sábado, 5 de março de 2011

As dez dúvidas que surgem com freqüencia sobre sequencia de histórias

As dez dúvidas que surgem com freqüencia sobre sequencia de histórias: "
Bete Godoy

Partilho alguns apontamentos em forma de perguntas com o objetivo de esclarecer possíveis dúvidas. Perguntas que estavam implicítas nas falas ou nos planos elaborados pelos professores no trabalho com sequencias de histórias/leituras.

1-Qual a importância dos clássicos no trabalho com seqüência de histórias?
Dependendo do que o professor quer ensinar para as crianças decide qual seqüência irá realizar. Se ele quer que as crianças conheçam os clássicos por serem da escrita universal, com estilo lingüístico próprio e uma fonte eterna de imaginação escolhe os clássicos, se ele quer que as crianças conheçam as versões a partir de uma história original planejará leituras de diferentes versões, se quer que eles conheçam histórias de um determinado autor e assim por diante.
Na educação infantil o nosso maior objetivo é que as crianças gostem de participar da leitura de histórias e se interessem por elas, se aproximem da língua escrita e desenvolvam comportamentos leitores. Realizamos seqüências de histórias, por que é uma forma de envolver as crianças em várias aprendizagens e vivências de maneira mais significativas.

Nota: Ler os clássicos é importante, pois aproxima as crianças de legado cultural da humanidade, dá a oportunidade a elas de conhecer e participar da cultura da qual fazem partem. Isso não quer dizer que os contos modernos não sejam interessantes.

2-Posso realizar uma seqüência de leitura e a partir dela realizar atividades?
Sim. Porém, não demos nos esquecer que a leitura por si só, é um Fim, mas também poder ser um meio provocativo para diversas vivências e aprendizagens.
Devemos tomar o cuidado em atrelar a leitura sempre a uma atividade ainda mais se ela for apenas um mero passatempo, com poucos desafios e aprendizagens as crianças, isso acaba gerando um comportamento de repulsa e não de prazer e curiosidade.
Podemos planejar uma seqüência só de leitura de histórias e não realizar atividades, isso vai depender do objetivo do professor ao propor esse trabalho.

Nota: Atenção especial as atividades em que atribuímos como sendo voltadas as experiências artísticas que na sua maioria são apenas reproduções ou com finalidade decorativa ou para exposição.

A leitura pode ser um dos caminhos para aprendizagens interessantes que por meio de aproximações sucessivas de contextos bem planejados as crianças vão se apropriando de novos conhecimentos e ampliando seus saberes.
Um plano bem elaborado e o professor mediando às realizações infantis com desafios possíveis e estimuladores contribuirão para várias aprendizagens.

3-Quais os cuidados para a realização de um trabalho com seqüência?
• Saber selecionar bons textos.
• Fazer a leitura antecipada das histórias (e ler com fluência para as crianças).
• Garantir os 4 eixos da educação infantil: interações (criança x criança; criança x adulto e criança x objeto), materiais, tempo e espaço.
• Decidir qual será a modalidade organizativa: sequência didática ou projeto.
Planejar ( antes do fazer-elaborar o plano):

4-O que deve compor um plano?
Sugestão:
Nome da escola:
Professor responsável:
Faixa etária e estágio:
Será uma Sequência didática ou Projeto? (Decisão do professor)
TÍTULO: (Ex: três porquinhos e suas versões,histórias de bruxa, histórias da Ruth Rocha e etc)
Objetivos:
Etapas: (seqüência de atividades)
• Como espaço, tempo, interações e materiais se apresentam nas atividades planejadas.
Como o momento da leitura está organizado?
Nota: Se for objetivo do professor planejar sequencias de atividades a partir das leituras da histórias então, há de se tomar o cuidado para que seja algo significativo para vivências e aprendizagens das crianças.
O que as crianças podem aprender:
Tempo de realização/duração:
Produto compartilhado com as crianças (se for projeto):
Bibliografia:
• Quais títulos serão utilizados. O critério não é a quantidade, mas a qualidade do texto. Quanto a escolha de outros portadores e gêneros de texto devem seguir o mesmo critério.
Avaliação: ( formas de registro do trabalho) para análise.

5-Qual a importância do registro?
Ele é um instrumento importante para reflexão, avaliação e redimensionamento das ações.
È necessário decidir quais observáveis usaremos: foto, filmagem, gravação ou o registro escrito. O material produzido será de grande contribuição nos momentos de formação ( coordenador pedagógico e professores) para partilhar saberes, refletir sobre a prática avançando os conhecimentos teóricos e metodológicos ( Ação x Reflexão e Ação).
As atividades/as produções infantis também são importantes como instrumento de avaliação. Principalmente se no plano foi pontuado o que as crianças poderão aprender com tais atividades planejadas.

