sábado, 26 de março de 2011

Milhões de Minutos... Como você está usando o seu tempo?

Milhões de Minutos... Como você está usando o seu tempo?: "
(Fonte: Toda Mafalda, de Quino, Editora Martins Fontes)
Já ouvi dizer que alguns dos maiores escultores de todos os tempos costumam falar que as obras que criaram já estão dentro dos monólitos de pedra por eles talhados. Coube a eles “apenas” enxergar o devir das referidas obras, ou seja, ter a necessária sensibilidade para perceber o que se escondia por detrás daquelas rochas ainda em estado sólido, bruto.

Da mesma forma, quem escreve e exerce com maestria as artes da produção de textos - literários, técnicos, jornalísticos, científicos, filosóficos – vê, invariavelmente, a sua frente, uma folha de papel em branco, não preenchida e, aos poucos, vai consolidando suas mensagens, ideias, pesquisas, descrições, narrativas...

Realizam-se em casos como o dos artistas plásticos e escritores o que chamamos de trabalho de composição, de elaboração, de criação. Especificamente no que se refere aos textos, por exemplo, vale lembrar que a palavra “texto” deriva de “tecido”, ou seja, relaciona-se a um trabalho de construção ponto a ponto, selecionando os nós e as amarrações mais corretas e adequadas para que se expresse, com o máximo de clareza, o que se quer apresentar através das palavras.

Parece fácil aos olhos de outrem, mas tal sensibilidade, arte, habilidade, competência, ou seja, lá como a quiserem chamar depende, por sua vez, da forma como nos relacionamos com os milhões de minutos “que ficam esperando a vez para sair dos relógios”, como sabiamente nos diz Mafalda, imortal criação do argentino Quino.

E quanta “responsabilidade” há, portanto, na forma como nos relacionamos com o tempo... Relação esta que nem ao menos nos preocupamos em administrar já que sempre pensamos que temos muito mais segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos do que realmente iremos ter ao longo de nossas vidas...

Situação que se parece com a relação que travamos com recursos naturais como a água... Agimos de forma inconsequente, usando este e outros recursos como se eles jamais pudessem se esgotar... Com isso nos condenamos, e a muitas outras pessoas igualmente, a um amanhã que pode ser desolador, preocupante, de conflitos...

O tempo que temos, ainda que artificialmente concebido, mesmo que demasiadamente humano, é algo que não podemos pegar, sentir, tatear, guardar em um invólucro, poupar para depois... Ao nos depararmos com o questionamento de Mafalda, devemos pôr a mão na consciência e, mais do que rir de nós mesmos, pensar e agir no intuito de melhor utilizar os minutos que temos pela frente... Sejam eles quantos forem... Até mesmo porque, realmente, não sabemos por quanto tempo os teremos...

Por João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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