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A expansão da economia e o aumento do acesso à educação no Brasil não foram suficientes para diminuir a polarização entre pobres e ricos. A afirmação é do secretário executivo adjunto do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais, Pablo Gentilli, que norteou o debate “Política e gestão da educação na dimensão da justiça e da diversidade social e cultural”, realizado na última semana, durante o II Congresso Ibero-americano de Política e Administração da Educação, em São Paulo (SP).
“Houve tênue diminuição da desigualdade no Brasil e este continua sendo o pior problema dos países latinos como um todo. Há relação entre educação e bem-estar social, no entanto este não é o único fator para o sujeito conseguir um bom emprego e ascender socialmente”, disse Gentilli.
Para o secretário, nos anos 90, os países na América Latina enfrentaram dificuldades relacionadas ao crescimento econômico, mas, nos últimos anos, esse quadro tem melhorado. Os sistemas educacionais também estão se desenvolvendo. “Houve impressionante avanço, principalmente com o aumento do acesso de pessoas de baixa renda e de mulheres às instituições de ensino”, afirmou.
Mesmo assim, pesquisas revelam que pessoas com mesma idade e nível educacional, morando no mesmo município, acabam recebendo salários diferentes. Gentilli explicou que, basicamente, duas questões influenciam a situação: diferenças de gênero e de cor da pele.
“Um homem branco com ensino médio completo, de 20 a 24 anos, ganha salário inicial, em média, de R$ 355. Já uma mulher negra, da mesma escolaridade e idade, recebe apenas R$ 178. Dados mostram que, se ela quiser se formar em medicina, encontrará dificuldade 80% maior que um homem branco”, apontou.
Além disso, o secretário lembrou que os negros e as mulheres têm maior probabilidade de ficarem desempregados e menos oportunidade de serem contratados.
“Claro que um nível de escolaridade maior facilita para conseguir uma situação financeira melhor. Mas, na comparação de duas pessoas em condições iguais de disputa por um emprego, o mercado premia alguns e discrimina outros. O racismo institucionalizado tem amortizado conquistas sociais”, completou o secretário.
De acordo com o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miguel González Arroyo, já que o racismo e o sexismo são estruturais, é necessário que o poder público pense não apenas em políticas de desenvolvimento, mas também políticas da diversidade.
“Movimentos sociais lutam não só pelo acesso à educação, mas, primeiro, para serem reconhecidos. Na medida em que há avanço em políticas da igualdade, percebe-se que é impossível não falar da diversidade. Impossível ignorar questões étnico-raciais na formulação dessas políticas públicas”, explicou.
Educar para a vida
Segundo o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, atualmente, no Brasil, há ênfase na formação voltada para o mercado de trabalho. Mas, para ele, não é apenas essa a demanda da sociedade. “Estamos prisioneiros de uma alienação, com jornadas de trabalho cada vez mais longas, que descola a realidade da perspectiva educadora”, ressaltou.
“Não se pode mais ter a concepção de que apenas as crianças e jovens devem estudar. Precisamos pensar na educação para a vida toda e não só para o trabalho, mas para atuar dentre as diversas questões complexas da sociedade. Reconhecer a educação como espaço de reconstituição da sociabilidade é essencial”, concluiu.
“Houve tênue diminuição da desigualdade no Brasil e este continua sendo o pior problema dos países latinos como um todo. Há relação entre educação e bem-estar social, no entanto este não é o único fator para o sujeito conseguir um bom emprego e ascender socialmente”, disse Gentilli.
Para o secretário, nos anos 90, os países na América Latina enfrentaram dificuldades relacionadas ao crescimento econômico, mas, nos últimos anos, esse quadro tem melhorado. Os sistemas educacionais também estão se desenvolvendo. “Houve impressionante avanço, principalmente com o aumento do acesso de pessoas de baixa renda e de mulheres às instituições de ensino”, afirmou.
Mesmo assim, pesquisas revelam que pessoas com mesma idade e nível educacional, morando no mesmo município, acabam recebendo salários diferentes. Gentilli explicou que, basicamente, duas questões influenciam a situação: diferenças de gênero e de cor da pele.
“Um homem branco com ensino médio completo, de 20 a 24 anos, ganha salário inicial, em média, de R$ 355. Já uma mulher negra, da mesma escolaridade e idade, recebe apenas R$ 178. Dados mostram que, se ela quiser se formar em medicina, encontrará dificuldade 80% maior que um homem branco”, apontou.
Além disso, o secretário lembrou que os negros e as mulheres têm maior probabilidade de ficarem desempregados e menos oportunidade de serem contratados.
“Claro que um nível de escolaridade maior facilita para conseguir uma situação financeira melhor. Mas, na comparação de duas pessoas em condições iguais de disputa por um emprego, o mercado premia alguns e discrimina outros. O racismo institucionalizado tem amortizado conquistas sociais”, completou o secretário.
De acordo com o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miguel González Arroyo, já que o racismo e o sexismo são estruturais, é necessário que o poder público pense não apenas em políticas de desenvolvimento, mas também políticas da diversidade.
“Movimentos sociais lutam não só pelo acesso à educação, mas, primeiro, para serem reconhecidos. Na medida em que há avanço em políticas da igualdade, percebe-se que é impossível não falar da diversidade. Impossível ignorar questões étnico-raciais na formulação dessas políticas públicas”, explicou.
Educar para a vida
Segundo o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, atualmente, no Brasil, há ênfase na formação voltada para o mercado de trabalho. Mas, para ele, não é apenas essa a demanda da sociedade. “Estamos prisioneiros de uma alienação, com jornadas de trabalho cada vez mais longas, que descola a realidade da perspectiva educadora”, ressaltou.
“Não se pode mais ter a concepção de que apenas as crianças e jovens devem estudar. Precisamos pensar na educação para a vida toda e não só para o trabalho, mas para atuar dentre as diversas questões complexas da sociedade. Reconhecer a educação como espaço de reconstituição da sociabilidade é essencial”, concluiu.
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