sexta-feira, 18 de março de 2011

O Professor Tutor

O Professor Tutor: "
  • 'O professor tutor é responsável por acompanhar de forma mais próxima um grupo de alunos (entre 8 e 11). Este professor realiza, prioritariamente, os contactos com os encarregados de educação e monitoriza de forma mais próxima o trabalho de cada um dos seus tutorados. Cada tutor reúne com os seus tutorados uma vez por semana, à quarta-feira de manhã. Os alunos e os encarregados de educação possuem um papel fundamental na 'escolha' do professor tutor. Tendo em conta que o professor tutor terá um contacto muito próximo com os dois é necessário que exista uma certa empatia entre todos.' (Fonte: Site da Escola da Ponte, disponível no link www.escoladaponte.com.pt/html2/portug/projecto/instrume/proftuto.htm)
A tutoria em educação, a partir das ações pedagógicas desenvolvidas pela Escola da Ponte, importante referência em educação para escolas sócio-construtivistas e interacionistas, como descrito acima, prevê e preconiza que a este profissional cabe um acompanhamento muito próximo dos trabalhos escolares e processo de ensino-aprendizagem dos alunos por ele monitorados.

Nos diz mais ainda tal definição ao estipular a necessidade de proximidade deste professor tutor não apenas com os estudantes por ele assessorados, mas também em relação aos encarregados da educação na escola (leia-se direção, coordenação e orientação pedagógica, com maior ênfase para o segundo quanto ao acompanhamento dos conteúdos e procedimentos pedagógicos utilizados na escola e pelo terceiro em relação as questões disciplinares, de relacionamento e pessoais dos estudantes).

Nas escolas brasileiras não é comum a adoção de tal prática. Ao se buscar referências sobre tal profissional na web, por exemplo, o que temos é a associação direta entre os termos professor tutor e o EAD, ou seja, o Ensino a Distância provido por universidades com apoio das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação).

Não se especifica esta função ou trabalho de acompanhamento próximo dos estudantes por um profissional da educação como parte do cotidiano escolar brasileiro por termos uma escola que é muito mais voltada para a questão do trabalho curricular e aos conteúdos especificos do que propriamente cuidadosa quanto ao desenvolvimento geral do estudante, seja quanto aos saberes trabalhados, seja quanto as questões relativas a ética, cidadania, inserção social...

O trabalho de sala de aula, sem o professor tutor, torna este acompanhamento parte das funções gerais dos professores e da atuação específica da Orientação Educacional compartilhada com a Coordenação Pedagógica e a Direção da Escola. Espera-se que o professor, em particular, atente para estas necessidades específicas e gerais de seus alunos em sala de aula.

Não se leva em conta que, em muitos casos, os profissionais da educação atuam em várias frentes ao mesmo tempo (mais de uma escola, por exemplo; várias salas de aula por dia) e que têm sob sua tutela, enquanto em aula, grupos de 30, 40 ou até 50 alunos.

O professor tutor, conforme a experiência da Escola da Ponte, teria real disponibilidade e possibilidade de ser efetivo caso trabalhasse em apenas uma instituição de ensino e tivesse este olhar cuidadoso para apenas um grupo reduzido de alunos. Levando-se em conta as diferenças e particularidades da experiência desenvolvida pela Ponte em Portugal, e verficando-se que as salas de aula brasileiras raramente contam com menos de 20 alunos, no caso de nosso país talvez este olhar cuidadoso por parte deste profissional pudesse acontecer para turmas de no máximo 25 alunos e uma ou no máximo duas turmas por professor tutor.

Ainda assim as dificuldades inerentes a esta ação, comparativamente com a Escola da Ponte, seriam evidentes. Tal profissional, tendo que ter este trabalho em desenvolvimento, ainda que com menor quantidade de atendimentos por mês (1 vez por quinzena, ou 1 vez a cada 10 dias, por exemplo) teria dificuldades de trabalhar em outras escolas ou ainda ficaria assoberbado quanto aos demais momentos e ações relativas a sua prática pedagógica.

Uma alternativa interessante seria ter toda uma equipe desenvolvendo este trabalho ao mesmo tempo, sem foco específico, demonstrando serem cuidadosos e atentos para as questões curriculares e de conteúdo ao mesmo tempo em que atentam para a formação geral destes estudantes. Este trabalho de tutoria partilhado não iria sobrecarregar um único profissional e permitiria ainda um intercâmbio maior de informações em relação ao grupo e a cada aluno, com diferentes sugestões e ideias para melhorar o desempenho surgindo a partir destas diferentes fontes.

Seria, entretanto, fundamental que estes profissionais atuassem de forma concatenada, unidos e, ao mesmo tempo, capacitados e orientados para esta prática de tutoria, indo além do olhar compartimentado de nossa educação e de sua orientação conteudista. Estes profissionais teriam, ainda todo o apoio e teriam que estar em sintonia com a Orientação Educacional e a Coordenação Pedagógica da escola e teriam que regularmente documentar suas ações para caracterizar o acompanhamento próximo destes estudantes.

Ainda assim persistem dúvidas se isso poderia ser considerado tutoria ou se seria apenas uma ampliação do raio de ação dos educadores. O importante neste momento é colocar a temática em discussão e verificar como seria mais adequado, se interessante para uma instituição educacional, ter em andamento o trabalho de professores tutores.

Por João Luís de Almeida Machado
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