http://www.blog.saude.gov.br/Hiperidrose: suor excessivo pode ser tratado:
Todo mundo já teve aquele momento em que transpiração do corpo foi maior do que o normal, como em épocas de muito calor e durante a prática de exercícios físicos. Mas para algumas pessoas a situação é pior. Roupas molhadas, incapacidade de calçar sapato e finalizar uma prova porque a caneta escorrega são exemplos de constrangimento. Pegar na mão de outra pessoa pode ser um martírio e para isso é necessário secar as próprias mãos diversas vezes na roupa.
O suor é um líquido produzido pelas glândulas sudoríparas que se localizam na derme e é indispensável para controlar a temperatura do corpo. Entretanto ele pode ser excessivo, causando a doença chamada hiperidrose. Ela se caracteriza por sudorese excessiva da testa, das mãos, dos pés e das axilas e atinge cerca de 1% da população mundial, sejam homens ou mulheres, em várias idades.
O suor excessivo causa impacto significativo na vida profissional e emocional dessas pessoas. O constrangimento, o isolamento, o incômodo físico, as alterações psicológicas, a baixa autoestima e outros problemas relacionados ao convívio social são exemplos das consequências que essa doença pode causar. Segundo a dermatologista do Hospital Federal de Ipanema, Márcia Senra, a hiperidrose está associada à hiperatividade do sistema nervoso autônomo simpático e também ao estresse, por situações até inconscientes. “Essa doença pode começar a desencadear ao longo da vida, mas acontece principalmente na época da puberdade, do desenvolvimento, quando as glândulas sudoríparas estão desenvolvidas”, explica.
A hiperidrose tem tratamento, desde o uso de desodorantes com substâncias antitranspirantes até a realização de cirurgias locais. “Existe a aplicação de ondas galvânicas para diminuir a produção temporária da glândula. Tem também a cirurgia simpatectomia, que é feita cortando a enervação simpática. Essas cirurgias são feitas em casos extremos porque têm risco, porque são feitas em área de risco cirúrgico. Elas precisam ser realizadas por cirurgiões de tórax e não garantem uma melhora de 100%, porque você melhora em uma área, mas depois começa a produzir suor em outra, o que chamamos de efeito compensatório”, detalha a dermatologista.
Além desses tratamentos, há também a aplicação de toxina botulínica (botox), feita nas mãos e axilas, e a utilização de desodorantes com cloreto de alumínio. “Mas é preciso fazer uma ressalva: esses desodorantes não podem ser usados por muito tempo seguido, porque pode causar absorção de alumínio e levar a alterações do sistema nervoso e neurológico. A orientação é que a pessoa use em um determinado período e pare em outro para não ter absorção muito grande”, alerta Márcia.
Desde os 15 anos, M.* se incomodava com a roupa molhada debaixo dos braços. Quando olhava fotos, sentia mal estar porque achava que tinha aparência de pessoa suja. “Além disso, se a camisa fica molhada o tempo todo fica com cheiro de molhada, um cheiro ruim. E isso fazia com que minhas roupas tivessem uma vida útil muito pequena”, relata. Há três anos, descobriu na internet que o Hospital Universitário de Brasília (HUB) disponibiliza a simpatectomia e resolveu correr atrás.
“O processo foi tranqüilo. Eles fizeram um exame psicológico antes porque é necessário fazer uma anestesia geral e fizeram entrevistas também. Confesso que a recuperação foi dolorida, sentia dor nas costas. Além disso, parei de suar nas axilas e comecei a suar na barriga. Mas no final valeu a pena. Hoje estou bem mais tranquilo”, diz M.*.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamentos para hiperidrose. É preciso procurar um dermatologista para realizar o diagnóstico do caso e, se for necessário, iniciar o processo.
*O entrevistado preferiu manter a identidade em sigilo.
Mônica Plaza / Blog da Saúde
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