A passagem da infância para a adolescência é uma fase de transformações físicas e psicológicas muito marcantes na vida da menina. Apesar de cada uma ter um tempo diferente de amadurecimento, a mudança causa ansiedade na maioria das jovens. Apresentar a chegada da menstruação não é tarefa fácil para a mãe ou para quem irá auxiliá-la, mas uma boa conversa e orientações corretas são primordiais para diminuir a apreensão das moças.
“A questão da menstruação é muito familiar. Uma mulher que lida ou lidou mal com a menstruação têm grandes chances de passar para a filha algum sentimento negativo sobre esse ciclo. Quando você passa esse olhar negativo ela já vai ter certo preconceito com a menstruação”, alerta a coordenadora da área técnica da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Esther Vilela.
Entre os primeiros sinais desse desenvolvimento estão o início do crescimento dos seios, o aparecimento de pêlos na região pubiana e embaixo dos braços. Também pode haver aumento de altura e de peso, o quadril pode ficar mais largo e na pele podem surgir espinhas. Do início dessas transformações até a primeira menstruação pode levar cerca de dois anos. A menarca pode acontecer a partir dos nove anos, mas a maioria das meninas menstrua pela primeira vez entre os 11 e 13 anos. Vale lembrar que existem casos nos quais o sangramento só acontece aos 16 anos.
A coordenadora explica que não existe uma data exata para procurar um ginecologista pela primeira vez: “Antigamente o papel de orientação era somente das avós e das mães, que transmitiam e explicavam o significado disso tudo. Hoje, isso tem mudado e essa questão está entregue também ao serviço de saúde”.
Esther também lembra que, para a menina saber lidar melhor com essa nova fase, é importante a marcação no calendário do período menstrual, atenção aos sintomas físicos e as sensações emocionais que ocorrem dias antes e durante a menstruação para conhecer melhor o corpo e ter maior controle, mesmo tendo ciclos irregulares. Durante os dias que estiver menstruada, a menina deve evitar usar roupas apertas, porque prejudica a circulação e nesse período elas tendem a ficar mais inchadas devido a retenção de líquido no organismo.
Cólicas menstruais – A cólica é um dos principais temores das meninas em relação à menstruação. Algumas orientações podem ajudar a evitar e a minimizar as dores. “Manter hábitos saudáveis é muito importante nessa fase. Coisas simples como evitar ingerir carne vermelha, refrigerante e produtos enlatados já ajuda. A obesidade na adolescência tem aumentado e é nesse período que elas podem desenvolver diversos fatores que levam à doença. O mau funcionamento do intestino também é frequente entre as jovens e isso colabora para o mau funcionamento das funções reprodutoras”, explica a coordenadora.
Muitas mulheres tomam remédios para sanar a cólica, mas a medicalização excessiva, principalmente no início do período menstrual, pode ser prejudicial. “Antigamente existiam várias formas de lidar com as cólicas menstruais. Hoje, a menina começa a sentir um desconforto e já toma um remédio forte e isso não é bom. Existem outras maneiras de resolver como colocar bolsa de água quente no baixo ventre para aliviar; tomar chá de mentrasto (ageranto conizoide), um medicamento natural regulamentado pela Anvisa; e evitar praticar exercícios físicos quando estiverem com cólica para não acentuar a dor”, comenta.
As primeiras menstruações são anovulatórias e sem cólicas porque no inicio do sangramento ainda não existe um ciclo completo. “Depois de meses ou até anos é que a menina vai ter o ciclo ovulatório perfeito e pode desenvolver as cólicas menstruais. Se essas cólicas surgirem com certa frequência é importante ter algum tipo de orientação médica porque pode até ser uma endometriose ou algum tipo de problema que pode ser descartado ainda no início”, recomenda.
Acompanhamento – As Unidades Básicas de Saúde (UBS) têm profissionais capacitados para receber e orientar jovens com dúvidas sobre seu corpo e desenvolvimento. O Ministério da Saúde recomenda o acompanhamento voltado para a adolescente a partir dos 10 anos de idade e fornece a Caderneta de Saúde da Menina Adolescente, onde são registrados os marcos do desenvolvimento dessas jovens. Há orientações importantes, inclusive sobre o início do ciclo menstrual.
Sexualidade – É após o início do ciclo menstrual que as mulheres têm a possibilidade de engravidar. Com o início cada vez mais precoce da relação sexual, a coordenadora alerta para a questão do sexo seguro. “Toda mulher que iniciar a vida sexual, independente da idade, deve procurar orientações de um profissional da saúde. O preservativo é o método mais indicado para o sexo seguro, pois ele é um método de barreira que protege duplamente, contra gravidez indesejada e contra as DST / AIDS”, conclui a coordenadora da área técnica da Saúde da Mulher.
Camilla Terra / Blog da Saúde
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