quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dúvidas dos leitores

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Dúvidas dos leitores: "

1ª) INTERVIU ou INTERVEIO?


Estava escrito numa campanha publicitária: “…os proprietários invadiram a Companhia, expulsaram os jesuítas e tentaram organizar um governo local. O Governo INTERVIU. A Companhia acabou…”


O leitor tem razão. Está errado. O verbo INTERVIR é derivado de VIR. Se ele VEIO, ele INTERVEIO.


A forma verbal interviu não existe.


Vamos recordar a regrinha:


Os verbos derivados de VER (=rever, prever, antever…) seguem o verbo VER:


Eu vejo > eu revejo, prevejo, antevejo;


Eu vi > eu revi, previ, antevi;


Ele viu > ele reviu, previu, anteviu;


Se eu visse > se eu revisse, previsse, antevisse;


Quando eu vir > quando eu revir, previr, antevir;


Os verbos derivados de VIR (=intervir, provir…) seguem o verbo VIR:


Eu venho > eu intervenho, provenho;


Eu vim > eu intervim, provim;


Ele veio > ele INTERVEIO, proveio;


Se eu viesse > se eu interviesse, proviesse;


Quando eu vier > quando eu intervier, provier.



2ª) RÁPIDO ou RÁPIDA?



Leitor quer saber se a frase “A bola tem que chegar rápida ao ataque” está certa.


Não é a bola que é rápida. RAPIDAMENTE é o modo como a bola deve chegar ao ataque. Trata-se, portanto, de um advérbio de modo. Não devemos esquecer que os advérbios são invariáveis (=não se flexionam).


Isso tudo significa que a concordância está errada. Devemos dizer que “a bola deve chegar RÁPIDO ao ataque”. Melhor ainda: “a bola deve chegar RAPIDAMENTE ao ataque”.



3ª) IRIAM IR ou IRIAM?



Estava escrito num bom jornal: “Inicialmente, os dois programas iriam ir ao ar depois da novela das oito”.


Leitor achou a frase muito estranha. Eu também. Bastaria dizer que “os dois programas IRIAM ao ar depois da novela das oito”.


Esse caso me fez lembrar a mania que alguns têm em usar “eu vou ir”.


Pior ainda é caso do “eu vou vim”. Aí, é dose! Ou você vai ou você vem. Na verdade ele queria dizer “eu vou vir”. Não sei por que complicar. É muito mais simples dizer: eu IREI e eu VIREI.




4a) COMEÇEI ou COMECEI?


Leitora apaixonada pela Língua Portuguesa demonstra toda a sua indignação por causa de um começei (com cedilha) que ela encontrou num texto jornalístico.


Concordo inteiramente com a nossa leitora: é um absurdo! Na lingual portugesa, não existe palavra alguma em que o “ç” apareça antes das vogais “i” e “e”. A função da cedilha é manter o som da letra “c” diante das vogais “a”, “o” e “u”: COMEÇAR, AÇAÍ, PALHAÇO, ALMOÇO, IGUAÇU, AÇÚCAR…


Observe algumas curiosidades:


ALCANÇAR, mas o ALCANCE, que nós ALCANCEMOS…


ESBOÇAR, ESBOÇO, mas que você ESBOCE…


COMEÇAR, COMEÇO, mas que eu COMECE, eu COMECEI…



5a) ESQUECER ou ESQUECER-SE?


As duas formas são corretas. Devemos ter cuidado com a regência:


Quem ESQUECE esquece “alguma coisa”, mas quem SE ESQUECE se esquece “DE alguma coisa”. ESQUECER é transitivo direto; ESQUECER-SE é transitivo indireto.


Nós temos, portanto, duas opções:


“Eu esqueci a caneta” ou


“Eu me esqueci da caneta”.


Observe outro exemplo:


“Não esqueçam que a festa será no próximo dia 25″ ou


“Não se esqueçam de que a festa será no próximo dia 25″.




6a) AVISOU QUE ou AVISOU DE QUE?


A frase que gerou a dúvida é: “O professor avisou aos alunos de que já era tarde”.


O verbo AVISAR é transitivo direto e indireto. Há duas opções:


1a) AVISAR alguma coisa a alguém:


“O professor avisou AOS alunos QUE já era tarde.” Ou


2a) AVISAR alguém DE alguma coisa:


“O professor avisou OS alunos DE QUE já era tarde.”


O problema da frase é que havia dois objetos indiretos: “O professor avisou AOS alunos (=objeto indireto) DE QUE já era tarde (=outro objeto indireto). Ou você tira a preposição “a”: “…avisou OS alunos (=objeto direto) DE QUE já era tarde (=objeto indireto)”; ou você tira a preposição “de”: “…avisou AOS alunos (=objeto indireto) QUE já era tarde (=objeto direto)”.

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