ONU espera acordo climático limitado; cúpula no México começa no dia 29
Folha de São PauloQuase 200 países se reúnem a partir do final do mês no México para tentar definir a criação de um fundo ambiental para países pobres e de outras medidas que levem à adoção de um novo tratado climático mundial, em meio a alertas de que a falta de ação está elevando os custos do combate às mudanças no clima.
As expectativas de adoção desse tratado se frustraram na cúpula climática de Copenhague em 2009. Para a reunião deste ano as ambições também são menores.
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"Os países perceberam desde Copenhague que não há uma grande solução", disse a chefe do Secretariado Climático da ONU, Christiana Figueres. "Precisamos levar esse processo um passo adiante. Tudo me diz que há um acordo a ser feito", disse ela, referindo-se à reunião de Cancún, entre 29 de novembro e 10 de dezembro.
Mas até mesmo a adoção de um acordo limitado será um grande desafio, após um ano de intensas divergências entre EUA e China, os dois maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa.
A China e outros países em desenvolvimento alegam que as nações ricas deveriam realizar reduções mais incisivas nas suas emissões; os EUA e outras nações desenvolvidas afirmam que grandes economias emergentes também precisam arcar com responsabilidades.
"Que a China e os Estados Unidos estejam num impasse é um fracasso muito confortável para todos os envolvidos", comentou Shane Tomlinson, diretora de desenvolvimento do instituto E3G, em Londres.
MAIS CARO
Na semana passada, a AIE (Agência Internacional de Energia) disse em um relatório que o custo de uma ação firme contra o aquecimento global até 2030 subiu de US$ 17 trilhões para US$ 18 trilhões só por causa dos adiamentos nas decisões em 2010.
"Se ainda não houver acordo em Cancún e na África do Sul (sede da reunião climática da ONU em 2011), esse custo vai subir mais, e isso tornará ainda menos provável que algum dia tenhamos um acordo", disse Fatih Birol, economista-chefe da AIE.
"Será definitivamente um acréscimo da ordem de centenas de bilhões de dólares", afirmou ele à Reuters. Os custos, explicou, estariam relacionados à migração do uso de combustíveis fósseis para as energias "limpas", como a eólica e a solar.
O objetivo das negociações de Cancún é prorrogar e ampliar o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. A atual versão do protocolo só exige cortes nas emissões dos países desenvolvidos, mas os EUA não participam.
Outro impasse entre países ricos e pobres diz respeito aos cerca de US$ 30 bilhões da ajuda climática imediata para as nações em desenvolvimento, um dos poucos resultados concretos do evento de Copenhague.
Países em desenvolvimento dizem que a ajuda já liberada é insuficiente, e que grande parte está apenas sendo remanejada de verbas anteriores, em vez de ser um auxílio "novo e adicional" como previa o documento de Copenhague.
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