segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Encontro de educadores discute o uso das tecnologias na educação e combate ao trabalho infantil

Participantes do Aula Fundação Telefônica recebem capacitação e socializam projetos de inclusão digital em escolas que possuem estudantes em situação de vulnerabilidade social

FONTE: EDUCAREDE

Por José Alves




Roseni Reigota, coordenadora da área de Área de Educação, Arte e Tecnologia da Fundação Telefônica, iniciou os trabalhos do 1ºEncontro Nacional de Dinamizadores do AFT


A possibilidade de compartilhar experiências exitosas com foco em educação e tecnologia, além de mobilizar e integrar os diversos parceiros, representantes de ONGs, órgão públicos e educadores do projeto Aula Fundação Telefônica (AFT), foi o principal motivo da realização do 1º Encontro Nacional de Dinamizadores do AFT em Amparo (SP), nos últimos dias 24, 25 e 26 de novembro.

O Aula, como é carinhosamente chamado pelos participantes, é um projeto internacional, idealizado pela Fundação Telefônica, que carrega como bandeira a erradicação da prática do trabalho infantil por meio da qualificação dos processos de ensino e aprendizagem nas escolas. Para isso, atua em instituições onde estudam crianças em situação de vulnerabilidade social - risco potencial de ingresso ao trabalho infantil -, disponibilizando equipamentos, como laptops (classmates) com conexão à internet, e capacitação e apoio direto aos professores.

Palestras, debates e diversas oficinas compuseram a dimensão formativa do encontro em Amparo. Entre os participantes estavam Propércio Rezende, diretor da Associação Estadual de Conselheiros Tutelares, e Eduardo Chaves, especialista em Educação e Tecnologia. As oficinas abordaram temas como Indicadores da Qualidade na Educação - Indique, Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), Geração Interativa e Redes Sociais na Educação. "Eu tinha muitas dúvidas em relação ao uso das redes sociais e, na oficina, elas foram esclarecidas pela formadora. Compreendi de que maneira as pessoas podem usar as redes, a quantidade de pessoas que hoje usam esses ambientes, e curiosidades sobre o tema, como, por exemplo, em que momento da história se deu o primeiro indício de uma rede social. Achei a oficina maravilhosa; com as informações que recebi vou pensar em como utilizar as redes sociais nas minhas oficinas de música", conta o educador Jeferson de Mesquita, instrutor de música na EMEB José Caldeira Cardoso em Bebedouro, interior de São Paulo. (veja mais sobre essas formações).

Mas os destaques do evento foram os painéis de projetos realizados em algumas das 36 escolas brasileiras participantes do AFT, distribuídas por sete municípios paulistas - Campinas, Hortolândia, Diadema, Bebedouro, Ourinhos, Bauru e Santos. Nessas apresentações, os "dinamizadores" - professores-referência do AFT nas escolas - puderam socializar presencialmente com o público as suas experiências no uso dos classmates para a elaboração de projetos que fizeram diferença na comunidade escolar. Entre as ações, destacam-se: produção de poesias a partir de pesquisas na Internet; alfabetização de trabalhadores rurais; combate ao bullying por meio da publicação de uma fotonovela; estudo do ECA pelos estudantes e apresentação de palestras sobre o tema; jornal comunitário pautado e produzido pelos estudantes e projeto interdisciplinar que envolve Educação Física, Matemática e Língua Portuguesa.

Outro ponto relevante do encontro foi o anúncio por parte de representantes das secretarias de educação e de assistência social de Ourinhos de que a metodologia do AFT tornou-se política no município. "Nós compreendemos que os projetos sociais são um fomento, mas precisam ser incorporados às políticas públicas. Estamos vendo isso acontecer no AFT, a exemplo do município de Ourinhos", explica Roseni Reigota, coordenadora da área de Área de Educação, Arte e Tecnologia da Fundação Telefônica. Segunda ela, o sistema educativo de Ourinhos, composto por 13 escolas municipais, passou a utilizar a metodologia do projeto. "Para a Fundação Telefônica, esse é um resultado muito significativo porque acreditamos que conseguimos gerar a tão sonhada sustentabilidade."

Professores dinamizadores e os classmates: equipamentos são ferramentas importantes para a construção de projetos pedagógicos


O local escolhido para receber as cerca de 110 pessoas presentes no evento foi um luxuoso resort, com uma invejável infraestrutura para abrigar as atividades formativas, interativas e de articulação que marcaram o encontro ao longo de três dias. Roseni explica a escolha do lugar: "além das dimensões formativa, interativa e colaborativa que caracterizam esse momento e que perpassam por todo o percurso do Aula Fundação Telefônica, nós tentamos acrescentar outra dimensão nesse encontro presencial, a dimensão do prazer". E complementa: "as pessoas estiveram em constante contato com a natureza, muito motivadas e felizes. Para a Fundação Telefônica, o prazer e a alegria no ambiente de trabalho, no momento de compartilhar e avaliar conteúdos e práticas educativas, é tão importante quanto a aprendizagem socializada e adquirida por todos".

O AFT e o papel do dinamizador

O AFT é um projeto realizado em 13 países iberoamericanos. Com três anos de atuação no Brasil, atende a mais de 21 mil alunos e mais de 1.800 educadores em 36 escolas de 7 municípios paulistas. As escolas participantes são equipadas com servidores, rede de conexão à Internet, projetores multimídia e laptops educacionais (classmates), para serem usados pelos estudantes em atividades pedagógicas em sala de aula e no entorno da escola. O projeto também oferece capacitação e apoio direto aos professores, com atividades formativas presenciais e à distância.

No desenvolvimento do projeto, o papel do dinamizador é fundamental, pois ele é o professor-referência com a função estratégica de multiplicar a formação para outros educadores e parceiros. Carla Geovana dos Santos, coordenadora do AFT no Brasil, explica de que forma isso acontece: "Os professores recebem uma formação presencial e depois são orientados a frequentarem a nossa comunidade virtual, nosso ambiente de aprendizagem. Lá, eles podem participar de cursos online sobre os mais variados temas, postar exemplos de recursos didáticos que utilizam na escola e também compartilhar as aulas com educadores de toda a América Latina. Esses professores também têm a tarefa, como dinamizadores, de, junto à direção da escola, conseguirem horários para formar outros professores com o mesmo conteúdo que eles aprenderam, que pode ser, por exemplo, o uso do Moviemaker para editar vídeos ou uma questão mais reflexiva sobre o uso das tecnologias. Eles também fazem a sensibilização para outros professores participarem da rede".

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