Mais do que um problema com a aparência física, o sobrepeso e a obesidade causam desde uma série de problemas médicos até incômodos sociais e emocionais. “A obesidade é uma epidemia mundial de causa multifatorial resultante da interação de fatores genéticos mas, sobretudo, ambientais, que causa impactos na qualidade de vida. Já o sobrepeso é um alerta de que o indivíduo está a um passo de se tornar obeso”, esclarece Loraine de Moura Ferraz, nutricionista do Serviço de Assistência e Tratamento da Obesidade Mórbida (SATOM) do Hospital Federal do Andaraí (HFA), vinculado ao Ministério da Saúde.
A especialista explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o excesso de peso baseando-se no índice de massa corporal (IMC). O cálculo é feito dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado. Esta fórmula possibilita diagnosticar se uma pessoa tem um peso normal (IMC de 20 a 25), se está com sobrepeso ou excesso de peso (IMC de 25 a 30) ou ainda, se está obesa (IMC superior a 30).
Ela explica que a gravidade da obesidade é dividida em grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9; grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9 e, por fim, grau III (obesidade mórbida) na qual IMC ultrapassa 40.
“É importante que paciente e profissional da Saúde fiquem atentos para que os cuidados comecem antes do sobrepeso se tornar obesidade. Os problemas com a saúde, como aumento da pressão arterial, diabetes, artrites, dislipidemias, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e gastrointestinais, já começam nesta fase”, observa Loraine.
De acordo com a nutricionista do HFA, a maioria dos casos de excesso de peso ocorre quando se associa o abuso da ingestão calórica ao sedentarismo. “São hábitos que começam errado desde a infância. Parece genético porque a família toda está acima do peso, no entanto, é causado pelo mau hábito familiar, como ingestão em excesso de fast food, açúcares e pouco exercício físico”, observa Loraine.
Ela indica a promoção de bons hábitos alimentares desde a infância, com base no Guia Dez Passos para uma Alimentação Saudável. “É importante consumir diariamente porções do grupo de cereais, tubérculos, legumes, verduras e frutas e evitar comidas gordurosas, açúcar e sal em excesso”, frisa. E diminuir o tempo que crianças ficam em frente à TV e ao computador e estimular brincadeiras que gastem energia, como pular corda e jogar bola.
Se a pessoa já está com o IMC acima de 25, o que indica sobrepeso, ela lembra que é importante a conscientização da equipe de saúde sobre a importância da assistência multidisciplinar, buscando a melhora física, psíquica e social, para garantir a qualidade da assistência oferecida. “É essencial fazer dieta acompanhada com profissional qualificado e, após avaliação cardiológica, praticar atividade física para ajudar na perda de peso. Além disso, o endocrinologista deve ser procurado quando a pessoa tem problema hormonal como diabetes e hipotireoidismo”, explica Loraine.
Ela ressalta que sobrepeso e obesidade também causam problema social. “A pessoa não encontra roupa adequada, não consegue passar em roleta giratória ou ao menos encontrar cadeira apropriada em cinema, teatro ou avião. Isto acaba levando a pessoa ao isolamento”, frisa Loraine.
Linha de Cuidado - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou na terça-feira (19) portaria que cria a Linha de Cuidados Prioritários do Sobrepeso e da Obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). A nova linha define como será o cuidado, desde a orientação e apoio à mudança de hábitos até os critérios rigorosos para a realização da cirurgia bariátrica, último recurso para atingir a perda de peso.
A pessoa com sobrepeso (IMC igual ou superior a 25) poderá ser encaminhada a um pólo da Academia da Saúde para realização de atividades físicas e a um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) para receber orientações para uma alimentação saudável e balanceada. Toda a evolução do tratamento será acompanhada por uma das 37 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS), presentes em todos os municípios brasileiros.
Fonte: Ana Paula Ferraz/ Comunicação Interna do Ministério da Saúde
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