sexta-feira, 23 de setembro de 2011

SÓ PRA LEMBRAR - Anísio Teixeira e a escola como deveria ser...

http://www.vithais.com.br/
Anísio Teixeira fala sobre a escola de 1930, mas o texto ainda é muito atual.
Boa leitura.
Anísio Teixeira e a escola como deveria ser...:
"1. A escola deve ter por centro a criança e não os interesses e a ciência dos adultos.
 2. O programa escolar deve ser organizado em atividades, 'unidades de trabalho' ou projetos, e não em matérias escolares.
 3. O ensino deve ser feito em torno da intenção de aprender da criança e não da intenção de ensinar do professor.
 4. A criança, na escola, é um ser que age com toda a sua personalidade e não uma inteligência pura, interessada em estudar matemática ou gramática.
 5. Os seus interesses e propósitos governam a escolha das atividades, em função do seu desenvolvimento futuro.
 6. Essas atividades devem ser reais (semelhança com a vida prática) e reconhecidas pelas crianças com próprias." [Anísio Teixeira, em sua obra "Pequena introdução à filosofia da educação: a escola progressiva ou a transformação da escola"]
A obra de Anísio Teixeira floresceu principalmente entre as décadas de 1930 e 1950. Inicio este texto com tal esclarecimento para que se perceba toda a sua condição desde aquela época, ou seja, há cerca de 60 ou 80 anos atrás. Nas linhas que nos trazem de volta o célebre educador brasileiro percebemos colocações que o tornam atualíssimo, como por exemplo quando destaca, logo no princípio, a necessidade da criança ser o centro da vida e realização nas escolas e não, como ocorre até hoje, "os interesses e a ciência dos adultos".


Mas, como realizar tal intento? Superando a ideia dos programas escolares fechados, que definem e estipulam os passos dos educandos desde que os mesmos entram pela primeira vez numa escola. Avançado como era, Anísio Teixeira já nos falava de "projetos" (ou unidades de trabalho) em seus escritos que, é claro, deveriam estar associados aos interesses das crianças, a "intenção de aprender" dos estudantes e não a "intenção de ensinar dos professores".


Ensinar o que? Porque? Para que? Baseado em que critérios elencamos conteúdos. A propósito, quem define os saberes que a escola deve trabalhar com as crianças e adolescentes? E aonde estamos chegando com tal currículo? Precisamos pensar e repensar nossos passos e projetos em educação e há uma clara e evidente necessidade de questionar e alterar os meios, procedimentos, caminhos, conteúdos e relações que hoje temos em nossas escolas.


Levando sempre em consideração, como nos diz Teixeira, que há personalidade nas crianças, público este que ainda não se sente interessado ou inebriado pela inteligência pura que os moverá ao aprendizado de matemática ou gramática, mas que certamente se sentem constantemente provocadas a descobrir o mundo ao seu redor e que, sendo assim, estão dispostos a testar, tentar, experimentar e, com isso, aprender.
  
Sendo assim, compete a escola e aos professores, guiados pelos interesses das próprias crianças, através de suas ações pedagógicas, orientar, promover, estimular e ir aos poucos mostrando  os caminhos que permitirão a estes educandos o acesso aos saberes elaborados, de cunho mais formal, produzidos pelas artes, surgidos das ciências, construídos com a pesquisa, referendados por estudiosos e especialistas.


E para tornar ainda mais rica a colocação de Anísio Teixeira, como pedra de toque ou a cereja do bolo, surge ainda a compreensão de que os ensinamentos devem ser associados ao mundo real, a vida prática, ou seja, consolidando entre os educandos a ideia de que o que estão a aprender lhes será útil não apenas na escola, nos afazeres e avaliações ali realizados, mas também fora das salas de aula, nas ruas, no trabalho, nas relações humanas...


Imaginem se tal compreensão da realidade educacional trazida nestas linhas de Anísio Teixeira fosse colocada em uso nas escolas brasileiras quando de sua publicação... Certamente as mazelas educacionais e os resultados pífios do país em avaliações nacionais e estrangeiras não seria o quadro que hoje temos diante de nossos olhos e o Brasil poderia estar numa situação de maior destaque no cenário internacional pelas várias conquistas sociais, políticas, econômicas e culturais atingidas... Cenário hoje apenas hipotético, apenas devaneio ou sonho, resultado de um breve olhar sobre a obra de um educador muito além de seu tempo: Anísio Teixeira.


Por João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras

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