segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quando a escola vira um pesadelo para os pequenos

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Quando a escola vira um pesadelo para os pequenos: "


O que fazer quando a criança não quer ir ao colégio? Especialistas recomendam aos pais que mantenham a calma e investiguem as razões. Observar o filho e conversar com ele pode ajudar a superar esse momento difícil.


Os pais ficam assustados quando os filhos não querem ir à escola. Alegações não faltam aos pequenos: a escola é chata, o colega pega no pé, a professora briga. Nessas horas é preciso ter a calma e investigar as razões que levam as crianças a evitar o colégio. Observação e diálogo são essenciais, dizem os especialistas.


Antoniele Soares, coordenadora pedagógica do Colégio Monteiro Lobato, explica que a criança, ao ingressar na escola, passa por um processo de adaptação no qual o papel das mães é fundamental. “Elas visitam as instalações, conhecem os professores, conversam conosco e, assim, se estabelece um vínculo de confiança. O corte do cordão umbilical costuma ser difícil. As mães, preocupadas com o bem-estar dos filhos, sentem a dor da separação”. A criança, contudo, sente-se mais tranquila se a mãe estiver bem.


Cristiano Muniz, professor-adjunto e vice-diretor da Faculdade de Educação da UnB, destaca que a escola é espaço de provocação no qual nos deparamos com situações desafiadoras. “É preciso que isso fique claro: a aprendizagem só pode ocorrer no contexto das dificuldades, quando nos colocamos na posição de resolver problemas”, declara.


O papel da escola é estimular o agir, o pensar, sem esquecer dos objetos de estudo. Se a criança se recusa a ir para a escola, é preciso apurar.


O professor diz que há meios de se descobrir as razões para as crianças negarem a escola. O diálogo é, provavelmente, o melhor deles. Perguntar ao filho como foi o dia dele pode ajudar. No caso das crianças pequenas, que não conseguem expressar verbalmente o que sentem, é preciso observar a linguagem corporal. Muitas até apresentam sintomas como febre e dores de barriga quando não se sentem bem na escola.


Ana Carolina, 37 anos, mãe de Isadora, nove, vive o problema até hoje. A criança aprende tudo, mas não convive bem com os colegas. “Eu e o pai passamos por uma separação difícil e acho que isso influencia o comportamento de Isadora até hoje”, diz a mãe.



Papel da família é essencial na adaptação


A pedagoga Antoniele Soares comenta que, de uma maneira geral, as escolas trabalham a ansiedade dos pequenos, introduzindo os rituais da vida escolar, aos poucos, na vida deles. Tudo é adaptado para as crianças. A altura dos objetos, o cardápio, os brinquedos e as atividades lúdicas.


Gradativamente, as crianças passam a controlar o seu próprio espaço, o que lhes dá a sensação de segurança suficiente para realizarem suas atividades e adquirirem autonomia. As crianças começam a ser geradoras de conhecimento.


Artes, esportes e tecnologia são outros meios de envolver os alunos. A professora de educação física Anita Souto Mayor Rondon sabe bem disso. Coordenadora do xadrez escolar, ela relata experiências bem-sucedidas entre os alunos que começam a jogar desde pequenos sob orientação. As crianças podem participar do jogo através de dramatizações, o chamado xadrez vivo, por exemplo, ou utilizar tabuleiros com peças atrativas e grandes, agradáveis de manusear.


Os animais também ajudam as crianças a estarem bem na escola. Os pequenos adoram os peixinhos, os passarinhos e os porquinhos-da-índia, por exemplo, porque são filhotes como eles.


Antoniele Soares lembra que a participação da família é fundamental no processo de adaptação. Os pais podem ajudar os filhos a desenvolverem autonomia, dando a eles opções de conduta, de maneira que assumam responsabilidade por suas ações, dentro das regras impostas. A escola pode dar orientações nesse sentido. O importante é que as regras estejam ao alcance das crianças.


Em alguns casos, acompanhamento psicológico pode ser interessante. Como lembra o pesquisador Muniz, a educação busca o desenvolvimento integral do ser humano e de sua crença na capacidade de produzir conhecimento. Os conteúdos e currículos são apenas meios de se alcançar este objetivo maior.



Causas do problema


Várias podem ser as causas da recusa. Podem estar relacionadas ao fato de a mãe estimular a dependência dos filhos para se sentir relevante. Sem autonomia, a criança dependerá da proteção dos colegas para fazer tudo. Quando eles deixam de assumir esse papel, a criança diz que não gosta mais da escola, pois não tem amigos lá.


Outra situação é a da criança que se acha despreparada para vencer os desafios. Como se acha incapaz de superar as dificuldades, o aluno busca refúgio em casa, sob a proteção materna. “Crianças portadoras da síndrome de Down costumam ter esse tipo de comportamento”, aponta o professor Muniz. Por não darem conta de uma atividade, essas crianças se alheiam, mental e espiritualmente, do meio social. A criança precisa acreditar em si mesma para construir o seu espaço no mundo.


Uma terceira situação seria a de crianças que não se ajustam aos métodos de ensino de certas escolas, por características pessoais e/ou por serem críticas do sistema de ensino.



Fonte: Erika Suzuki (O Jornal da Comunidade/DF)

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