Expandindo os Limites do Aleitamento Materno

Expandindo os Limites do Aleitamento Materno: "

por Simone de Carvalho,
pedagoga, pesquisadora e mãe ainda em tempo integral

Sobre os inúmeros e extraordinários benefícios do aleitamento que todos sabemos, o leite humano é realmente um alimento divino que perpassa os benefícios à vida do bebê e da mãe. Sendo direito de todos os bebês que chegam ao mundo, pois a mama da mãe é preparada pela natureza para a produção do leite, muitos bebês são privados do aleitamento exclusivo por fatores adversos, e o que eu gostaria de mencionar aqui é o fator “falta de tempo” de algumas mães.

Incluem-se a este fator o estresse, a jornada de trabalho extensa e a privação do direito de “ser mãe”, direito este que exige um tempo prolongado de cuidado ao bebê, de atenção, de dedicação total.

Atualmente somos como que totalmente envolvidas pelo fator “tempo”, mas no que diz respeito às conquistas materialistas. O que me preocupa e me faz refletir muito é o fato de não se considerar o tempo de aleitamento como algo de extrema, urgente e total importância. Como não podemos de fato pensar sobre o que são dois anos ou mais de atenção total ao processo do aleitamento comparado a uma vida inteira de benefícios, tanto cognitivos como emocionais, e, principalmente, a uma saúde perfeita dos nossos bebês?

Hoje assistimos quase que diariamente a centenas e centenas de bebês sofrendo de doenças respiratórias ou infinitas viroses em decorrência de um organismo debilitado no fator imunidade. Que preço alto é este que a sociedade como um todo está pagando por privarem seus bebês do “tempo deles”?

O pensamento ou a visão acerca do aleitamento necessita de uma urgente reformulação. Há necessidade de retornar ao ponto de partida, ou seja, à idéia milenar das culturas sobre o aleitamento exclusivo. Precisamos reformular todo o conceito construído até hoje, repensar a introdução de fórmulas, mamadeiras e chupetas e todos estes “avanços” que significam a evolução da “mulher moderna”.

Esta evolução está indo de encontro também à não evolução humana, no que diz respeito às futuras gerações que estão surgindo e às consequências negativas da chamada “modernidade”, pois existem valores que são imutáveis, e a amamentação é um desses valores.

Retomar o conceito primário do aleitamento exclusivo, principalmente no que se refere aos benefícios a meio, curto e longo prazo, é a garantia de uma sociedade alicerçada sobre os valores humanos mais sublimes e igualitários. O esforço do todo: a sociedade que emprega, mas também respeita o direito de ser mãe, e a família, que se responsabiliza por seus bebês nutrindo-os e cuidando de todas as suas necessidades, é o ideal de vida que precisamos urgentemente reformular para que possamos garantir uma sociedade sadia e feliz para a nova geração que virá.

O Brasil é um dos países com maior taxa de aleitamento no mundo, mas ainda há muito que ser feito para que possamos ter uma nação 100% comprometida com os seus bebês.

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