Desirèe Luíse
No próximo domingo (10/10), cerca de 6,2 mil ações de preservação do meio ambiente serão realizadas em 184 países. O objetivo é pressionar os líderes mundiais para a criação de um tratado que comprometa os países a reduzirem as emissões de dióxido de carbono (CO2), responsáveis pelo aquecimento global.
A campanha internacional Movimento 350 é a responsável pela mobilização. No Brasil, foram registradas 68 ações até esta terça-feira (5/10).
O objetivo do acordo é que a quantidade de emissões de dióxido de carbono seja diminuída para até 350 partes por milhão (ppm) – unidade utilizada para medir concentrações de CO2 na atmosfera –, número afirmado pelos cientistas que deveria ser o limite máximo atingido para evitar alterações climáticas descontroladas. O nível atual está em 392 ppm.
“A população deve se mobilizar e fazer pressão para dizer o que quer. Devemos mostrar que diminuir o dióxido de carbono é economicamente viável”, explica a coordenadora do Movimento 350 no Brasil, Paula Collet. “A ideia é enviar uma mensagem política bem definida: se nós podemos colocar mãos à obra, os governantes também podem no que diz respeito à legislação e aos tratados”.
A proposta da campanha é de que cada pessoa ou grupo desenvolva, no dia 10 de outubro, algo na cidade ou comunidade que ajude a dar resposta ao problema do aquecimento global. Organizar uma plantação de árvores, instalar painéis solares, trabalhar num jardim comunitário, dar um passeio de bicicleta ou fazer uma limpeza de lixo são alguns dos projetos possíveis.
Entraves para redução de CO2
A escolha da data para as ações do Movimento 350 visou a proximidade com a Conferência do Clima da ONU (COP-16), prevista para acontecer entre 29 de novembro e 10 de dezembro, em Cancún, no México.
Há temores de que a COP-16 termine como a última edição do encontro, realizada em dezembro do ano passado, em Copenhagen, na Dinamarca, considerada um fracasso pela maioria das organizações que defendem o meio ambiente. Em declaração à imprensa, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que o encontro deste ano poderá não produzir o acordo definitivo necessário.
Um dos motivos para isso é a não aprovação da lei de diminuição nas emissões de CO2 no Senado dos Estados Unidos. “O interesse econômico é o principal entrave. As pessoas têm dificuldades de enxergar como se daria uma economia de baixo carbono”, afirma Paula.
Segundo a coordenadora, o Brasil é mais maleável para discutir práticas de redução de CO2, no entanto, a aceitação fica apenas no discurso. “As propostas climáticas que levamos ao governo são bem recebidas, mas acabam não sendo implementadas. É difícil, porque teoricamente apoiam, mas não vemos ações efetivas. Quando chegou a crise, por exemplo, houve incentivo à indústria automobilística”, analisa.
Para ela, o cenário está melhorando, porém de forma lenta. “Se o Brasil conseguisse acabar com o desmatamento, já cortaria dióxido de carbono em 40%. Seria o suficiente para o nosso país”.
O Movimento
O Movimento 350 foi fundado nos Estados Unidos pelo autor Bill McKibben, que escreveu um dos primeiros livros sobre aquecimento global para o público geral, juntamente com uma equipe de sete jovens.
O grupo dirigiu uma campanha em 2007 chamada Step It Up, que organizou mais de duas mil marchas pelos 50 estados norte-americanos. As ações convenceram líderes políticos, incluindo o então senador Barack Obama, a adotar o apelo pela redução das emissões de CO2.
“Como a mudança climática não é uma guerra, não é palpável, as pessoas ainda tem dificuldade de entender a gravidade. Elas sentem-se culpadas por destruirem a natureza, mas isso muitas vezes não leva à ação. A ideia é estimular a agir”, conclui Paula.
Para organizar um evento local, acesse a página www.350.org/pt/oct10. Também é possível visualizar exemplos de ações em www.350.org/pt/ideias.
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