Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
“Na minha escola não tem boné, celular e aluno matando aula”, diz diretora de escola municipal de TaubatéNa lista das escolas em que os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são mais de 75% dos alunos da instituição, os primeiros colocados de São Paulo, como no resto do País, são particulares. Depois, aparecem as públicas fora da rede comum, como as técnicas profissionalizantes e as ligadas a universidades. Os dois tipos se intercalam até a posição 640, quando aparece a primeira pública regular: a Escola Municipal José Ezequiel Souza, em Taubaté.
Ao ser informada do resultado pelo iG, a diretora Maria Aparecida Franco Moreira reagiu com uma meiguice que contrasta com a linha dura que adota. “Foi o melhor presente que recebi em 30 anos de carreira”, disse, resumindo sua receita em seguida: “Voz firme e exemplo”.
Convidada pela secretaria municipal de Taubaté a assumir a unidade há 11 anos, segundo ela própria “por sua fama”, ela conta que a unidade nem sempre teve sucesso. Apesar de receber os melhores alunos da rede municipal no último ano do fundamental, a instituição trabalha com todas as salas acima de 40 alunos e o ensino médio é noturno. "A diferença é o compromisso e a disciplina", diz.
“Aqui nós temos professores que vestem a camisa da Educação e, além da questão pedagógica, estamos sempre atentos à disciplina”, conta. Quem “sai da linha” vai para a sala dela – seja estudante ou professor. “Vocabulário, por exemplo, professor tem que ter auto-controle, não pode chamar aluno por apelido”, diz.
Para qualquer incidente, a escola faz boletim de ocorrência, abreviado lá, como nas delegacias, por BO. “É tudo xerocado e passado para pai, aluno, professor e direção, com isso a gente conversa e toma providências. Às vezes, até convido o aluno a se afastar um dia para pensar. Suspender não pode, mas eu convido”, conta.
Os pais são chamados frequentemente à escola para conversar sobre o comportamento dos filhos. “Semana passada, recebi 15 e um deles vai assistir à aula ao lado do filho a partir de segunda-feira”, afirma. “Os pais também sabem que podem contar com a gente. Outro dia um adolescente chegou em casa e disse para a mãe que não teve aula porque só tinha três alunos. Ela ligou para cá para confirmar e pedi que voltasse com ele para contarmos pessoalmente. Então, fomos até a porta da sala e disse: conte rapaz.”
Faltas são reprimidas com prova. Se Maria Aparecida descobre, por exemplo, que alguém marcou festa de aniversário em dia de semana, agenda os exames para os três dias seguintes. “Outra coisa que não existe na minha escola é parede (aluno faltar na sexta para emendar com o fim de semana). Nós marcamos todas as provas para sexta-feira”, diz. “Também não deixo usar boné e celular, coloco recados da proibição pelas paredes e na porta da secretaria, para os pais verem enquanto esperam.”
Segundo ela, o resultado vem no final de cada ano. “A recompensa vem no vestibular. Os alunos passam nas melhores faculdades.”
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