quarta-feira, 24 de outubro de 2012

INTERESSANTE - A educação na Coréia do Sul e suas lições

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A educação na Coréia do Sul e suas lições:

Alguns dados sobre a educação na Coréia do Sul para iniciar:

- Em 1945, ao final da 2ª Guerra Mundial, apenas 22% dos coreanos eram alfabetizados.
- Os índices de 2012 revelam que 99% da população da Coréia é alfabetizada.
- De 2000 a 2010, o índice de coreanos com diploma superior subiu de 24 para 40%.
- O Ensino Médio foi concluído por 80% dos habitantes do país.
- O investimento em educação na Coréia equivale a 4,5% do PIB.
- Os professores coreanos ganham salários equivalentes ao dobro da média nacional, sendo portanto muito valorizados.
- As famílias coreanas valorizam tanto a educação que investem para que seus filhos façam cursinhos adicionais aos estudos regulares ou que tenham apoio de professores particulares.
- O ensino do inglês é considerado essencial para os coreanos que sabem ser esta língua essencial para o país no mundo globalizado.
- Até 2015 o governo coreano pretende ter tablets em salas de aula ao invés de cadernos e livros.
- A Coréia do Sul está há anos entre os países com melhor desempenho educacional em avaliações internacionais como o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos).

Estas informações estão disponíveis no artigo "Receita asiática de educação universal", de Cláudia Sarmento, produzida pela parceria dos jornais O Globo e O Estado de São Paulo e publicadas em caderno especial sobre os desafios para o Brasil neste século XXI, que foi as bancas em 22 de outubro deste ano de 2012.

Ao analisarmos os dados verificamos que a situação dos coreanos, ao final da 2ª Guerra Mundial não era muito diferente daquela vivida no Brasil, quando tínhamos um enorme contingente de cidadãos fora da escola, situação que perdurou até a virada do século. Hoje, segundo o MEC, temos mais de 97% de nossas crianças e adolescentes em idade escolar frequentando salas de aula no país. E quem não conseguiu isso antes deste esforço e dos investimentos feitos nas últimas duas décadas? Como ficam?

Apesar disso, ou seja, de termos melhores índices de inclusão de nossas crianças e adolescentes nas escolas brasileiras, a qualidade da educação deixa muito a desejar, com vários casos retratados pela mídia de alunos que ao final do ensino fundamental ou mesmo no ensino médio, mal sabem escrever ou fazer os cálculos básicos. Foi divulgado pelo Inep, órgão do MEC, por exemplo, que a quantidade de redações inválidas produzidas pelos estudantes que fazem o ENEM subiu 268% entre os exames aplicados em 2009 e 2011, ou seja, era para estarmos melhorando, mas os dados mostram retrocesso. Se não bastasse isso, o PISA que avalia tão positivamente a Coréia do Sul, a Finlândia e que tem visto avanços em países emergentes como a China ou o Chile, tem o Brasil desde suas primeiras edições nas últimas posições, para lá do 50º lugar, seja em matemática, ciências ou códigos e linguagens.

Se na Coréia ou entre os países europeus como a Finlândia os salários dos professores estão sempre acima da média nacional, entre os docentes brasileiros a realidade é bem diferente. Estão sempre abaixo da média mundial e mesmo nacional e, quando comparados a outros profissionais com formação superior, a distância salaria torna-se ainda maior. Não é o maior empecilho para uma educação de qualidade, mas certamente contribui muito para que os profissionais da área sintam-se desestimulados ou ainda que os jovens busquem outras formações técnicas ou superiores quando decidem seu futuro profissional. Os melhores estudantes buscam medicina, engenharia, direito, administração de empresas ou áreas nas quais saibam que seus esforços serão recompensados tanto em termos salariais quanto em possibilidade de crescimento pessoal e profissional.

Enquanto na Coréia do Sul e em todos os países desenvolvidos do mundo sabe-se a tempos que o ensino de inglês é essencial para um bom papel na economia globalizada, no Brasil, que estará sediando eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, apesar de se ensinar inglês pelo menos desde o 6º ano do Ensino Fundamental, a aprendizagem da língua não acontece como deveria. E não é o caso de buscar culpados ou apontar os dedos para os docentes da área, é preciso rever os procedimentos, buscar melhores técnicas e recursos, prover os professores da área com cursos que lhes permitam melhor desempenho e, é claro, aprender com o exemplo de quem está tendo bons resultados no ensino deste idioma, como a própria Coréia do Sul.

A participação e valorização da educação pelos pais coreanos é igualmente um diferencial importantíssimo. Pais atuantes, que acompanham e estimulam seus filhos, indo as escolas para saber de seus resultados, recebendo apoio e orientação dos educadores quanto ao que podem fazer para ajudá-los é essencial. Se há dificuldades nos estudos e as famílias brasileiras não dispõem de recursos para pagar por cursos extras ou professores particulares como na Coréia, cabe ao estado ou as escolas particulares oferecer plantões de estudo, grupos de leitura, práticas culturais e toda a espécie de reforço que auxilie os alunos em seu desenvolvimento. Para isso é preciso que os pais participem, cobrem, estimulem e sejam parceiros dos educadores.

Além de tudo isso, os coreanos ainda se destacam por utilizarem novas tecnologias em sala de aula. Esse diferencial, no entanto, é sempre embasado em projetos e práticas que viabilizem o uso destas ferramentas com finalidade e foco pedagógico. Não se utilizam tablets, conteúdos digitais, lousas digitais ou mesmo robôs em sala de aula sem que se saiba exatamente como proceder com estes recursos e observando como isso pode contribuir para o todo dos trabalhos educacionais. Os professores não dão aulas totalmente digitais e, sim contam com recursos em hardware e software que promovem o ensino, dando espaço para a utilização de simulações, acesso a diferentes fontes de pesquisa, uso de vídeos ou exercícios online que reforçam suas explicações e a compreensão dos alunos. 

São exemplos de quem maturou o processo educacional de forma responsável, lidando com dificuldades e pedras ao longo do caminho como todos os demais países, inclusive o Brasil, e que está colhendo os frutos de seus investimentos a médio e longo prazo, com a cultura educacional local consolidada no sentido do valor, importância e constantes esforços para que a educação coreana seja sempre melhor, para o bem dos estudantes e de todo o país.

Por João Luís de Almeida Machado

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