quinta-feira, 7 de junho de 2012

FIQUE SABENDO - O glúten pode engordar

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O glúten pode engordar: O glúten é um tipo de proteína ou fração protéica presente nos seguintes alimentos: trigo, centeio, cevada (malte) e em menor quantidade na aveia. Muito se fala do glúten devido a sua ação maléfica na doença celíaca, na qual as prolaminas (fração tóxica para os celíacos – no caso do trigo é a gliadina; no centeio é a secalina; na cevada ou malte é a hordeína e na aveia a avenina) começam um processo inflamatório no intestino, destruindo as microvilosidades deste órgão, fazendo com que os nutrientes não sejam absorvidos adequadamente e causando uma desnutrição severa no celíaco.

Porém, na Nutrição Funcional, estudamos muito o potencial alergênico de certas proteínas, como o glúten, por exemplo. Proteínas de difícil digestão e com um potencial alergênico alto propiciam um aumento na produção de substancias inflamatórias no intestino, fazendo com que esse perca sua integridade, ou seja, suas células que deveriam ser juntinhas e só deixasse passar nutrientes em suas menores formas (glicose ou aminoácido ou ácidos graxos), deixa passar moléculas maiores e mal digeridas, fazendo com que o sistema imune reaja a essas moléculas, causando mais inflamação no corpo.

Voltando para a matéria. Uma pesquisadora de Belo Horizonte, fazendo um estudo com ratinhos ingerindo uma dieta igual em calorias, com a mesma quantidade de gordura, porém com um grupo consumindo uma dieta com glúten e outro grupo uma dieta isenta de glúten, foi observado que o grupo que consumiu glúten teve um aumento de peso 25% maior do que o grupo que não consumiu glúten. E ainda tem mais, os ratinhos que consumiram glúten tiveram um aumento na gordura abdominal ou visceral (perto dos órgãos), que é a gordura mais perigosa, pois altera o funcionamento adequado dos órgãos.

A pesquisadora continuará seus estudos para verificar como o glúten ocasiona isso, porém, tenho minha opinião sobre como isso acontece. Se ocorre tudo aquilo que descrevi acima, sobre o glúten aumentar a produção de moléculas inflamatórias no organismo, esse aumento da inflamação propicia uma maior deposição de gordura, como uma defesa natural do organismo, de sobrevivência.

Imaginem a seguinte situação: um paciente na UTI, com uma inflamação aguda ou muito exacerbada, com grande quantidade de moléculas inflamatórias no organismo. Para sua sobrevivência o organismo libera hormônios para começar a deixar o metabolismo mais lento, para utilizar somente o necessário de calorias para sobrevivência e começa a estocar gordura para ter energia nesse estresse que está passando.

Pensemos agora numa situação menos aguda, mais dentro de nossa realidade. Se consumimos alimentos que aumentem a inflamação no nosso corpo (somados com a poluição, plástico, metais pesados, ar condicionado, bactérias, fungos, agrotóxicos, corantes, conservantes, adoçantes, etc. etc. etc.), porém em uma velocidade mais lenta, mais cronicamente, ao longo dos anos, vamos fazendo esse mesmo processo, porém menos acentuado, só que acumulativo, aumentando a quantidade de gordura corporal que, por sua vez (estudos hoje já demonstram que o tecido adiposo ou de gordura é um órgão endócrino, que produz hormônios e moléculas inflamatórias), produz mais moléculas inflamatórias, virando um ciclo vicioso, no qual a pessoa não consegue emagrecer, mesmo consumindo uma baixa quantidade de calorias.

Por isso, sempre digo, vamos priorizar a qualidade da alimentação. É necessário conhecer e reconhecer os alimentos que poderiam gerar mais inflamação no organismo. E também, o nosso intestino deve estar íntegro e saudável, diminuindo assim muitos processos inflamatórios.

O ideal é ter uma alimentação rica em alimentos antiinflamatórios, como: frutas, verduras, castanhas, cereais, peixes marinhos (óleo de peixe), azeite de oliva, chá verde e oliveira. Mais especificamente, frutas vermelhas, como uva, mirtilo, cramberry, etc. E evitar os alimentos que aumentam a inflamação, como: excesso de carne vermelha, doces e/ou carboidratos de alto índice glicêmico, ou seja, que aumentem muito rápido o açúcar no sangue, gordura saturada e excluir a gordura trans da alimentação.

Vejam bem, não quero ser radical. O importante é não consumir o glúten todos os dias, várias vezes ao dia. E sim ter uma alimentação variada, sem monotonia, com diferentes nutrientes para deixá-la cada vez mais rica em vitaminas, minerais e compostos bioativos, sendo assim anti-inflamatória.

Uma boa semana a todos!!!!!

Autora: Dra. Gabriela Calsing - Nutricionista Funcional

Texto originalmente publicado na Liga da saúde: http://ligadasaude.blogspot.com.br/2012/06/gluten-pode-engordar.html

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