quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Texto: Desenvolvimento Infantil

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Texto: Desenvolvimento Infantil: "


Introdução

No contato cotidiano com as crianças, somos testemunhas da enorme e rápida
transformação pelas quais elas passam. Muitas vezes, num intervalo de pouquíssimos dias, um
bebê que mal se sustenta em pé, apoiando-se na parede ou
em móveis, começa a dar seus primeiros passos. É sempre um
momento emocionante para quem acompanha o processo.
Os privilegiados que assistem momentos como estes são
aqueles que convivem com elas, normalmente as famílias e
nós, os profissionais da Educação Infantil.

Muito se tem falado sobre a importância dos primeiros anos de vida – a primeira
infância – para o Desenvolvimento Infantil. Isto acontece porque justamente na fase de zero a
seis anos é que o ser humano se desenvolve com maior rapidez e intensidade do que em todo
o resto de sua vida. Nesta fase especial da existência humana, desenvolvem-se as principais
condições para ampliação das possibilidades de cada ser. Isso significa que esta etapa da vida
requer atenção e cuidados para que tais , de fato, se desenvolvam constantemente.

Por que falar de desenvolvimento infantil na Educação Infantil?

A educação infantil tem também um papel importante na formação do indivíduo,
pois é neste momento que as crianças iniciam o processo de descoberta de si, do outro e do
mundo que as cerca. Além destas descobertas, todas as outras áreas do desenvolvimento
estão ativas, como o desenvolvimento motor, da linguagem e cognitivo. A criança é um sujeito
integral e seu desenvolvimento se dá em todas as áreas, de forma interligada. Os profissionais
da educação infantil testemunham e trabalham, diariamente, com crianças durante este rico
período de desenvolvimento humano. Isso exige de nós um trabalho intencional, que articule
as ações de cuidado e educação para benefício do desenvolvimento infantil.

Portanto, nossa função educativa nos obriga a conhecê-las e estudá-las, pensando
cada vez mais nas intervenções que podemos fazer, nas interações e mediações que devemos
desenvolver e nas experiências que devemos oferecer.

O Desenvolvimento é linear?

Neste mundo tão diverso, não há como esperar que todas as crianças se
desenvolvam da mesma forma. As oportunidades que cada uma tem, as culturas em que
vivem e as interações que fazem, trazem diferentes oportunidades para a trajetória de
desenvolvimento das crianças.

Cada criança é um ser único e observar/acompanhar seu desenvolvimento é dirigir
nosso olhar para ela mesma, considerando que ela está inserida em ambientes específicos e
realizando interações específicas. Uma vez que tenham as crianças possibilidades sociais e
educativas tão diversas nos ambientes nos quais estão inseridas, observar o desenvolvimento
e o crescimento das crianças torna-se tarefa importante na Educação Infantil. Isto é, cada
criança, no seu percurso de desenvolvimento, pode apresentar diferenças em relação aos

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outros colegas da mesma faixa etária, no entanto, não seria conveniente que as comparações
fossem feitas somente com o intuito de rotular a criança. É necessário conhecermos
parâmetros que nos norteiem ao acompanhar o desenvolvimento e crescimento das crianças.
As pesquisas nas áreas da Pedagogia, Psicologia, Sociologia, Medicina e outras áreas afins,
apresentam conhecimentos importantes sobre desenvolvimento infantil para a execução do
nosso trabalho nas instituições de educação Infantil. As crianças, mesmo partindo de
possibilidades tão diferentes, apresentam comportamentos e atitudes semelhantes durante
sua trajetória desenvolvimental.

A tarefa educativa exige ação. Agir a favor
do desenvolvimento significa oferecer interações e
experiências significativas para a criança. Significa
observar a criança, compreender que ela está em
desenvolvimento, para pensar um trabalho que dê
conta das suas especificidades e que permita a elas ampliarem seu potencial.

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E quando algo não parece bem?

Em alguns casos, tememos que o desenvolvimento das crianças não esteja dentro
das nossas expectativas. Isto exige algumas reflexões, do tipo:

Quem é a criança?
Quais são as minhas expectativas para ela?
Como posso atuar para potencializar seu desenvolvimento?

Embora não possamos classificar as crianças de acordo com seu desenvolvimento,
uma vez que entendemos que ele é marcado por diferentes possibilidades, podemos e
devemos observá-lo para intervir sempre que necessário.

