUPP é um meio de acesso da população das áreas de UPP a essa arte. Por isso, a UPP Social foi parceira da FLUPP desde o início, ajudando a articular o apoio de outras instituições da Prefeitura e também da iniciativa privada.

Eduarda La Rocque, presidente do IPP e coordenadora da UPP Social, e a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, participaram do evento
A secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, enfatizou a importância do trabalho de educação nas favelas pacificadas, ressaltando que as notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos colégios da Prefeitura do Rio localizados em áreas pacificadas, tiveram um crescimento de 42,8% no último ano. “Onde existe pacificação, existe uma possibilidade maior de educação. A pacificação está refletindo em resultados muito positivos de aprendizado”, disse ela, ao apontar para Orquestra de Vozes Meninos do Rio, composta por centenas de alunos de 23 escolas da Prefeitura, que tem como objetivo estimular a inteligência musical das crianças.

A Orquestra de Vozes Meninos do Rio animou a festa
O Comandante das UPPs, Coronel Seabra, se apresentou com um grupo de policiais. Ele endossou o dito por Costin. “A pacificação abre o caminho para a educação, para a cultura, para os serviços públicos entrarem nestas comunidades. O Ideb aumentou, pois as crianças não tem mais medo, não vivem mais em situação de risco. Podem dormir descansadas, podem ir e vir das escolas em segurança, podem frequentar as aulas, e isso se reflete no ensino. Temos que comemorar”, comentou.
 “A UPP mudou as nossas vidas, a FLUPP também vai mudar nossas vidas. Eu nunca estive em um evento assim”, disse a moradora do Morro dos Prazeres, Rosângela Faria Vaz, de 29 anos. Sua filha, Agatha Beatriz, de 8 anos, disse que começou a estudar e ler mais na escola este ano. “Com mais incentivo dos professores, estou lendo mais. Já li vários livros este ano”, disse.
Para moradora Fabiana Almeida, de 36 anos, a FLUPP trará melhores condições de educação para as crianças. “O projeto vai mudar nossa comunidade, é um presente. As crianças terão melhores oportunidades de aprendizado com os cursos e oficinas que serão feitos até domingo”, disse.
Emoção e aplausos de pé
 Atração mais esperada da noite de abertura, Ariano Suassuna foi aplaudido de pé ao contar histórias de seu dia a dia e sobre a criação de  O Auto da Compadecida, peça teatral de 1955 que mistura cultura popular e tradição religiosa, e que caiu no gosto popular após virar minissérie em 1999 e ir para os cinemas em 2000.  “O valor religioso é importante para o brasileiro, para o nordestino. E esse é o nosso grande povo brasileiro, que é o mesmo aqui no Rio, no Rio Grande do Sul, em Goiás, no Nordeste, lá na Amazônia. Eu tenho viajado este país todo. Essas mesmas caras que eu vejo aqui, eu vejo nos outros cantos. É sobre esse povo que eu escrevo, para o meu país. Escrevo para eles e sobre eles. Assim nasceu João Grilo e Chicó, por exemplo, de figuras do meu cotidiano”, disse.

O escritor pernambucano Ariano Suassuna falou sobre a criação de seus personagens
Ariano arrancou risos da plateia ao dizer que não acha muita graça nos novos comediantes. “Outro dia fui ver uma peça de um desses novos comediantes, mas não achei graça. Eu só acho graça em obscenidade quando ela é dita com inteligência. Eles falam muitos palavrões, mas nada é novidade pra mim. Conheço mais palavrões que eles por que venho do interior, ou seja, sei os palavrões da área rural e da cidade. Então, não tem graça”, falou ele, rindo.
A festa foi encerrada com shows: o escritor e compositor Braúlio Tavares cantou ao som do violão; já o rapper MV Bill e o líbio MC Swat fizeram a plateia balançar.

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