quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

FIQUE LIGADO - Medicina para viagens 3: Lugares frios

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frioPessoas que viajam para lugares frios podem sofrer com as baixas temperaturas. Há lugares em que há associação entre o frio e as altitudes elevadas (como as estações de esqui) ou frio e baixa umidade relativa do ar (as noites no deserto). É sempre importante informar-se sobre qual a variação de temperatura durante o dia, qual a umidade no local e quais as roupas mais recomendadas para o ambiente que vamos visitar.
Discutiremos alguns problemas que podem acontecer nessas situações.
BAIXAS TEMPERATURAS
As baixas temperaturas provocam um fenômeno chamado vasoconstrição nos capilares. Eles são pequenos vasos sanguíneos que existem sob a pele e chegam aos tecidos mais profundos. Os capilares têm uma delgada camada muscular capaz de contrair e relaxar de acordo com a necessidade metabólica ou diante de estímulos externos e internos.
No caso da exposição ao frio, a vasoconstrição ocorre para evitar a perda excessiva de calor e manter a temperatura corporal estável. Entretanto, a falta de proteção adequada às baixas temperaturas pode fazer com que o fenômeno seja tão intenso a ponto de impedir a circulação normal do sangue em determinada região do corpo (perfusão tecidual insuficiente).
Em situações extremas, os capilares chegam a congelar – microcristais de gelo podem formar-se em seu interior. Esse evento recebe o nome em inglês de frostbite e não tem um sinônimo perfeito em português. A expressão que melhor o descreve é “lesão pelo frio” ou “ulcerações pelo frio”.
          a) Sinais e sintomas
Essas lesões costumam acontecer com maior frequência em extremidades: nariz, orelhas e dedos dos pés e das mãos. O primeiro sintoma de proteção inadequada ao ambiente é a sensação de pele fria. Depois, surge formigamento ou queimação. Se você sentir que uma parte do seu corpo está formigando ou queimando, é importante aquecê-la rapidamente. Geralmente, nessas situações, a pele ainda está rosada, ou seja, ainda há perfusão adequada.  Nesses estágios, também podem surgir bolhas, claras ou hemorrágicas.
Se depois do formigamento, a região parar de incomodar, não é sinal de que o problema esteja resolvido. Quando a lesão pelo frio progride, a região afetada fica dormente, anestesiada e pálida, esbranquiçada. Esse é um sinal de alerta: procure imediatamente um local para se aquecer e, se possível, procure um serviço de saúde.
As lesões pelo frio que não são tratadas podem virar úlceras na pele e, em casos extremos, podem levar à gangrena da parte afetada.
Pessoas que portadoras de diabetes, doença vascular periférica e doenças autoimunes (como o fenômeno de Raynaud, por exemplo), têm maior incidência de complicações.
           b) Prevenção
A melhor maneira de evitar as lesões pelo frio é a prevenção. Por isso, é importante saber reconhecer o problema, pelos seus sinais e sintomas.
Se você não está acostumado a visitar ambientes muito frios, procure informações com quem está habituado com eles, ou já esteve nesses lugares.
Seguem algumas medidas que podem ser úteis nessas ocasiões:
* Lembre-se de programar o tempo de exposição (evitar sair para caminhadas sem controle do tempo), certifique-se da rota a ser seguida;
* Leve líquidos quentes para tomar no caminho e mantenha-se bem alimentado: no frio, o metabolismo pode ficar mais acelerado para manter a temperatura corporal, o que é essencial para preservar a viabilidade de todos os tecidos do corpo;
* Use roupas adequadas – existem lojas que oferecem opções de vestimentas, luvas, gorros, óculos de proteção para vento e claridade da neve, que ajudam a evitar o congelamento da córnea e a fotoceratite.
          c) Primeiros socorros
Se a lesão ocorrer, enquanto não encontra um médico ou hospital, você pode fazer o seguinte:
* Procure um abrigo aquecido;
* Remova anéis, relógios, pulseiras ou qualquer objeto que possa reduzir o fluxo de sangue para a parte afetada;
* Se houver água aquecida (o ideal é que esteja na temperatura de 40 °C), deixe a parte acometida por 20 a 40 minutos em imersão, ou aplique-a com um tecido umedecido ;
* Se não houver água aquecida, coloque a parte afetada sob as axilas ou virilhas de alguém que esteja junto com você – isso pode ajudar a reduzir a lesão final;
* Se tiver aspirina, tome 100 mg (para reduzir os microtrombos que podem ocorrer nos capilares) – alguns estudos sugerem o uso de anti-inflamatórios também;
* Tire fotos da lesão desde o começo do tratamento. Isso pode ajudar os médicos a entender depois como ela evoluiu.
O que você NÃO deve fazer:
* Não esfregue a região afetada;
* Não use fonte de calor direto sobre a pele (isqueiro, fogareiro, aquecedor elétrico, etc);
* Não deixe que a região lesada seja congelada novamente (o prognóstico é muito pior após o segundo evento no mesmo local);
* Evite, se possível, caminhar se os dedos do pé foram acometidos.
O tratamento das lesões mais graves é realizado nos hospitais. Informe-se sobre os serviços da saúde mais próximos do local onde você se encontrará antes de partir.
HIPOTERMIA
Outro problema sério associado à exposição ao frio é a hipotermia, ou seja, uma redução da temperatura do corpo que pode ser muito grave, porque não permite o funcionamento normal do organismo. Ela ocorre quando a perda de calor é maior que sua produção.
Considera-se que a hipotermia está instalada, quando a temperatura corporal é menor que 35 °C.
Inicialmente, o organismo começa a gastar muito mais energia que o habitual para tentar manter a temperatura estável, como forma de compensar sua perda para o ambiente.
O primeiro sintoma é uma sensação de frio que nos faz procurar, instintivamente, por mais roupas e por ambientes mais quentes.
A seguir, para aumentar a temperatura, começamos a tremer. O tremor aumenta a produção de calor, mas não é capaz de evitar a hipotermia, só a retarda.  As consequências dessa resposta são o aumento da frequência cardíaca e respiratória e a elevação do consumo de oxigênio. À medida que a temperatura corporal cai, podem ocorrer arritmia cardíaca, piora de função renal e alterações de coagulação.
Pessoas idosas, bebês, pacientes com doenças endocrinológicas e aqueles com dificuldade para movimentar-se estão mais propensos a desenvolver o quadro.
           a) Sinais e sintomas
Os principais sinais e sintomas no início desse processo são: sensação de frio, alteração de comportamento ou confusão mental e cansaço extremo. Quando a pessoa para de apresentar tremores, é sinal de que a hipotermia é grave.
          b) Primeiros socorros
As pessoas que apresentam hipotermia leve, ou seja, somente a sensação de frio e os tremores, respondem melhor ao tratamento mais simples: abrigo aquecido e alimentação aquecida.
É muito importante não oferecer bebidas alcoólicas para os pacientes com hipotermia. Apesar de o álcool promover algum grau de vasodilatação periférica e sensação de calor, nessa situação é provável que ele só aumente a perda de calor e não resolva, mas agrave o problema. Aqueles que apresentam alterações como confusão mental, perda de coordenação motora ou que param de tremer devem ser imediatamente levados ao hospital.
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