Nina tem 11 meses e acabou de entrar para a creche. Os educadores ficaram preocupados
ao conhecê-la porque perceberam que ela é pequena para a idade, não engatinha e age
como um bebê de 8 meses, bem diferente de outras crianças da sua idade. Alguns
pensaram em buscar ajuda para ela, outros em esperar que o desenvolvimento aconteça
naturalmente.

Esta situação nos leva a pensar sobre os pontos mencionados acima. A preocupação dos
educadores parece genuína: por que será que a Nina se comporta e está assim? Na experiência
deles, educadores, as crianças de 11 meses parecem fazer mais coisas do que a Nina, mas,
desta maneira, é preciso observá-la mais detalhadamente para que os educadores possam
oferecer interações adequadas de maneira a estimular a Nina. A comparação com as outras
crianças aqui nos ajuda a ter parâmetros e entender melhor a situação da Nina, mas não deve
dar ênfase àquilo que ela não consegue fazer em relação aos outros. Ao contrário, a ênfase
deve ser naquilo que ela já consegue fazer para que possamos traçar caminhos que facilitem e
fomentem o desenvolvimento integral da Nina. Os caminhos do desenvolvimento infantil

podem seguir de maneiras diferentes, no entanto, podemos observar coisas semelhantes
nestas trajetórias. Mantenham alertas para estas diferenças.

Partir dos conhecimentos disponíveis sobre desenvolvimento infantil e sobre a
própria Nina, nos perguntando: qual desenvolvimento ela já tem? O que ela consegue fazer?
Em que ela se interessa? A partir de questões como essas, começamos a traçar ações que
oportunizem o desenvolvimento. Trata-se de um trabalho pedagógico. Um dever dos
profissionais de Educação Infantil.

Orientações Curriculares - OCEI

Possibilitar o desenvolvimento e crescimento das crianças significa
educar e cuidar, isto é, estas ações acontecem de forma indissociável em
toda a prática educacional. Cuidar de crianças inclui atender a todas as
necessidades infantis, sejam elas físicas, emocionais, cognitivas ou
sociais. Oferecendo-lhes condições de se sentirem confortáveis em
relação ao sono, fome, sede, higiene e dor, dando a elas real
possibilidade de aprendizagem. Significa, também, acolher, garantir a
sua segurança e saúde, alimentar a curiosidade e expressividade
infantis, promovendo situações pertinentes à faixa etária atendida,
ancoradas principalmente no BRINCAR. (OCEI, 2010)

As OCEI visam ajudá-lo no trabalho com as crianças, no desenvolvimento das
possibilidades educativas.
Interações, brincadeiras, pequenos e grandes grupos, ganham maior sentido
quando entendidos como estratégias de ampliação do desenvolvimento das crianças.

 Brincadeira
É a principal atividade infantil. É por meio dela que a criança aprende e se
desenvolve. No espaço educativo tudo precisa estar ancorado nesta linguagem.
Sugerindo brincadeiras específicas e adequadas, podemos ajudar as crianças a
experenciarem diferentes situações que poderão provocar uma ampliação no
desenvolvimento de algumas habilidades.
As OCEI tem este enfoque, entendendo que o trabalho deve ser realizado de acordo
com as necessidades e especificidades das crianças.

 Pequenos e Grandes Grupos
Se apenas o grande grupo for considerado e se deixarmos em segundo plano as
individualidades, correremos o risco de oferecer apenas atividades genéricas, que atenderão,
prioritariamente, o ponto de vista do educador. Agindo desta forma, a possibilidade de

atendermos às necessidades individuais se tornará pequena, restrita. Com tantas diferenças,
qual experiência teria significado para todos? Como saberemos o que cada criança está
pensando, sentindo? Como potencializaremos sua criatividade e sua curiosidade?
Uma das formas ou uma forma bastante eficaz é diversificar e oferecer
possibilidades distintas, por meio das quais as próprias crianças possam exercitar a escolha. É
justamente nestes momentos que a criança dá grandes passos em seu desenvolvimento. E isso
começa pela autonomia em decidir o que fazer, como, quando e com quem fazer.
As atividades em grande grupo também têm seu valor. Permitem socialização mais
ampliada e ajudam a criança a lidar com regras em grupo etc, no entanto, não podem ser a
única ou a maior forma de trabalho com crianças da Educação Infantil, especialmente com as
crianças pequenas.

