Por que temos que ler os relatórios do PISA (ou a nossa estreia na CBN): "
No dia 7 de fevereiro, estreamos uma coluna na Rádio CBN com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg. O programa, de aproximadamente 15 minutos, vai ao ar às 13:20 todas as segundas-feiras e se chama “Missão Aluno”.
No primeiro programa procuramos mostrar alguns números importantes que saíram da mais recente edição do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), cujas provas foram realizadas em 2009 e os resultados publicados em dezembro de 2010.
É muito importante que todas as pessoas envolvidas com educação no Brasil conheçam estes relatórios que estão em inglês, cujos arquivos eletrônicos estão disponíveis para baixar no site do PISA.
Mas resolvemos facilitar e mostrar os números que apresentamos no programa da CBN, para que este processo de compreensão da Copa do Mundo da educação fique mais fácil para quem está começando. Como se fossem as tabelas com as chaves e as pontuações de campeonato de futebol, ok?
Vamos às primeiras 3, nas quais nos baseamos a conversa do primeiro programa do “Missão Aluno”, nome da coluna de educação sob o comando do jornalista Carlos Alberto Sardenberg:
Tabela1 – Ranking dos países participantes na edição de 2009 nas 3 áreas de conhecimento: linguagem, matemática e ciências.
Tabela 2 – composição da amostra do PISA 2009.
Tabela 3 – Distribuição dos alunos nos níveis de desempenho em linguagem no PISA 2009.
Com estas tabelas, fizemos a seguinte análise: o Brasil está em uma situação bastante complicada frente aos países mais desenvolvidos, não só porque tem pouquíssimos alunos nos níveis mais complexos de proficiência (1,3%), mas também porque tem uma massa enorme de alunos nos níveis mais baixos (49,6%), ou que simplesmente não fizeram a prova (19,4%) por estarem ou fora da escola, ou com muito atraso escolar. Isso significa praticamente 70% da população de 15 anos, que vai começar a entrar no mercado de trabalho em poucos anos e nele permanecer por muitos anos, não vai mais conseguir evoluir muito em sua vida intelectual e acadêmica, por não serem capazes de compreender textos relativamente simples.
Tradução nossa da descrição do nível 2 de leitura do PISA:
“Algumas das tarefas neste nível solicitam que o leitor localize no texto uma ou mais informações, que podem ser inferidas ou que tenham que atender diversas condições. Outras tarefas podem requerer que o leitor reconheça a ideia central de um texto, compreenda relações ou construa o significado a partir de um recorte do texto onde a informação não está em destaque, o que requer inferências. Outras ainda podem envolver comparações ou contrastes baseados em um recurso simples do texto. As tarefas de reflexão típicas neste nível solicitam ao leitor que façam comparações ou conexões várias entre o texto e conhecimentos externos, a partir de suas experiências e atitudes pessoais.”
Vejam nos gráficos abaixo:
Como o Brasil, nas 3 edições do PISA (2000, 2006 e 2009) não deu claros sinais de melhora e o pequeno incremento que apresentou na edição de 2009 se deu para os alunos de melhor desempenho, não podemos dizer que este cenário deve mudar muito nos próximos anos. Assim, vamos ter durante muitos anos ainda, coortes (grupos de alunos na mesma idade) recorrentemente com estas características: muito pouca gente com competência para gerir o país, assumir carreiras em áreas de alta tecnologia, para inovar, para dar soluções a problemas complexos; e um contingente enorme de gente mais vulnerável, com dificuldades para compreender o mundo, para cuidar da sua vida, para resolver conflitos sem o uso da violência etc. e tal. Qual o balanço desta combinação? O mesmo que temos tido até aqui – uma brutal desigualdade social e uma enorme dificuldade para viramos um país rico.
Tabela 1 – ranking dos países participantes na edição de 2009 nas 3 áreas de conhecimento: linguagem (página 56 do volume I), matemática (página 135 do volume I) e ciências (´página 152 do volume I).
Tabela 2 – composição da amostra do PISA 2009. Para qualquer análise séria de desempenho de educação temos que entender a composição da amostra. Aqui no Brasil, por exemplo, a prova nacional, a Prova Brasil, apesar de censitária (todo mundo faz), não atinge todos os alunos porque muitos faltam por razões várias. Saber exatamente quantos alunos e o perfil dos fizeram a prova é SEMPRE fundamental. A tabela com a amostra do PISA pode ser achada na página 173 do volume I do relatório.
Tabela 3 – Distribuição dos alunos nos níveis de desempenho do PISA 2009. A verdadeira análise de desempenho de uma classe, escola, rede de ensino ou país é a distribuição dos alunos pelos níveis pré determinados de performance. Média é uma medida frágil pois não revela os pontos extremos, onde se deve manter grande atenção, especialmente no caso de um serviço personalizado como o da educação. A tabela com a distribuição dos participantes no PISA em linguagem pode ser achada na página 194 do volume I.
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