Parabéns amigas!!
O Dia Internacional da Mulher e as Escolas da 10ª CRE: "
Como professor da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro desde 1990, jamais deixei passar em branco o Dia Internacional da Mulher nas minhas aulas de História.
Nas semanas anteriores, e no próprio dia 8 de março, encontrava um texto novo, referências históricas e biográficas, um cd com músicas que pudessem suscitar o interesse dos alunos para o tema, ou mesmo um filme que apresentasse alguma mensagem apropriada à data, sempre buscando dar visibilidade também ao trabalho anônimo e não menos importante das mães, avós e irmãs dos meus alunos através de exposições de fotografias, reuniões especiais com a presença de familiares na escola, coleta de depoimentos ou a produção, pelos alunos, de textos alusivos ao tema.
Assim meus alunos puderam ouvir e debater em sala sobre “Mulheres de Atenas”, do Chico Buarque de Holanda, ler e fazer resumos de textos selecionados, da historiadora Mary Del Priore, como “História das Mulheres no Brasil” e o “Dicionário Mulheres do Brasil” e assistir os filmes da cineasta Tizuka Yamasaki, ou o documentário produzido pela Organização das Nações Unidas intitulado “Um sonho impossível”, que, em forma de desenho animado, mostra que, mesmo com muitos avanços na legislação estabelecendo a igualdade de gêneros, o trabalho feminino nem sempre revela equanimidade, quando comparado ao masculino.
Neste ano de 2011, por uma coincidência do nosso calendário, o Dia Internacional da Mulher estará sendo comemorado em plena terça-feira gorda do carnaval.
Bertha Lutz, bióloga e líder feminista
Foto do “Dicionário:Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado”
Poderia sugerir, para não esquecer o dia 8 de março em plena festa momesca, a lembrança de nomes expressivos e emblemáticos de mulheres cujas vidas estiveram diretamente ligadas ao carnaval, como Carmem Miranda, as irmãs Linda e Dircinha Batista ou Emilinha Borba, cujas marchinhas por ela gravadas, ainda hoje são tocadas e cantadas nos bailes carnavalescos.
No entanto resolvi fazer um rápido levantamento das unidades escolares da 10ª Coordenadoria Regional de Educação, que abrange as regiões de Santa Cruz e Guaratiba, incluindo também os bairros de Paciência e Sepetiba, trazendo à lembrança nomes de algumas escolas que homenageiam mulheres famosas ou anônimas, que, de alguma forma, contribuíram na formação e no desenvolvimento da nossa cidade e do nosso país.
Como não poderia ser diferente, o maior número refere-se às professoras, muitas das quais permaneciam invisíveis para a nossa história, antes de serem homenageadas. Citamos as professoras Flávia dos Santos Soares, Elizabeth Papera, Haydea Vianna Fiuza de Castro, Sonia Mota Molisani, Lourdes de Lima Rocha, Maria de Jesus Oliveira, Meralina de Castro, Dione Freitas Felisberto de Carvalho, Débora Mendes de Moraes, Leila Mehl Menezes de Mattos, Maria Helena Alves Portilho, Maria Santiago, Raquel Kelly Lanera, Rosa Maria Alves de Oliveira, Silvia de Araújo Toledo, Zelia Carolina da Silva Pinho, Zulmira Telles da Costa, Emma D’Ávila de Camillis, Floripes Angladas Lucas, Narcisa Amália, Elisa Joaquina Daltro Peixoto, Nair da Fonseca, Leocádia Torres, Luzia Maria Moreira do Nascimento, Maria Helena Sampaio Marques, Myrthes Wanzel e Tatiana Chagas Memória.
Mas também há, na 10ª CRE, escolas que prestam homenagem a personagens bastante conhecidas e sempre lembradas na História do Brasil e do Rio de Janeiro, como a Princesa Isabel, a escritora, jornalista e política Adalgisa Néri, e a heroína e precursora da enfermagem na Guerra do Paraguai, Ana Néri.
Todas as mulheres acima citadas foram protagonistas que, mesmo em silêncio, contribuíram para desvelar a História do Brasil pelo olhar feminino, ainda assim gostaria de acrescentar e de destacar entre todas, o nome da líder feminista e bióloga Berta Lutz, que empresta o seu honroso nome para a Escola Municipal 10-26-10, localizada na Pedra de Guaratiba.
Bertha Lutz assinando a ata final
da Comissão Internacional de Mulheres,
Washington (EUA), em 18 de junho de 1959.
Se a Princesa Isabel ficou conhecida principalmente por ter assinado a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, e a enfermeira Ana Néri passou a ser chamada de “Mãe dos brasileiros”, após a sua heróica participação na Guerra do Paraguai, a paulistana Bertha Lutz é sempre lembrada como a “Pioneira das lutas feministas no Brasil”.
Ainda jovem, desde o seu regresso da Europa, onde se formou em ciências, na Universidade de Sorbonne, Bertha Lutz tornou-se uma defensora incansável dos direitos da mulher no país.
Assumindo o mandato de deputada federal em 28 de julho de 1936, Bertha Lutz foi autora do Estatuto da Mulher, propondo a reformulação da legislação brasileira quanto ao trabalho feminino, defendendo também a criação do Departamento Nacional da Mulher.
O trabalho da bióloga e defensora dos direitos da Mulher ultrapassou as fronteiras do Brasil, com a designação da parlamentar como delegada em diversas conferências internacionais. Em 1951 Bertha Lutz foi premiada com o título de “Mulher das Américas” e, em 1952, foi a representante do Brasil na Comissão de Estatutos da Mulher das Nações Unidas.
Também como cientista publicou trabalhos sobre biologia floral e destacou-se internacionalmente por suas pesquisas zoológicas sobre espécies anfíbias brasileiras.
É um grande orgulho para a 10ª Coordenadoria Regional de Educação ter uma das suas escolas homenageando uma das mulheres, cujo estudo da biografia se tornou obrigatório para o conhecimento de capítulos fundamentais da História do Brasil na ótica feminina.
Sinvaldo do Nascimento Souza, representante da 10ª CRE no Rio Educa
Sugestões de leituras e filmes para saber um pouco mais e aproveitar no planejamento das aulas de História:
• Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, Ed. 2000.
• História das Mulheres no Brasil. Organização Mary Del Priore. Coordenação de Textos Carla Bassanesi. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2000.
• Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro. Coordenação: Alzira Abreu e Israel Beloch. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1993.
• Filme “Paraíba mulher macho”, de Tizuka Yamazaki, que tem como pano de fundo a Revolta de Princesa e destaca o personagem histórico da professora e defensora dos direitos da mulher, Anaíde Beiriz, interpretado pela atriz Tânia Alves.
• CD Mulheres de Atenas, de Chico Buarque de Holanda
• Desenho: O sonho impossível, produção da ONU"
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