 Interações
As interações são pano de fundo de todas as ações do espaço educativo. Sabemos
que é na interação que as aprendizagens acontecem e que, desta forma, as crianças vão
ampliando seu desenvolvimento. Isso implica pensar não apenas nas interações das crianças
com os adultos, mas também com outras crianças e com o próprio ambiente.
As interações são fundamentais e envolvem, além da troca de informações, uma
enorme troca de afeto. A afetividade é necessária ao ser humano, essencial para o
desenvolvimento infantil. É por meio do contato, do reconhecimento do outro como sujeito,
como indivíduo diferenciado, que podemos, de fato, perceber as necessidades de cada um. É a
partir deste contato que podemos ampliar as experiências de cada criança, planejando
situações, reorganizando os ambientes, trazendo novas possibilidades à rotina das crianças.

Nicolas tem 2 anos e 3 meses e não sabe ainda manusear um livro.
Vira e revira o livro, mas não consegue folheá-lo. Uma educadora
olha preocupada e pensa que talvez ele não tenha tido contato
suficiente com este objeto. O outro educador questiona se Nicolas
tem um problema de coordenação motora. Um outro justifica
dizendo que é normal, já que a família não tem livros.

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O lidar com estas situações exige que planejemos atividades que possibilitem às
crianças vivenciar experiências de que necessitem. No caso de Nicolas, é preciso verificar qual
o acesso que ele tem aos livros. Seria prematuro afirmar que Nicolas apresenta alguma
patologia. A ação educativa, intencional, precisa definir que estratégias poderão ser utilizadas
para organizar situações que permitam a Nicolas manusear os livros e aprender, junto a seus
pares, o significado deste objeto. Este é um dos objetivos da educação: ampliar as
possibilidades de cada criança.

Áreas do Conhecimento e Linguagens
As OCEI organizam o conhecimento em áreas. Esta divisão busca facilitar o
planejamento, uma vez que entendemos que as áreas e as linguagens se misturam,
permanentemente, uma vez que se encontram interligadas. O planejamento de experiências
ajuda a guiar nosso olhar e a garantir um atendimento educacional de qualidade.

O mesmo se dá com o desenvolvimento infantil. Uma habilidade desenvolvida amplia
o desenvolvimento de outra, potencializando o desenvolvimento integral.

Por que o ASQ-3 – Ages and Stages Questionnaries ?

O ASQ foi criado por uma equipe de pediatras e nutricionistas americanos,
preocupados em disponibilizar, às famílias, uma ferramenta que as ajudasse a acompanhar o
desenvolvimento de seus filhos.
Desde a sua primeira versão, o ASQ vem cumprindo este papel. Trata-se de um
instrumento utilizado em diversos países como política pública de Saúde, visando pensar
estratégias de observação e monitoramento do desenvolvimento infantil.
A utilização da escala ASQ no trabalho desenvolvido nas creches e turmas de
Educação Infantil tem objetivos pedagógicos. O ASQ pode nos ajudar a olhar as crianças de
uma forma mais detalhada, quando associamos aqueles dados às práticas culturais, aos
ambientes e às interações realizadas.
A partir de um olhar global da instituição, podemos definir quais estratégias podem
ser traçadas para o atendimento às necessidades locais.
Este é um exercício que precisamos fazer.
Extrair informações sobre o desenvolvimento
das crianças pode nos ajudar a oferecer um trabalho que
respeite as diferenças individuais e que contemple as
diferentes necessidades da criança. Para isso, é preciso
conhecê-las, conhecer os materiais que dão suporte ao
trabalho pedagógico, como por exemplo, as OCEI.
É fundamental, também, considerar a
comunidade escolar, seu contexto, as famílias e as
práticas culturais da região.
Trabalhar em prol do desenvolvimento infantil
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significa ampliar o olhar e trabalhar com diferentes
possibilidades, tendo a criança como foco. É acolher,
integrar e interagir. Este é o importante papel da
Educação Infantil.

É importante ressaltar que a meta é garantir a presença de experiências que
sejam importantes para a alegria, o desenvolvimento e crescimento das crianças
fortalecendo assim, a possibilidade de sucesso escolar na sua trajetória educacional. (OCEI,
2010)
































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