quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Teoria e prática fundem-se em "Alfabetização de Jovens e Adultos"

FONTE: LIVRARIA FOLHA

Aplicar a teoria na prática é o grande desafio e dificuldade dos educadores. Isso, porque a transposição do papel para as salas de aulas é mais complexa do que seguir algumas simples orientações. Envolve conceitos, análises e dedicação dos responsáveis pela tarefa.

No entanto, Suzana Schwartz busca no livro "Alfabetização de Jovens e Adultos" apresentar fundamentos e resultados de seus estudos sobre o tema. Mas, como explica, com a ressalva de não concluir e desrespeitar o profissional que está dentro das escolas, pois a autora sabe que, assim como a vida, não há razões conclusivas para este intenso debate, "o sujeito-professor é arredio, e não se permite ser manipulado através de simples sugestões, conselhos ou receitas de como ensinar", afirma.

"Para ouvir e pensar ideias (o professor) quer saber onde e como estão embasadas. E assim deve ser. O importante, contudo, é que leia compreensivamente, para refletir criticamente e posicionar-se consistentemente sobre o tema proposto", explica a especialista.

O tom do livro é questionador, baseado em pesquisas teóricas e práticas. Os números e outros dados levantados têm fundamento, e servem como base para a aplicação dos estudos nos contextos de alfabetização do Brasil.

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A construção das aprendizagem proposta por Schwartz dialoga com a curiosidade, a interação e conceitos de linguística.

Sandra Telló, mestre em literatura e revisora da obra, diz no prefácio que descobriu com a leitura as ligações do tema alfabetização com as teorias linguísticas. "Eu nunca havia me dado conta de que, de alguma forma, os analfabetos também estão imersos no mundo da escrita e que eles, afinal, não são tão analfabetos assim", afirma.

Finalizando provisoriamente, a autora propõe as experiências culturais de viver, ouvir e questionar para compartilhar hipóteses e ideias e entender quais e como enfrentar as questões da alfabetização de jovens e adultos.

Leia trecho

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O contexto da alfabetização no Brasil

A população brasileira é de, aproximadamente, cento e noventa milhões de pessoas. 72% desses cidadãos apresentam algum tipo de analfabetos funcionais. Embora a educação seja o fator que mais contribui para determinar o nível de alfabetismo de um indivíduo, ela não é o único, pois sujeitos com escolaridade semelhante apresentam níveis diferentes de alfabetismo.

Análises inéditas realizadas a partir da base de dados do Inaf (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional) mostram que alguns dos fatores que explicam estas diferenças estão presentes já desde a infância: a escolaridade dos pais e suas habilidades de leitura têm um papel importante nos usos sociais da escrita e na compreensão dos adultos brasileiros.

Além dos índices sobre o analfabetismo funcional é importante destacar também que o país ocupa a 72ª posição entre 127 países no Índice de Desenvolvimento de Educação.

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"Alfabetização de Jovens e Adultos"
Autora: Suzana Schwarts
Editora: Vozes
Páginas: 224

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