terça-feira, 26 de outubro de 2010

Adolescente: nem criança, nem adulto

Quando os filhos crescem, uma das principais dificuldades dos pais, além de conversar, é conseguir levá-los ao médico. Os adolescentes nunca acham que estão doentes e, normalmente, ficam tímidos para tratar de assuntos relacionados ao próprio corpo.

O problema é que para esta turma se um pediatra é "coisa de criança", a simples menção de fazer uma consulta com um urologista – no caso dos meninos – ou um ginecologista – caso das meninas – pode se transformar num grande transtorno doméstico. É aí que entra em cena o hebiatra.

O hebiatra é um dos profissionais da área médica que pode ajudar a diminuir a ansiedade dos jovens e esclarecer algumas das muitas dúvidas que surgem nesta fase da vida - que vai dos 10 aos 18 anos. O médico é um pediatra com formação específica para lidar com adolescentes.

A especialidade, apesar de não ser muito conhecida, existe há pelo menos 40 anos, e o nome hebiatria é uma referência à Hebe, deusa da juventude na mitologia grega. A Associação Médica Brasileira reconheceu a especialidade em 1998, mas são poucos os cursos de medicina que oferecem essa formação, explica Nilson Becker, pediatra com formação em hebiatria, que atende cerca de 150 consultas por mês, destas 20% são de adolescentes.

O crescimento da especialidade tem ocorrido devagar, as pessoas ainda não têm conhecimento da existência de um profissional que atenda especialmente esta faixa etária, mas assim que "os adolescentes começarem a perceber o hebiatra como um médico diferente, que entende suas dúvidas e problemas, a procura deve aumentar substancialmente", prevê Becker.

Adolescência, época de muitas mudanças

AdolescênciaDo ponto de vista biológico, não há outra época marcada por tantas mudanças físicas, psíquicas e emocionais, além de hormônios em profusão para possibilitar o amadurecimento sexual.

Segundo o médico, as mudanças físicas começam na puberdade, antes ainda de caracterizar a adolescência, que é marcada pelas modificações psicológicas e comportamentais. "No início da puberdade, seria interessante fazer uma consulta ao hebiatra, pois este está preparado para orientar e tranqüilizar os jovens", sugere o especialista.

TIMIDEZ - Becker afirma que não se deve fazer generalizações quanto ao comportamento dos adolescentes, como a de que são todos tímidos. "Alguns são extrovertidos, outros são tímidos. Não existe um padrão de comportamento", afirma, mas admite que é preciso ter um bom preparo e jogo de cintura para lidar com pessoas nesta faixa de idade. O profissional deve ter habilidades especiais para conquistar a confiança do jovem e tranqüilizar os pais.

Principais problemas abordados nas consultas

Segundo Becker, os problemas ambulatoriais mais abordados nas consultas com os adolescentes são ligados ao crescimento. Os meninos se preocupam com seu desenvolvimento físico e dos órgãos genitais. As meninas procuram o médico por atraso da menstruação e preocupação com o crescimento dos seios e de pêlos, ou com a falta deles.

O Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), grupo formado por hebiatras e outros especialistas, desenvolveu uma pesquisa que apontou os principais problemas abordados pelos jovens durante as consultas. O resultado foi mensurado separadamente para meninos e meninas.

As principais queixas dos meninos se referem à baixa estatura, desenvolvimento físico dos músculos e aumento das mamas, doenças associadas ao pênis e também procuram ajuda para aconselhamento na prática de esportes. As meninas já se preocupam mais com o peso e procuram os especialistas em caso de obesidade e transtornos alimentares, além de queixas que envolvem a menstruação, corrimentos e infecções vaginais.

No atendimento aos adolescentes, questões ligadas às doenças sexualmente transmissíveis (DST) sempre são abordadas como forma de prevenção. Atualmente, existem 27 doenças que podem ser transmitidas pelo contato sexual, e no Brasil, são cerca de dois milhões de pessoas contaminadas com algum tipo delas.

Como é a consulta?

Os especialistas alertam para a necessidade de realização de alguns exames de rotina, e aconselham pelo menos uma consulta no início da puberdade, que deve ser repetida a cada seis meses. Depois desse contato inicial, é recomendada pelo menos uma visita anual ao especialista.

O atendimento é feito junto com os pais ou responsáveis e depois o adolescente fica sozinho com o médico. Esses momentos servem para o jovem ficar à vontade em expor outros problemas e dúvidas que o afligem, e não querem compartilhar com a família. O médico fala com os pais sobre a conduta a seguir e, se o jovem permitir, o médico pode contar o que foi conversado em particular, sempre respeitando sua privacidade.

A adolescência traz dificuldades em tantas áreas que somente o olhar atento de um especialista a todo esse universo pode ajudar a prevenir muitos problemas de saúde e diminuir a ansiedade dos jovens. O período é difícil e necessário ao pleno desenvolvimento do adulto que virá. O aprendizado e o apoio psicológico é que trarão segurança para os jovens em suas próprias decisões na vida.

O médico, nas consultas, deve observar e analisar vários quesitos que influenciam na saúde e na qualidade de vida do adolescente, como seus hábitos alimentares, comportamentais e sexuais, além do relacionamento com a escola e com a família. Por essa razão, alguns especialistas defendem o atendimento do adolescente pelo hebiatra com o apoio de outros profissionais como nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras e professores de Educação Física.

FONTE: PEDIATRIA BRASIL

Um comentário:

  1. Olá! Aceite este selo e junte-se à minha campanha de combate à violência infantil! Abração, Marcelo. http://www.pediatriabrasil.com.br/2010/10/ajude-combater-violencia-infantil.html

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