sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Geração Z

Fonte: Vithais
A Geração Z: "

Entrevista concedida a Agência de Imprensa do Grupo Mestra
Tema: Tecnologias, Geração Z
Data: 18/03/11

1 – Por favor informe o nome completo e cargo para identificação na reportagem.
Prof. Dr. JOÃO LUÍS DE ALMEIDA MACHADO, Professor Universitário atuando na Faculdade Bilac nos cursos de Pedagogia, Administração e Ciências Contábeis; Coordenador Pedagógico da Escola Moppe de São José dos Campos; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Graduado em História pela Univap.

2 – As pessoas da Geração Z são conhecidas por serem nativas digitais. Qual é o maior desafio para o professor dessa nova geração?
JL - As maiores dificuldades desta Geração Z, nascida sob os auspícios das Tecnologias de Informação e Comunicação, tendo sempre por perto algum recurso digital e acesso a rede mundial de computadores, relacionam-se a questões muito importantes para a educação, como por exemplo, dar-se o tempo necessário e precioso para a reflexão, ter foco em relação aos temas estudados e materiais a serem lidos (tanto na internet e especialmente em livros e outros recursos impressos), concentrar-se durante as aulas e, mesmo, relacionar-se de forma mais presente no mundo real. Tudo isso, é certo, são contrapartidas aos ganhos obtidos com as tecnologias, como o acesso a um mundo de informações, a velocidade das redes que é cada vez maior e o próprio advento das redes sociais na web. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio para que as vantagens percebidas com as tecnologias não ocasionem prejuízos como aqueles que foram citados. Necessitamos dosar melhor o tempo, não pensar na velocidade da internet como o referencial a ser adotado fora destas plataformas, em nossas vidas. Na escola, é imprescindível trabalhar o tempo da reflexão, como mencionei, no qual trabalhamos as informações permitindo-nos pensar sobre elas com a necessária profundidade e não simplesmente dando uma rápida “passagem de olhos”.

3 – Hoje como os professores estão lidando com esse público de uma maneira geral?
JL – Esta pergunta é bastante ampla e é impossível generalizar. O que percebemos de mudanças mais específicas referem-se ao advento das tecnologias e ao uso cada vez mais frequente dos professores quanto as possibilidades oferecidas por diferentes ferramentas, tanto para uma comunicação mais informal quanto para aquela mais técnica, pedagógica. Neste sentido temos visto plataformas providas pelas próprias escolas e, também, o uso das redes sociais como os comunicadores (MSN, Skype), as grandes redes sociais (Facebook ou Orkut), os blogs, o twitter, o YouTube... Há repercussões também no dia a dia da sala de aula que devem ser observadas e merecem cuidados, como por exemplo o uso excessivo dos recursos tecnológicos e o ocaso ou diminuição das leituras e estudos regulares com livros, materiais acadêmicos, pesquisas, encontros com especialistas, visitas a museus...

4 – Como será o perfil do professor da geração Z para os próximos anos?
JL – A tendência é que cada vez mais as novas gerações tenham professores antenados e linkados, literalmente falando, ou seja, mais inseridos nas tecnologias e redes que já existem ou que ainda surgirão. Penso que os diferenciais no caso dos professores para este futuro próximo e até com um olhar além dos 5 ou 10 anos vindouros, será realizado ou trazido a tona por profissionais da educação que entendam que estas tecnologias agregam muito valor, mas que todos serão “educados” quanto a estes recursos digitais a curto e médio prazo, como já está acontecendo muito rapidamente, tanto de forma pensada quanto espontânea e que, neste sentido, a diferença brotará daqueles que realizarem também e de forma regular, pensada, analítica e crítica a leitura do mundo extra-internet, redes, tecnologias...


5 – Quais são as principais mudanças dentro da sala de aula?
JL – O que é possível perceber, desde já, é que os alunos e professores, por conta de todo o encantamento das tecnologias, verdadeiro “canto da sereia digital”, sedutor ao extremo, estão deixando de lado a produção com recursos mais regulares do cotidiano educacional, como a leitura de livros, a produção de textos sem auxílio de computadores, as anotações em sala de aula e que, mesmo, alteraram as relações entre as pessoas, mais “plugadas” do que ligadas no mundo real, em tantos casos.

6 – Sua Opinião: Aponte pontos positivos e negativos da geração Z, por favor.
JL – Os pontos positivos são aqueles que têm sido debatidos e apresentados com grande frequência pela grande mídia, a saber: a disponibilização de recursos como nunca antes vivemos na história da humanidade, a velocidade de acesso crescente as redes, a conectividade e ligação entre diferentes pessoas e culturas, as possibilidades de troca e intercâmbio que surgem com estas ferramentas e a própria criação de redes sociais a integrar os indivíduos e os povos. Quanto aos pontos negativos, as preocupações maiores estão ligadas a questões como as relações interpessoais, a concentração, o ritmo de vida associado aos fluxos digitais, o tempo gasto na web e na vida real...

7 – Como administrar a geração Z sem conflitos?
JL – Os conflitos geracionais são inerentes à sociedade, ou seja, existiram, existem e sempre existirão. As preocupações quanto a Geração Z referem-se aos excessos quanto ao uso das tecnologias e das redes. Existe uma necessidade premente de drenar parte da energia e realocar os interesses destas novas gerações, surgidas depois do advento dos computadores pessoais e das redes. Nossas crianças estão desaprendendo a brincar ao ar livre e mesmo a se relacionar fora de espaços onde isso faça parte da programação prevista, como as escolas. A família precisa estar atenta a isso e precisa colaborar promovendo a interação e ensinando, estimulando seus filhos a participar de brincadeiras com outras crianças em espaços lúdicos, como parquinhos ou jardins e passeios públicos. Tais preocupações não se restringem, porém, apenas aos menores, mas também aos adolescentes e aos jovens, que muitas vezes estão se refugiando nestas tecnologias, fechando-se em contas, relacionando-se apenas a distância e muitas vezes sem saber ao certo com quem...

8 – No curso de pedagogia da faculdade Bilac os alunos já estão sendo preparados para lidar com a geração Z. Comente, por favor.
JL – Temos como parte de nosso curso disciplinas de introdução as tecnologias de informação e comunicação e também contamos com uma específica para o uso das tecnologias em educação. Com estes momentos do curso destinados a compreensão das ferramentas e uso pedagógico das mesmas não apenas indicamos e explicamos como funcionam tais recursos mas falamos sobre perspectivas, cuidados, problemas, humanização da web, utilização inteligente e pedagógica das redes sociais...


Entrevistador: Rodrigo Machado
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