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‘Jogos usam técnicas poderosas para ajudar na concentração’:
SÃO PAULO - O professor de Tecnologias de Aprendizagem das escolas de Educação e de Informação da Universidade de Michigan, Barry Fishman, afirma que os games fazem os alunos ficarem mais engajados e ajudam a desenvolver a habilidade de solucionar problemas de forma criativa.
O GLOBO: Os games podem melhorar o processo de aprendizagem? Como?
BARRY FISHMAN: Os jogos podem ser eficazes em apoiar a aprendizagem porque um game bem feito usa técnicas motivacionais poderosas para fazer com que os estudantes se concentrem no assunto em questão. Em compensação, um game feito de maneira pobre pode ser ruim para a aprendizagem, porque pode reforçar ideias erradas ou entreter estudantes sem fazer com que eles tenham foco nos aspectos mais importantes do que se quer ensinar.
Os estudantes de fato aprendem mais quando usam games na sala de aula, ou a aula apenas fica mais divertida?
FISHMAN: Não gosto de usar a palavra “diversão” quando falo de games e educação. Prefiro usar “engajamento”. Os alunos aprendem mais com os bons games porque eles ficam profundamente engajados com a atividade de aprendizagem, e isso é necessário; é o primeiro passo no processo de ensino. Às vezes, chegar a um empenho profundo requer um grande esforço, é quase uma luta, e nós não descreveríamos a luta como divertida, assim como correr uma maratona ou escalar uma montanha. Mas nós podemos descrever essas atividades como profundamente satisfatórias e engajantes.
O que é melhor: usar games educacionais ou comerciais?
FISHMAN: Não há melhor nesse caso, depende dos objetivos que tentamos alcançar. Há excelentes games em várias áreas. Um dos meus favoritos, “The Lure of the Labyrinth”, trabalha a matemática. Nele, os alunos têm que resolver uma série de desafios de lógica e enigmas relacionados a tópicos de matemática, como o cálculo de proporções, por exemplo.
Alunos que usaram games para aprender na escola têm resultados melhores que aqueles que não usaram?
FISHMAN: Ainda não há bons estudos e pesquisas que façam essa comparação. Por outro lado, existem múltiplas maneiras de aprender um assunto, e, de maneira geral, se os alunos ficam mais motivados, eles vão efetivamente aprender mais.
Os games poderiam tornar os estudantes mais inteligentes, no fim das contas?
FISHMAN: Qualquer atividade permanente em que alguém se concentre em tarefas desafiadoras pode aumentar a sua inteligência. Os jogos podem fazer isso, pois ajudam a desenvolver habilidades para a solução de problemas de forma criativa, além de estimularem a coordenação e a disposição para correr riscos.
O senhor acha que os professores, em todo o mundo, deveriam recorrer mais aos videogames para ajudar no processo educativo?
FISHMAN: Meu interesse não é especificamente no uso de games nas salas de aula. É em tentar entender o que faz os games funcionarem como ambientes poderosos para motivação e engajamento, e como criar alguns desses elementos nas escolas de maneira mais geral. O que precisamos fazer é tornar a escola mais motivadora. Vamos ajudar a melhorar os resultados educacionais se encontrarmos maneiras de reengajar os estudantes. Se os games ajudam nesse processo, então eu digo: “Ótimo!”
Nos Estados Unidos, o uso de games no processo educacional já se tornou uma prática comum?
FISHMAN: Eu não diria que eles são comuns nas salas de aula, mas certamente está aumentando o interesse em usá-los como parte do aprendizado.
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