Série histórica detalha barreiras à melhoria nos índices educacionais: diferenças regionais, evasão e repetência são desafios
A despeito de avanços nas duas últimas décadas, a educação no Brasil sofre com deficiências graves e persistentes. A série histórica Primeiras Análises: Situação da Educação Brasileira, que reúne dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE), divulgada nesta quinta-feira, detalha os desafios do setor, com destaque para a desigualdade regional e a evasão escolar.
O brasileiro tem, em média, 7,5 anos de estudo. "No mínimo, o desejável para um país desenvolvido é que ele busque atingir a educação básica obrigatória - onze anos de estudo", explica Jorge Abrahão, coordenador da pesquisa. Mas o avanço é lento: pelos cálculos do pesquisador, o Brasil chegará a oito anos de média em 2015.
Nesse quesito, a renda é um fator importante: os 20% mais ricos têm 10,7 anos de estudo, em média. Entre os 20% mais pobres, esse indicador é de 5,5 anos - insuficientes mesmo para a conclusão do ensino fundamental, que exige ao menos 8 anos de estudo.
O nível de rendimentos também é determinante no acesso à educação entre população entre 18 e 24 anos. No grupo dos 20% mais ricos, 52% das pessoas nessa faixa etária frequentam uma instituição de ensino. Entre os 20% mais pobres, esse número é de apenas 8%. As defasagens também são constatadas numa comparação entre as unidades da federação: a população do Distrito Federal tem em média 9,7 anos de estudo, contra 5,7 anos dos moradores de Alagoas.
Evasão - Para se igualar a países mais desenvolvidos, o Brasil terá de superar um grande desafio: a evasão escolar. Dos jovens que entram no ensino fundamental, apenas 53% concluem a nona série. Entre os que iniciam o ensino médio, um terço desiste antes da conclusão. A repetência é outro fator importante: 85% dos jovens com idades entre 15 e 17 anos frequentam a escola, mas só 50% estão na faixa escolar adequada.
Em todos os cenários, a situação do meio rural é amplamente desfavorável. Entre a população que vive no campo, por exemplo, o índice de analfabetismo é de 22, 8%. No meio urbano, o indicador é de 4,4%. E é justamente nas áreas rurais, por causa da densidade populacional menor, que as políticas públicas têm menos efeito.
Para Jorge Abrahão, há a necessidade de investimentos voltados para as áreas deficientes. "O ideal é que avancemos em melhorias amplas na educação como um todo; especialmente no meio rural. E a qualidade da escola pública é fundamental para diminuir a desigualdade", afirma
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