segunda-feira, 11 de abril de 2011

Precisamos continuar sonhando

Precisamos continuar sonhando: " Depois do que aconteceu em Realengo não tenho dormido direito nos últimos dias. Voltei a ter estranhos pesadelos. Os mesmos que me perseguiram semanas e semanas, após ter sido abordado no trânsito com a minha esposa, quando levaram o meu carro. A violência daquele ato, que poderia ter provocado conseqüências bem maiores do que a perda inusitada de um bem material foi muito pior sob o ponto de vista psicológico. Acordava sobressaltado com dois homens batendo com revólveres nas janelas do carro. Leio agora o depoimento de uma assistente social que participou do mutirão da prefeitura para prestar atendimento psicológico às famílias dos alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, de Realengo, e tento imaginar o choque traumático vivenciado por aquelas crianças e adolescentes, naquela manhã de uma quinta-feira que nunca deveria ter existido. No editorial de uma revista semanal, também sobre a chacina de crianças inocentes, o diretor de redação começa escrevendo: “Vamos agora cuidar dos vivos”. Sim, vamos cuidar dos vivos, mas como esquecer aqueles doze anjinhos que foram brutalmente assassinados? Como fazer de conta que os sonhos sonhados pelos jovens adolescentes e por seus familiares tenham desaparecido de um momento para o outro? A secretária de Educação da Cidade do Rio de Janeiro falou, em entrevistas, duas coisas importantíssimas que não podemos deixar de relembrar aqui. Primeiro que as escolas não podem ser transformadas em bunkers, e segundo que é preciso “reinventar” a Escola Municipal Tasso da Silveira. A escola é um espaço de criação, de solidariedade, de conhecimento, da prática da amizade, da reciprocidade de todas as ações positivas, de liberdade. A escola é um espaço democrático, de sonhos, de projetos, de anseios, de idéias e de ideais. Não pode ser comparada a uma trincheira do medo. Precisamos sim, reconstruir e reinventar uma escola de paz, em Realengo, na Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Uma escola onde as pessoas ainda possam ter crença no ser humano, mesmo depois daquela experiência dolorosa sofrida pelas famílias, pelos professores e funcionários, por toda a comunidade. Se a integração das famílias na vida escolar já vinha sendo pleiteada há muito tempo, agora, mais do que nunca, tal prática exige solução urgente, pois não podemos imaginar a construção, reconstrução e reinvenção de uma escola de paz, se não pudermos contar com o apoio da sociedade e a presença garantida dos pais e dos responsáveis na vida escolar. Por certo o episódio funesto de Realengo irá provocar muitas discussões sobre mais e mais segurança nas escolas. Portões trancados, muros altos, cercas eletrificadas, câmeras com circuito interno de TV, alarmes sonoros, ligação direta com a guarda municipal e com a policia, seguranças armados no portão, revistas individuais... que outras propostas virão? Penso que o momento exige certa aquietação espiritual.





Cartaz em homenagem aos alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, feito por colegas da Escola Municipal Sílvia de Araújo Toledo, 10ª CRE, Santa Cruz.






A tranqüilidade, a sensatez, o bom senso, o espírito equilibrado, a ponderação, a prudência, a precaução, serão necessárias para que a Escola Municipal Tasso da Silveira retome a sua vida normal. Novas cores, novos ares, novos projetos, desejos e intenções de que os sonhos de todos os alunos, dos professores, dos funcionários e também dos familiares e amigos da Escola Tasso da Silveira continuem fazendo parte do sonho maior de toda a Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que tem investido em uma escola democrática, de qualidade e preocupada decisivamente em manter a boa integração com a família e com a comunidade. Precisamos continuar sonhando! Precisamos continuar agido com coerência, com solidariedade, com fraternidade e com amor pela Educação das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Sinvaldo do Nascimento Souza Professor Representante da 10ª CRE no Rioeduca
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