Números da Internet no Brasil: "
A partir da pesquisa TIC Domicílios 2010, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, divulgada neste mês de julho de 2011, trazemos alguns números da web em nosso país e ponderações a respeito do que significam. Confiram a seguir:
1- Em cada 20 residências brasileiras, 7 já possuem computador. As possibilidades de aquisição de um equipamento de boa qualidade no país aumentaram muito nos últimos anos. O crédito facilitou a compra, os preços no mercado internacional caíram muito, a concorrência aumentou, o surgimento de equipamentos de diferentes formatos (desktop, notebook, netbook, tablet) acirrou a disputa e aumentou as possibilidades de acesso a informática. Como as pessoas estão utilizando os equipamentos é a pergunta a ser feita a partir de agora...
2- De cada 20 residências brasileiras, 5,25 tem acesso a internet. A proporção de acesso a web é menor do que a de pessoas que possuem computador em casa, mas o índice tem ficado cada vez mais próximo a cada pesquisa publicada. Pensar em informática sem internet é praticamente coisa do passado. A diferença ainda existe por conta de custos, ainda que tenham surgido planos populares de acesso a internet bancados pelo governo, e de rede disponível, que ainda não atingiu de forma plena todo o território nacional, com alguns locais tendo pouca ou nenhuma disponibilidade.
3- 68% dos brasileiros navegam na web usando banda larga fixa; 13% utilizam internet discada e 10% usam a banda larga móvel. A maior utilização de computadores acontece ainda em ambientes fechados (casas, lan houses, trabalho, escola). O surgimento de mais e mais áreas onde existe Wi-Fi é uma realidade. A popularização destes serviços irá ser maior e proporcionará o crescimento do índice daqueles que utilizam a banda larga móvel nos próximos anos. Não apareceu na pesquisa, mas os brasileiros também navegam através de seus aparelhos de telefonia celular, o que aumentaria um pouco os indicadores de internet móvel.
4- Os principais motivos de uso da internet pelos brasileiros são: 94% comunicação; 87% para buscar informação; 87% para o lazer; 66% para fins educacionais; 17% para serviços financeiros. Os 94% de uso dedicado a comunicação referem-se principalmente ao acesso as redes sociais. Os brasileiros são mais que usuários destas ferramentas, na verdade, estão sempre entre os maiores do mundo em todas as redes justamente por suas possibilidades de interação, troca, bate-papo, conversa... Informação e lazer são fortes produtos oferecidos pela web desde o seu princípio. É preciso cuidado quanto a fonte das informações e também a base de onde provém o lazer. Chama a atenção também o índice de pessoas que revelam utilizar o mundo virtual para a educação. Como estão utilizando? Por onde navegam? De que modo realizam suas consultas e pesquisas? Utilizam sites confiáveis? Outro dado expressivo é o de pessoas que estão usando computadores e web para transações financeiras, cada vez maior, para a felicidade dos bancos, que com isso precisam de menos funcionários e agências no mundo real. Senti falta de dados sobre o comércio virtual...
5- Cerca de 72% dos brasileiros utilizam as redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut, YouTube, Flickr...). A região onde este índice é mais alto é o Nordeste, com 75%. O índice mais baixo é no Sudeste, onde fica em 67%. Reitero a informação de que os brasileiros estão sempre no Top 10 dos usuários das redes sociais, na maioria delas ficando entre os 5 maiores usuários internacionais ou então quase chegando lá. Faz parte da cultura brasileira esta socialização e a rede permite isso. Preocupações devem surgir se tais plataformas se tornarem a principal forma de socialização em substituição aos contatos do mundo real...
6- A faixa etária que mais utiliza as redes sociais é aquela de pessoas entre 16 a 24 anos, com 82%. O menor índice de uso registrado é de 45% entre os maiores de 60 anos. Até entre os mais velhos os índices já são muito expressivos. Entre aqueles que tem entre 50 e 60 anos já é de 50%. No caso dos campeões de audiência, é preciso cautela e cuidados. Crianças e adolescentes, estão com índices de 71% e os jovens com 82%! É preciso moderar o uso e alternar com outras mídias e recursos. Além disso, é fundamental viver a vida lá fora, offline!
7- Analfabetos e crianças da Educação Infantil estão acessando a internet e a proporção é de 57% nestes segmentos. Entre as pessoas com algum nível de instrução (Fundamental, Médio ou Superior) o índice médio é de 71%. Como os analfabetos utilizam as redes sociais? E as crianças da educação infantil, estão sendo orientadas e monitoradas? Por onde andam estes usuários da internet? Ainda mais se pensarmos que apesar dos efeitos e recursos visuais cada vez mais impressionantes, é preciso ler... No caso das pessoas instruídas, vale lembrar que a rede é uma ótima ferramenta, mas que isso não deve substituir outras práticas, como a leitura de livros, jornais e revistas, a ida a cinemas e teatros, os eventos ao ar livre, as viagens, o contato com a natureza, as relações com as pessoas fora da web...
8- O maior índice de acesso por classe social é de 70% de pessoas da Classe C, seguido de perto pelas demais: 69% Classe B, 68% Classe A e 67% Classes D/E. Estes índices são extremamente expressivos por mostrarem como a internet está se popularizando rapidamente, atingindo todas as classes sociais. Os dados demonstram que não há quase nenhuma diferença quanto aos índices de acesso entre as classes mais ricas e mais pobres. Há, porém, os excluídos digitais, aqueles que não tem computador em casa ou acesso a rede. Estes não constam desta informação... Quantos seriam? Aonde estão? Tem algum momento de uso em locais públicos como telecentros ou lan houses?
9- As pessoas acessam a web principalmente de suas casas (57%), seguido de Lan Houses (34%), Casa de outras pessoas (27%), Trabalho (22%), Escola (12%) e Telecentros (4%). A briga verificada nos últimos anos entre as lan houses e o lar, doce lar das pessoas, como local de maior acesso parece estar chegando ao fim, com a vitória do ambiente doméstico... Vale lembrar que não aparecem dados relativos ao uso de celulares ou computadores móveis neste levantamento, o que certamente altera o quadro e mostra o futuro, ou seja, quando estaremos conectados praticamente todo o tempo... E é aí que mora o perigo...
Por João Luís de Almeida Machado
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