1ª) Concordância com PERCENTAGENS
Situação 1 – Sem especificador, o verbo deve concordar com a percentagem”:
“1% FOI DESCONTADO.”
“2% FORAM DESCONTADOS.”
Situação 2 – Com especificador singular, o verbo pode concordar com o
especificador singular:
“2% da população VOTOU(ou VOTARAM).”
“Trinta por cento da fazenda SERÁ OCUPADA (ou SERÃO OCUPADOS).”
“Vinte por cento da água ESTÁ CONTAMINADA (ou ESTÃO CONTAMINADOS).”
Situação 3 – Com especificador plural, o verbo pode concordar com o número ou com o especificador:
“Em torno de 1% dos viciados MORRE (ou MORREM) a cada ano.”
“Quase 90% dos empresários ACHAM que o risco de fraude é
maior.”
Situação 4 – Quando o percentual é antecedido por um determinante, a
concordância é feita com esse determinante:
“Esses 30% da fazenda SERÃO OCUPADOS.”
“Os restantes 15% da produção VÃO SER ARMAZENADOS.”
2ª) MESMO ou MESMA?
a) MESMO, no sentido de “próprio”, é pronome e deve concordar:
“Adriana prefere os sucos que ela MESMA faz.” (=ela própria)
“Nós MESMOS resolvemos o caso.” (=nós próprios)
“As meninas feriram a si MESMAS.”
b) MESMO, no sentido de “até, inclusive”, é invariável:
“MESMO a diretoria não resolveu o problema.” (=até a diretoria)
“MESMO os professores erraram aquela questão.” (=inclusive os professores)
3ª) MENOS ou MENAS?
Menas não existe. Use sempre MENOS:
“Vieram MENOS pessoas que o esperado.”
“Isso é de MENOS importância.”
4ª) “Fez tudo À MÃO ou A MÃO”?
Houve época em que eu afirmava que à mão não teria o acento da crase se apresentasse a ideia de “instrumento”. Confesso que sempre pensei assim:
“Se escrevo a lápis (= masculino), também escrevo a caneta (= feminino)”;
“Se o carro é a álcool (= masculino), será também a gasolina (= feminino)”;
“Se matou a tiros (=masculino), também matou a bala (=feminino)”.
Depois de tantas críticas e de muita pesquisa, resolvi mudar de opinião. Os argumentos são fortes. Afinal era muita gente boa contra mim: o grande mestre Adriano da Gama Kury, o professor Luiz Antônio Sacconi, o meu amigo Pasquale Cipro Neto, Eduardo Martins, do Manual do Estadão, e muitos outros mestres, leitores e amigos.
Vejamos o que diz o professor Adriano da Gama Kury:
“Desde tempos antigos da nossa língua se vêm usando com acento no a (ou com dois aa, quando ainda não era generalizado o uso dos acentos) numerosas locuções adverbiais e prepositivas formadas por substantivos femininos, tais como à custa de, à força, à toa, à vela, às pressas, às vezes e tantas mais.
Certos autores, comparando algumas destas locuções com outras formadas de substantivos masculinos, verificam, nestas últimas, a ausência do artigo em muitos casos: a custo, a dedo, a esmo, a prazo, a remo, a troco de etc., e concluem apressadamente que, em vista disso, as locuções com substantivos femininos não devem acentuar-se, uma vez que “não existe artigo”.
(…) Esquecem tais autores que em outras locuções de substantivos masculinos ocorre o artigo: ao lusco-fusco (tal como à tarde), ao redor (tal como à roda, à volta), aos bocados (tal como às carradas)…
Além disso, cumpre levar em conta estes dois fatores que aconselham a utilização do acento no a nas locuções com nomes femininos:
1º) o uso tradicional do acento pelos melhores escritores da nossa língua;
2º) a pronúncia aberta do a, em Portugal, nessas locuções, tal como qualquer a resultante de crase – diferente do timbre fechado do a pronome, artigo ou preposição.
De quanto se expôs acima, deve-se recomendar o uso do acento no a em locuções como as seguintes (adverbiais, prepositivas, conjuncionais):
À beça, à beira de, à cata de, à deriva, à distância, à força, à frente, à luz (=dar à luz), À MÃO, à medida que, à parte, à procura de, à proporção que, à revelia, à tarde, à toa, à última hora, à unha, à vista, à vontade, às avessas, às claras, às ordens, às vezes…”
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