Crack: ONG aposta na recuperação de crianças e adolescentes:
Investir na recuperação e reintegração de crianças e adolescentes, ex-dependentes de crack e outras drogas. Essa é missão da Casa Ser Criança, instituição de acolhimento situada em Pedra de Guaratiba, região da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Ao todo, a Casa acolhe 42 menores, todos do sexo masculino, na faixa etária de 10 e 17 anos. Entre as atividades desenvolvidas no decorrer da semana estão brincadeiras, aulas de educação física, matemática, pintura e hip hop, além de jogos de futebol, entre outras.
Visitar a Casa Ser Criança foi uma das agendas do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na última sexta-feira (13/4), durante estadia na capital fluminense. Na noite anterior, dia 12/4, o ministro acompanhou equipes de profissionais da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura do Rio de Janeiro na abordagem de moradores de rua e dependentes de crack e outras drogas na região da Central do Brasil, no centro da cidade. Durante as atividades o ministro Alexandre Padilha foi acompanhado pelo secretário de assistência social do município, Rodrigo Bethlem.
Padilha conversa com usuários de crack no Centro de Rio de Janeiro | Foto: Erasmo Salomão / Ascom-MS
Durante a visita, o ministro Padilha conheceu as áreas de lazer e alguns dormitórios da Casa Ser Crianças e conversou com alguns dos adolescentes que vivem no local. Um deles é Ícaro, 13 anos, morando há cinco meses na Casa. Antes, ele circulava por Copacabana, onde cometia delitos e usava drogas. “Hoje eu jogo bola, nado e solto pipa”, diz Ícaro, com um sorriso no rosto.
Além das brincadeiras, Ícaro diz que também gosta da oficina de artes Alegria contra as drogas – Ser gente como gente tem que ser, que orienta as crianças e os adolescentes sobre a importância de se manter longe das drogas. O trabalho é desenvolvido pelo palhaço, ator e recreador Rogério Rodrigues. Sobre o trabalho, Rodrigues diz que “usa o lúdico para redesenhar o caminho de volta dessas crianças para a sociedade”.
Essa oficina também é uma das atividades preferidas de Cleiton, 14 anos. Ele é um dos internos que está prestes a sair da instituição, onde mora há 10 meses. Para ele, a oficina de teatro e a atividade lúdica induzem a refletir sobre a vida e a aceitar conselhos.
Embora existam várias atividades promovidas pelos educadores para despertar nos internos o desejo de retomar atividades como frequentar a escola, há barreiras que, muitas vezes, dificultam muito a vida dos meninos. Para o jornalista Aloísio Gomes e a advogada Vatuzy Ramos, que trabalham na ONG, um dos grandes desafios à reintegração das crianças e adolescentes à sociedade é a adesão e o apoio de familiares dos internos durante o tempo em que ficam na instituição. Muitos deles não recebem visitas de familiares.
Criada em 2009, a Organização Não Governamental (ONG) Casa Ser Criança é mantida pela Casa Espírita Tesloo e mantém suas atividades por meio de convênio com a prefeitura da capital fluminense. Trabalham na Casa mais de 20 funcionários, entre educadores, psicólogos, psiquiatra, assistentes sócias, técnicos de enfermagem e serviços gerais de limpeza e cozinha.
PARCERIA - O principal objetivo da visita do ministro ao Rio de Janeiro foi a formalização, no dia 13/4, da adesão da prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) e o governo do Estado ao programa do governo federal Crack, é Possível Vencer. O pacto entre as três esferas de governo visa aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção. A União deverá investir (com repasses e aplicação direta) no estado do Rio de Janeiro cerca de R$ 240 milhões até 2014.
Antes do Rio de Janeiro, Pernambuco e Alagoas já formalizaram adesão ao programa que segue três eixos: prevenção, cuidado (tratamento) e autoridade (enfrentamento ao tráfico de drogas). Esse conjunto de ações para o enfrentamento ao crack e outras drogas foi anunciado em 7 de dezembro pela presidenta Dilma Rousseff, em Brasília, e prevê R$ 4 bilhões em recursos federais até 2014.
Fonte: Ubirajara Rodrigues / Agência Saúde
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