terça-feira, 18 de outubro de 2011

Entrevista sobre Grafite nas Escolas, na íntegra

http://www.vithais.com.br/
Entrevista sobre Grafite nas Escolas, na íntegra:


Segue a entrevista sobre Grafite nas Escolas, que concedi ao Jornal Mais Educação, de Ribeirão Pires, para a repórter Vanessa de Oliveira, destacando o valor e a importância da arte na educação. 


1- Em seu artigo “Grafite, uma arte em sala de aula”, o senhor questiona: “Por que não utilizar essa arte como mote para o trabalho em sala de aula?” De que forma o grafite poderia ser trabalhado no ambiente escolar?


JL - As escolas muitas vezes tem paredes ociosas, que acabam sendo até mesmo pichadas, tanto na parte interna quanto externa. Criar um projeto de grafite na escola significaria dar a estas paredes e muros um significado, um sentido. Tranformando-os em telas, em vertentes para a explosão da criatividade dos alunos, seria possível fazer com que ganhassem formas, cores, luzes e sombras e pudessem dar vazão aos sentimentos, a compreensão de mundo, a leitura de seu próprio universo pelos alunos. Claro que não poderia ser uma ação desprovida de um projeto, no qual fossem explicados o sentido da arte, no caso do grafite, sua história, suas possibilidades, os materiais a serem usados (o que são, como devem ser manuseados) e antecipando-se a produção nestes muros e paredes com as obras sendo inicialmente compostas em papel ou outros materiais.


2- O que o senhor diz para quem pensa que o grafite poderia se restringir na educação ao estudo da arte?


JL - É muito mais que o estudo da arte. É claro que como arte ganha maior repercussão e força, dentro desta disciplina, mas compreende também parte de disciplinas tão aparentemente díspares como história, sociologia, filosofia e geografia, ou então, ainda, como elemento de comunicação, que une as formas, cores, sombras e luzes as letras, a poesia, aos contos, a música. Na realidade o projeto poderia ser composto pela união de esforços de diferentes professores com o intuito de trabalhar, por exemplo, temas como ética, meio-ambiente (o que colocaria na frente de ação também os professores de ciências e biologia), globalização, trabalho, respeito, cidadania, eleições...


3- No artigo, o senhor também coloca a seguinte questão: “Como utilizar o Grafite em outras disciplinas, como no estudo da matemática, geografia ou idiomas?”. De que maneira isso pode ser feito?


JL - Como mencionei, o ideal é que se criem projetos nos quais se integrem as diferentes disciplinas a produção artística em grafite. Estudos de matemática, por exemplo, referenciando o consumismo, pautado em estatísticas, relacionando a ciências e a destruição do meio-ambiente, examinando espaços geográficos, podem desencadear produções em grandes murais, dentro e fora da escola, que incentivem o público interno e a comunidade a repensarem seus hábitos de consumo. Associando a teatros, músicas, poesias e produção de vídeos, por exemplo, criando uma grande ação cultural dentro da escola, a repercussão pode ser muito positiva!


4- Quais os ganhos que essa ação traria à alunos e professores?


JL - Primeiramente creio que a compreensão dos muros e paredes como espaços de manifestação, através dos quais os alunos poderiam ser ouvidos, já constitui um ganho considerável para a escola. A superação do preconceito que existe em relação ao grafite é igualmente outro ganho de grande monta. Reunir matérias diferentes para a composição do projeto seria um terceiro presente associado a esta ação. Poderíamos pensar em outras vantagens e listá-las, como os processos de trabalho para que o grafite aconteça de forma planejada e o exame da obra de grafiteiros que estão ganhando repercussão internacional. Há, portanto, vários ganhos como se pode ver.


5- O senhor acha que inserindo a questão do grafite no universo escolar, seria um incentivo para diminuir o número de futuros pichadores? Por quê?


JL - Creio que sim. Estaríamos difundindo a ideia do grafite como uma forma de expressão artística que precisa ser valorizada e que pode significar uma forma de comunicação com o mundo que é legal, tanto no aspecto jurídico, desde que respeitadas condições pré-estabelecidas, como realizar o grafite com autorização dos donos dos espaços modificados, quanto em tudo o que a arte por si só representa, elemento de manifestação, de expressão, de fala com o mundo!


6- E para os pais de alunos que podem pensar da seguinte maneira: “Jamais vou querer ver o meu filho sujando a mão aprendendo a pintar muro. Não o coloco na escola para aprender coisa errada. Se alguma professora quiser ensinar grafite, vou procurar no mesmo dia outro lugar para ele estudar”. O que o senhor diz para quem tem um pensamento como esse?


JL - O mundo mudou. A escola está entendendo está mudança e incorporando ao seu cotidiano elementos que antes eram considerados como relacionados a marginalidade. A expressão livre das ideias, com responsabilidade, é um caminho sem volta e, neste sentido, o grafite ganha vulto não apenas na educação, mas nas artes como um todo, em escala mundial. É um avanço que não podemos deixar de considerar, um grande ganho.



Nenhum comentário:

Postar um comentário