A mochila do professor: "
Nossa coluna de hoje na CBN falou de formação de professores. O tema é espinhoso por si só, e na semana passada tornou-se motivo de alto estresse para a equipe da Fundação Lemann.
De 13 a 18 de fevereiro, participamos do iSTEP (STEP – Stanford Teacher Education Program), um workshop de uma semana para conhecermos o Programa de Formação de Professores da Universidade Stanford. Nos 5 dias de intensas atividades acadêmicas, cognitivas e práticas pudemos sentir na pele o que é participar de um dos melhores programas de formação docente do mundo. As outras delegações eram de Hong Kong, Coreia e Austrália, ou seja, ninguém que, como nós, fosse aspirante no setor.
O que aprendemos lá? Resumindo: que existe um abismo monumental entre o que as nações desenvolvidas oferecem a seus professores para que eles possam enfrentar os desafios de juntar excelência e equidade na sala de aula e o que nós oferecemos por aqui.
De que consiste este abismo? Na verdade, são várias grandes lacunas, que, juntas, formam um grande fosso social, cognitivo e de conteúdo.
Em primeiro lugar, grandes diferenças nos princípios morais das sociedades que têm conseguido dar grandes saltos na educação de seu povo. Além de, nos corações e mentes de quem decide e de quem recebe os serviços de educação, ser óbvio que a educação deve ser equitativa (garantir oportunidades iguais de aprendizado para todos), há também a clareza de que ela deve ser de alto padrão acadêmico.
Como consequência disso, as normas legais da profissão docente são exigentes e rígidas, o que garante a coerção legal para o cumprimento das expectativas da população e dos padrões institucionais em relação aos serviços de educação que recebem ou oferecem.
E assim, as práticas profissionais têm alto padrão de expectativas, tanto para professores, quanto para alunos. Ao mesmo tempo que isto acarreta em maiores investimentos em salários, recursos de ensino e apoio aos alunos, espera-se mais dos professores. Enfim, aquilo que, no dia a dia sabemos que acontece apenas por acaso.
Nossas ideias estão resumidas no quadro abaixo.
Então, por que nós ficamos estressados? Porque nos demos conta que os determinantes da qualidade da educação de países como Austrália, Coreia e Hong Kong, que vão muito bem no PISA, estão muito longe da nossa realidade, e que enquanto as principais Faculdades de Educação daqueles países, já de excelência, estavam em Stanford para melhorar ainda mais, o Brasil só estava lá por uma iniciativa do terceiro setor/Fundação Lemann.
Passamos uma semana encasquetados com a ideia de trazer pelo menos algumas das lições e aplicações práticas para o contexto brasileiro. Para o bem da nossa saúde mental, baixamos um pouco nossas expectativas operacionais, mas não vamos abandonar nosso sonho. Parte do nosso trabalho daqui para a frente vai ser compartilhar a visão da excelência equitativa que a educação deve ter. Preparem-se….
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