domingo, 27 de fevereiro de 2011

Dúvidas dos leitores

Dúvidas dos leitores: "

1ª) Concordância com PERCENTAGENS


Situação 1 – Sem especificador, o verbo deve concordar com a percentagem”:

“1% FOI DESCONTADO.”

“2% FORAM DESCONTADOS.”


Situação 2 – Com especificador singular, o verbo pode concordar com o

especificador singular:

“2% da população VOTOU(ou VOTARAM).”

“Trinta por cento da fazenda SERÁ OCUPADA (ou SERÃO OCUPADOS).”

“Vinte por cento da água ESTÁ CONTAMINADA (ou ESTÃO CONTAMINADOS).”


Situação 3 – Com especificador plural, o verbo pode concordar com o número ou com o especificador:

“Em torno de 1% dos viciados MORRE (ou MORREM) a cada ano.”

“Quase 90% dos empresários ACHAM que o risco de fraude é

maior.”


Situação 4 – Quando o percentual é antecedido por um determinante, a

concordância é feita com esse determinante:

“Esses 30% da fazenda SERÃO OCUPADOS.”

“Os restantes 15% da produção VÃO SER ARMAZENADOS.”


2ª) MESMO ou MESMA?


a) MESMO, no sentido de “próprio”, é pronome e deve concordar:

“Adriana prefere os sucos que ela MESMA faz.” (=ela própria)

“Nós MESMOS resolvemos o caso.” (=nós próprios)

“As meninas feriram a si MESMAS.”


b) MESMO, no sentido de “até, inclusive”, é invariável:

“MESMO a diretoria não resolveu o problema.” (=até a diretoria)

“MESMO os professores erraram aquela questão.” (=inclusive os professores)


3ª) MENOS ou MENAS?


Menas não existe. Use sempre MENOS:

“Vieram MENOS pessoas que o esperado.”

“Isso é de MENOS importância.”


4ª) “Fez tudo À MÃO ou A MÃO”?


Houve época em que eu afirmava que à mão não teria o acento da crase se apresentasse a ideia de “instrumento”. Confesso que sempre pensei assim:

“Se escrevo a lápis (= masculino), também escrevo a caneta (= feminino)”;

“Se o carro é a álcool (= masculino), será também a gasolina (= feminino)”;

“Se matou a tiros (=masculino), também matou a bala (=feminino)”.

Depois de tantas críticas e de muita pesquisa, resolvi mudar de opinião. Os argumentos são fortes. Afinal era muita gente boa contra mim: o grande mestre Adriano da Gama Kury, o professor Luiz Antônio Sacconi, o meu amigo Pasquale Cipro Neto, Eduardo Martins, do Manual do Estadão, e muitos outros mestres, leitores e amigos.

Vejamos o que diz o professor Adriano da Gama Kury:

“Desde tempos antigos da nossa língua se vêm usando com acento no a (ou com dois aa, quando ainda não era generalizado o uso dos acentos) numerosas locuções adverbiais e prepositivas formadas por substantivos femininos, tais como à custa de, à força, à toa, à vela, às pressas, às vezes e tantas mais.

Certos autores, comparando algumas destas locuções com outras formadas de substantivos masculinos, verificam, nestas últimas, a ausência do artigo em muitos casos: a custo, a dedo, a esmo, a prazo, a remo, a troco de etc., e concluem apressadamente que, em vista disso, as locuções com substantivos femininos não devem acentuar-se, uma vez que “não existe artigo”.

(…) Esquecem tais autores que em outras locuções de substantivos masculinos ocorre o artigo: ao lusco-fusco (tal como à tarde), ao redor (tal como à roda, à volta), aos bocados (tal como às carradas)…

Além disso, cumpre levar em conta estes dois fatores que aconselham a utilização do acento no a nas locuções com nomes femininos:

1º) o uso tradicional do acento pelos melhores escritores da nossa língua;

2º) a pronúncia aberta do a, em Portugal, nessas locuções, tal como qualquer a resultante de crase – diferente do timbre fechado do a pronome, artigo ou preposição.

De quanto se expôs acima, deve-se recomendar o uso do acento no a em locuções como as seguintes (adverbiais, prepositivas, conjuncionais):

À beça, à beira de, à cata de, à deriva, à distância, à força, à frente, à luz (=dar à luz), À MÃO, à medida que, à parte, à procura de, à proporção que, à revelia, à tarde, à toa, à última hora, à unha, à vista, à vontade, às avessas, às claras, às ordens, às vezes…”

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