domingo, 30 de janeiro de 2011
Perigo para as crianças
JORNAL O DIA
Dengue pode se tornar doença pediátrica: casos entre mais jovens estão crescendo
POR PÂMELA OLIVEIRA
Rio - A dengue poderá se transformar, nos próximos anos, em uma doença pediátrica. O alerta é do coordenador Nacional do Programa de Controle da Dengue, Giovanini Coelho. Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos e mortes por dengue entre menores de 15 anos vem aumentando no País. Hoje, 25% dos casos graves ocorrem nessa faixa etária.
“Se o comportamento da dengue se mantiver, ela se transformará em uma doença pediátrica. Por isso, o ministério está fazendo um esforço grandioso de mobilização. As crianças são grupo mais vulnerável. Imagina um bebê de seis meses tendo uma doença que pode causar hemorragias. É um risco muito grande”, afirma Giovanini.
Preocupado com o aumento de casos entre as crianças, o Ministério da Saúde elaborou um manual específico para orientar os profissionais a tratar os pequenos. “A criança não sabe manifestar os sintomas como dor no corpo ou dor de cabeça e o médico tem dificuldades para fechar o diagnóstico”, disse Giovanini. Ele acrescenta que outro problema é que muitas viroses infantis têm sintomas parecidos com os da dengue.
Mais casos no Rio
Os números da dengue no Estado do Rio confirmam a tendência nacional. Em 2001, 11% dos infectados pela dengue tinham até 15 anos. Em 2008, ano da maior epidemia da doença no Rio, a estatística saltou para 45% nessa faixa etária, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
“A tendência é que a população adulta fique imunizada porque já foi exposta e infectada por vários tipos da doença. E as crianças, que ainda não foram expostas aos vírus, ficam suscetíveis. Com a volta do vírus 1 da dengue, que não circula há mais de 15 anos no Rio, trabalhamos com a possibilidade de aumento do número de casos entre as crianças.
Nenhuma com menos de 15 anos teve contato com o tipo 1 e, portanto, não tem imunidade”, explica Alexandre Chippe, superintendente da Vigilância Sanitária e Epidemiológica do estado.
O especialista lembra que existem quatro tipos de dengue — 1, 2, 3 e 4 — e uma pessoa pode ter cada tipo uma vez. Depois, torna-se imune a ele.
Pai de menino morto teme novas vítimas
Pai do menino Rodrigo, que morreu em 2008 vítima de dengue, Marcos Roig defende o treinamento contínuo dos médicos e profissionais de saúde. Ele teme que outros pais percam seus filhos para a dengue.
“A possibilidade de dengue tem que ser o primeiro pensamento dos médicos. Meu filho teve diagnóstico de virose na primeira clínica. Na segunda, diagnosticaram dengue mas deram alta a ele. Horas depois, meu filho morreu na terceira clínica”, conta. “Perdemos tempo precioso”, conta.
Rodrigo morreu aos 6 anos. Desde então, Marcos entrou na guerra contra a dengue. “Muitas crianças morreram porque os médicos descartaram dengue apesar de se ter um alerta de que a doença estava afetando crianças”.
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