domingo, 10 de abril de 2011

Manoel de Barros > Poemas Rupestres

Manoel de Barros > Poemas Rupestres: "

Grace O' Connor, One note, oil/linen, 22'' x 24''.


Grace O' Connor, Yellow ribbon, oil/linen, 22'' x 24''.


Desde sempre parece que ele fora proposto a pássaro.
Mas não tinha preparatórios de uma árvore
Pra merecer no seu corpo ternuras de gorjeios.
Ninguém de nós, na verdade, tinha força de fonte.
Ninguém era início de nada.
A gente pintava nas pedras a voz.
E o que dava santidade às nossas palavras era a canção do ver!
Trabalho nobre aliás mas sem explicação
Tal como costurar sem agulha e sem pano.
Na verdade na verdade
Os passarinhos que botavam primavera nas palavras.



BARROS, Manoel de. Poemas rupestres. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 2007, p.21.




Grace O' Connor, Autumn, oil/linen, 50'' x 50''.




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