sexta-feira, 13 de maio de 2011

Novos horizontes para o audiovisual

Novos horizontes para o audiovisual: "

Já imaginou poder assistir filmes de qualquer lugar? E quanto a produzir filmes que serão vistos por um alto número de pessoas? Pois estas possibilidades estão cada vez mais palpáveis com a ampliação das tecnologias de produção e pós-produção, como as micrometragens para celulares. Esta e outras alternativas às clássicas maneiras de fazer cinema têm gerado uma revolução no mundo todo, revirando um setor que, aqui no Brasil, vive em busca de estreitar o gap existente entre a produção e a distribuição de filmes.


Os filmes criados especificamente para as telinhas fazem parte de um movimento chamado 4º tela e exigem um novo olhar tanto para a tecnologia quanto para os moldes de criação vigentes. Os ângulos, linguagens e cortes – que servem muito bem às telonas – foram revistos para fazer a história caber na palma da mão, ou na tela do telefone.


Que o diga o Cel.U.Cine, festival de micrometragens patrocinado pela Oi Futuro e considerado a maior plataforma de visibilidade do novo formato. “Apoiamos o Festival de Micrometragens com o intuito de fomentar a produção para a 4ª tela. Para isso, também oferecemos oficinas de capacitação, junto com a Revista do Cinema Brasileiro, que trabalham novos formatos, enquadramentos e linguagens. O resultado é o crescimento do número de inscritos a cada ano”, contou a diretora de Patrocínios Culturais Oi Futuro, Maria Arlete, durante a última edição do Forcine.


Sob o slogan “Grandes histórias que cabem no seu cellular”, o Cel.U.Cine atrai participantes de localidades diferentes, chegando a receber 1000 filmes por edição. Em 2010, o vencedor do festival foi o surpreendente O Mala Man, criado pelas paulistas Marina Puech e Lana Sultani, que será exibido no Short Film Corner – SFC, no Festival de Cannes, entre amanhã e 22 de maio. Onze outros filmes recebidos pelo Cel.U.Cine concorrem à terceira edição do festival holandês LIsFE – Leiden International Short Film Experience.


Mas não são só as micrometragens que prometem novas veredas para os profissionais do audiovisual. Com o esgarçamento das fronteiras das artes, novas experimentações têm acontecido, evidenciando o fortalecimento da fusão entre técnicas e áreas artísticas diversas. Este é o caso de instalações baseadas, cada vez mais, em vídeos. A vídeo-arte e a vídeo-instalação, as quais boa parte do público olhou torto no passado, ganharam respeito e reconhecimento internacionais com trabalhos pioneiros e quase quixotescos de nomes como Arthur Omar.


Hoje, essas mesmas vias de expressão acenam como possibilidades reais para o futuro do audiovisual, principalmente, para a evolução dos documentários, como atenta Maria Arlete. “Perguntei ao Sílvio Tendler [documentarista] qual seria o futuro desta arte. Ele retrucou que o futuro do documentário estava na vídeo-arte. Na sequência, estive com o Amir Labaki [fundador do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários], que propôs duas vídeo-instalações para o É tudo Verdade. Esses encontros trazem uma reflexão sobre a importância de identificar alternativas em meio às adversidades”, disse a diretora de Patrocínios Culturais Oi Futuro.


A diferença está na arte


Se você chegou até este ponto da matéria com uma certa desconfiança de que terá dificuldades para se destacar em meio a tantas produções, saiba que não é o único a nutrir esta angústia. Com o novo paradigma do poder coletivo e o acesso facilitado aos meios de produção, é uma consequência natural que o mundo esteja saturado de informação. Em artigo publicado no jornal O Globo, em março deste ano, o intelectual José Miguel Wisnik lançou a pergunta inquietante: “quem dá conta da cascata infinita de autores de tudo? Quem decanta essa massa informe e simultânea, epidérmica, cheia de potencialidades e de engano?”


Ainda que não seja tarefa fácil, cabe ao artista a função de “decantar a massa informe”, provendo diferenciação qualificada. Para Maria Arlete, o que pode diferenciar o artista da massa é sua “capacidade de transmitir a intenção. Para fazer Arte – com ‘A’ maiúsculo – na Era do Conteúdo é preciso adotar novas posturas diante da criação, experimentar novo formatos de produção e lançar mão de novos modos de distribuição e de consumo”, concluiu a diretora de Patrocínios Culturais Oi Futuro.


Conheça abaixo a vinheta do Cel-U-Cine:



Micrometragem O Mala Man, de Marina Puech e Lana Sultani:

http://www.blogacesso.com.br




Priscila Fernandes / Blog Acesso

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