6-Devemos utilizar histórias com o pretexto de trabalhar conteúdos?
Quando planejamos uma seqüência mesmo que seja ela só de leitura sem atividades, vários conteúdos estão implícítos. Sejam eles, atitudinais (no desenvolvimento do comportamento de leitor), conceituais ( uma idéia pode ser registrada através da escrita e depois lida, compreensão de outros conceitos qaundo amplia o vocabulário e etc) ou procedimentais (como ler, como contar, manusear um livro, um jornal e nas atividades realizadas muitas habilidades são desenvolvidas). Na verdade estes conteúdos são interligados e acontecem simultaneamente.
O importante é não reduzirmos nossas escolhas a finalidades que estimulem apenas o desenvolvimento de uma única linguagem ou tentar ampliar se perdendo do foco. Por isso, sempre retomo a mesma questão: onde queremos chegar? Qual é o objetivo?
Outro cuidado é o de usar a leitura com a finalidade de catequizar ou doutrinar as crianças com valores morais que julgamos corretos. Os livros das fábulas são os mais utilizados para este fim. A moral da história está bem definida neste texto e se resolvermos fazer uma roda de conversa é preciso saber como lidar com estas questões morais para não impormos e nem bagunçar a cabeça das crianças já que estão na “fase da heteronomia” e um dos objetivos da educação é constituição do sujeito autônomo.
Se o professor souber mediar estas questões numa roda de conversa aí sim, pode ser um bom momento para as crianças tentarem conversar sobre as questões morais, os valores que estão presentes na sociedade e começarem a aprender a fazer sua escolha moral.

7- Sempre que leio devo realizar roda de conversa?
O professor decide em que momento da etapa deste trabalho fará leitura e roda de conversa. Posso ler e decidir não fazer roda de conversa.
As rodas: leitura e manuseio (lingg. escrita) e contação e conversa ( lingg. oral ) presentes na Linguagem Verbal podem aparecer neste trabalho dependendo do objetivo do professor, porém o trabalho deve priorizar a leitura.
Exemplos interessantes:
•Organizar cantos só com os títulos que estamos lendo.
• Propor a contação da história ( pelo professor e pela criança) assim por diante.

8-Quem decide a seqüência de leitura a ser realizada?
È importante conhecermos as preferências, as necessidades e os saberes das crianças, mas, é o professor quem decide quais leituras e a modalidade organizativa. È verdade que no projeto a participação das crianças é muito maior já que pela sua duração e dinâmica enriquecem o desenvolvimento das ações no seu desenrolar.

9- Quais são as seqüências de leituras que podemos realizar?
Seguem algumas sugestões que devem ser levadas em consideração a partir das crianças e do objetivo do professor. Seqüências:

• De diferentes versões ( a partir do original apresentar outras versões)
• Por autor
• Por temas (bichos, lobos, príncipes, bruxas, deserto, amizade, família, saudade e etc)
• Por coleções (ex: quem tem medo..., bruxa Onilda..., menino maluquinho e etc)
• De lugares: regiões, países, tempos...
• Contos, lendas, clássicos...
• Gênero: poesia, cordel, música...

È necessário que o professor conheça o material e selecione bons textos, com boas ilustrações (caso o texto ofereça).
Numa seqüência de leitura de histórias em especial em um projeto existe a possibilidade maior do professor oferecer outros portadores de texto durante as seqüências de atividades como: informações da internet, jornal, livro científico, revistas, catálogos e etc.

A utilização de filmes neste trabalho deve seguir os mesmo cuidados da seleção dos textos: bons filmes. Pode-se fazer a escolha de um trecho do filme caso seja longo, tomando o cuidado de contextualizar para as crianças e depois estabelecer relação com as leituras realizadas. Os filmes infantis são os mais comuns, porém outros gêneros ( informativo) podem compor o trabalho, devendo considerar a faixa etária sem menosprezar a capacidade de aprender das crianças.

10- Lembretes diversos:

• Escolha o melhor momento da rotina para leitura.
• Valorize os espaços da unidade educacional para que a leitura aconteça. O parque e o pátiosão locais interessante, mas tomem o cuidado que esteja organizado para que seja convidativo para o propósito: a leitura.
• Para as crianças pequenas é interessante e importante ler mais que uma vez o mesmo título.
• Histórias mais longas podem ser lidas por capítulos. O professor também pode começar pelos textos mais curtos e depois propor o mais longo. Cada turma tem a sua característica, então, isso deve ser considerado.
• As brincadeiras são bem- vindas numa seqüência de atividades.
• Não é necessária a troca de palavras do texto com o objetivo de facilitar a compreensão da criança. Um dos “objetivos” inerentes a leitura como atividade permanente na educação é que as crianças ampliem seu vocabulário.
• No trabalho com versões escolha textos com fluência e bem escrito. Há adaptações que parecem resumo de novela. Como são muito fragmentadas, acabam não envolvendo o leitor.
• O professor deve demonstrar paixão pela leitura.

Boas leituras!
Boas Práticas!
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